terça-feira, 25 de outubro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Misericórdia que fortalece fé”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Eterna é a misericórdia do Senhor
Celebramos neste segundo domingo da Páscoa o “Domingo da Misericórdia”. A Misericórdia de Deus tem sua expressão máxima na Ressurreição de Jesus que é vida onde há morte. Essa misericórdia chega a nós através dos sacramentos pascais que celebramos. Pedimos a Deus que aumente os dons da graça para compreendermos as riquezas do “batismo que nos purificou, do Espírito que nos regenerou e do Sangue que nos remiu” (Oração). Assim fortalecidos proclamamos nossa fé no Cristo vivo, como Tomé. O Evangelho de S. João ensina-nos o crescimento no conhecimento de Jesus por uma fé cada vez mais pura. No Evangelho são várias as profissões de fé,  sempre mais puras, como Natanael, Nicodemos, Samaritana, Marta etc.... e Tomé. Na liturgia de hoje ouvimos sua profissão de fé no Cristo Ressuscitado. É  uma caminhada que passa pelas falsas seguranças para chegar à entrega de fé. Quando Jesus aparece pela primeira vez, Tomé não estava com os outros apóstolos. Ao receber a notícia de que estava Jesus vivo, diz: “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser o meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,24-25). Queria segurança humana. Exige a prova pessoal não só o testemunho da comunidade de Jesus. Oito dias depois, Jesus aparece novamente e Tomé estava com eles. Jesus convida-o a fazer o que pedira: por a mão no lugar das chagas para saber que este que está vivo e é o mesmo que estivera morto. Tomé vê a fragilidade de sua fé e diz: “Meu Senhor e meu Deus”. Faz uma declaração de fé, reconhecendo Jesus como Deus. Jesus, referindo-se a nós, que não precisamos tocar para crer, diz: “Por que me viu acreditou. Felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29).
Misericórdia que cura
A Ressurreição de Jesus expressa a Misericórdia de Deus no cuidado com os sofredores. Ao inaugurar sua missão, assumiu sobre si a missão do serviço de libertação de todos sofrimentos para uma vida plena (Lc 4,18-19; Is 61.1-2). Por isso os apóstolos continuam sua missão realizando os milagres que Ele fazia. A misericórdia se faz milagre para que as pessoas vivam. Dar vida é testemunhar que Ele está vivo, como escreve João no Apocalipse: “Estive morto e eis que estou vivo pelos séculos” (Ap 1,18). A fé em Cristo como Deus, como faz Tomé, se fortalece no gesto amoroso de dar vida para que a Ressurreição não seja só um ato de fé em algo espiritual, mas penetre as estruturas do mundo e as conduza à vida. A própria celebração é presença da misericórdia. Em Garça-SP, em uma Eucaristia celebrada para pacientes de hospitais psiquiátricos, uma senhora, ao fazer as preces acrescentou a prece: “a missa é minha ressurreição”. Percebeu a força de Cristo.
Misericórdia como missão
               A Ressurreição é missão. Jesus, naquela primeira noite, diz aos apóstolos: “Recebei o Espírito Santo! A quem perdoardes os pecados, os pecados serão perdoados” (Jo 20,22-23). O perdão dos pecados não é uma acusação em voz baixa. É a missão de reconciliar o mundo. Certo que vai também perdoar os pecados individuais. A missão maior é de implantar a paz e ser paz a todos os homens e à natureza. Essa reconciliação vem do acolhimento da fé, como Tomé acolheu. A celebração da comunidade é um momento de abrir os olhos à fé em sua dimensão de entrega.

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