Evangelho segundo S. Lucas 14,1.7-11.
Naquele
tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para
tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados
escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando
fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode
acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então,
aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e
ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso,
quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que
te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos
dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será
exaltado».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Diádoco de Foticeia (c. 400-?), bispo
Sobre a perfeição espiritual,
12-15
Dar a Deus o lugar principal
Aquele que a si próprio se preza não pode
amar a Deus; mas aquele que não se preza, devido às riquezas superiores da
caridade divina, esse ama a Deus. É por isso que tal homem nunca procura a
própria glória, mas a de Deus; porque o que a si mesmo se preza procura a glória
própria. Aquele que preza a Deus ama a glória do seu Criador. É, de facto,
próprio das almas profundas e amigas de Deus procurar constantemente a glória de
Deus em todos os mandamentos que cumprem, e ter regozijo na própria humilhação.
Porque a Deus convém a glória em razão da sua grandeza, e ao homem a humilhação;
deste modo se torna o homem próximo de Deus. Se assim agirmos, regozijando-nos
com a glória do Senhor, a exemplo de S. João Batista, diremos continuamente: «É
preciso que ele cresça e que eu diminua» (Jo 3,30).
Conheço uma pessoa
que ama tanto a Deus, ainda que muito se lamente por não O amar como quereria,
que a alma lhe arde ininterruptamente no desejo de em si próprio e nos seus
gestos ver Deus glorificado, e de se ver a si mesmo como não tendo existência
própria. Esse homem não sabe o que é, ainda que seja elogiado com palavras;
porque, no seu grande desejo de humilhação, não pensa na sua própria dignidade.
Executa os serviços divinos como fazem os padres, mas na sua extrema disposição
de amor para com Deus aniquila a recordação da sua própria dignidade no mais
profundo da sua caridade para com Deus, enterrando em pensamentos humildes a
glória que daí tiraria. Assume-se sempre como um mero servo inútil; o seu desejo
de humilhação exclui-o, de certa maneira, da sua própria dignidade. O mesmo
devemos nós fazer, de forma a afastarmo-nos de todas as honras, de toda a
glória, fazendo jus à riqueza transbordante do amor daquele que tanto nos amou.
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