Evangelho segundo S. Lucas 13,10-17.
Naquele
tempo, estava Jesus a ensinar ao sábado numa sinagoga. Apareceu lá uma
mulher com um espírito que a tornava enferma havia dezoito anos; andava curvada
e não podia de modo algum endireitar-se. Ao vê-la, Jesus chamou-a e
disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua enfermidade»; e impôs-lhe as mãos.
Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus. Mas o chefe da
sinagoga, indignado por Jesus ter feito uma cura ao sábado, tomou a palavra e
disse à multidão: «Há seis dias para trabalhar. Portanto, vinde curar-vos nesses
dias e não no dia de sábado». O Senhor respondeu: «Hipócritas! Não solta
cada um de vós do estábulo o seu boi ou o seu jumento ao sábado, para o levar a
beber? E esta mulher, filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos,
não devia libertar-se desse jugo no dia de sábado?». Enquanto Jesus assim
falava, todos os seus adversários ficaram envergonhados e a multidão alegrava-se
com todas as maravilhas que Ele realizava.
Da Bíblia Sagrada
- Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge, poeta arménio
Livro
de Orações, n.° 18
«Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a
Deus»
Houve um tempo em que eu não estava
presente, e Tu criaste-me.
Eu não tinha orado, e Tu fizeste-me.
Eu não
tinha ainda vindo à luz, e no entanto Tu viste-me.
Eu não tinha aparecido, e
no entanto tiveste piedade de mim.
Eu não Te tinha invocado, e no entanto
tomaste-me ao teu cuidado.
Eu não Te tinha feito qualquer sinal, e no
entanto olhaste para mim.
Eu não Te tinha dirigido qualquer súplica, e no
entanto tiveste misericórdia para comigo.
Eu não tinha articulado o mínimo
som, e no entanto ouviste-me.
Eu não tinha sequer suspirado, e no entanto a
tudo estiveste atento.
Sabedor do que ia acontecer-me neste tempo
presente,
Não me votaste ao desprezo.
Considerando, com teus previdentes
olhos,
Os erros deste pecador que eu sou,
Vieste contudo modelar-me.
Sou agora este ser que Tu criaste,
Que salvaste,
Que foi alvo de
tanta solicitude!
Que a ferida do pecado, suscitada pelo acusador,
Não
me perca para sempre! [...]
Presa, paralisada,
Curvada como a mulher
que sofria,
A minha alma infeliz, impotente, não consegue reerguer-se.
Sob o peso do pecado, fixa-se à terra,
Com as pesadas cadeias de Satã.
[...]
Inclina-Te, ó Misericordioso único, sobre mim,
Esta pobre
árvore que pensa que caiu.
A mim, que estou seco, faz-me reflorir
Em
beleza e esplendor,
Segundo as palavras divinas do santo profeta (Ez
17,22-24). [...]
Tu, Protetor único,
Digna-Te lançar sobre mim um olhar
Vindo da solicitude do teu indizível amor [...],
E do nada criarás em
mim a própria luz (cf Gn 1,3).
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