PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
“O humilde é
elevado”
Quem se humilha
Há pessoas que
pedem uma oração forte para se verem livres de certos males. A oração mais
forte é aquela que chega ao Céu. Essa vem da humildade diante de Deus e dos
outros. Jesus quer mostrar com essa parábola que há dois tipos de oração: a do
humilde que reconhece suas fragilidades e a do orgulhoso que despreza os
outros, achando-se melhor e se esquece de suas fraquezas. Ser fariseu não era
um mal. Paulo era fariseu. Ele mesmo diz: Eu sou fariseu, filho de fariseus (At
23,6).
Mas foi tocado por Jesus e era humilde. O publicano era um judeu que colaborava
com o império romano na cobrança de impostos que era um sofrimento para o povo.
Por isso era odiado. O fariseu reza de pé. Era a posição normal de se rezar. É
fiel e cumpre todos os mandamentos e tradições. Afirma que não é como os outros
homens e acrescenta “nem como esse publicano” (Lc
18,11).
O fariseu elogia a si mesmo dizendo-se melhor que os outros, colocando sua
segurança espiritual na execução da lei de Deus. O que ele faz está certo e até
é muito. Mas o conteúdo de sua oração não é a busca de Deus, mas de si mesmo.
Ao contrário, o publicano, que o fariseu colocou na lista dos pecadores, faz
uma oração diferente pedindo a misericórdia de Deus. Tem somente seu coração
humilhado para apresentar para Deus: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou
pecador”. Ser humil’de é reconhecer a Deus como Senhor. Por isso Jesus afirma:
“Este voltou para casa perdoado. O outro não. Pois quem se eleva será
humilhado, e quem se humilha será elevado” (Lc 18,14). Essa atitude é
comum nas comunidades. Alguns desprezam os outros porque não são iguais a eles.
Não fazem parte de seu movimento, de sua associação e não sabem nada. Só eles
sabem.
Deus escuta o pobre
A quem Deus
escuta? Escuta o humilde, responde Jesus no Evangelho. Jesus é o modelo do
humilde. Veio e nos deu o exemplo da humildade. Não só falou sobre a humildade.
Afirma com sua vida e suas palavras. Por que a insistência sobre a humildade? No
paraíso terrestre quando a cobra, na linguagem simbólica, diz à mulher: “Sereis
iguais a Deus” (Gn 3,5). Ali faltou a humildade. O
orgulho bloqueia o contato com Deus. O Eclesiástico afirma que “Deus não faz
discriminação das pessoas, não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim,
as súplicas dos oprimidos” (Eclo 37.15-16). “A prece do
humilde atravessa as nuvens” (21). Reconhecer a
própria realidade e não se fazer melhor que os outros, saber reconhecer e
tratar com respeito às pessoas, de modo particular os humildes, não se colocar
como o fim de todas as coisas e os donos de todo saber será um remédio para
criar em nós a humildade verdadeira. Não se trata de esconder os dons, mas
usá-los para o bem das pessoas. No salmo rezamos: “O pobre clama a Deus e Ele
escuta. Quem é o pobre de espírito? É aquele que, mesmo tendo bens, vive para
os outros e para Deus.
Combati o bom combate
Paulo, na
Segunda Carta a Timóteo, faz como que um testamento dizendo o que fez e como
está seu coração naquele momento que julga ser o final de sua vida. É humilde
ao dizer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Não se
põe acima dos outros, mas reconhece que o Senhor esteve a seu lado e lhe deu
forças (2Tm 4,7.17). Tem a
humildade de reconhecer o que Deus fez nele para a evangelização dos povos. Ele
foi fiel e é humilde trabalhador do Evangelho, tendo sempre Cristo como sua
vida e sua missão. Paulo dá o testemunho da humildade que salva.
Leituras:Eclesiástico
35,15-17.20-22ª;Salmo 33;2Timóteo 4,6-8.16-18; Lucas 18,9-14
1.
Jesus ensina a humildade com a parábola do
fariseu e do pecador que vão ao templo rezar. Será ouvida a oração que vem da
humildade. O orgulhoso despreza os outros e assim não é ouvido por Deus.
2.
Jesus
é humildade e ensinou a humildade. O orgulho, fruto do pecado, bloqueia o
contato com Deus que é imparcial e ouve a oração do humilde.
3.
Paulo
dá testemunho da humildade ao dizer que fez tudo por Cristo e agora espera a
coroa de tudo que é o seu Reino.
Conversa mole não
convence.
A Palavra de Deus nesse trigésimo
domingo nos apresenta a parábola do fariseu e do cobrador de impostos. O
fariseu não era mau por ser fariseu, pois era um modo de viver a fé. Paulo era
fariseu antes de sua conversão. O que Jesus não engolia era a religião de
fachada. Eles se apresentavam como santos, mas na verdade havia falsidade. O
publicano era uma classe de gente que era reconhecida como pecadora pelos abusos
que faziam na cobrança dos impostos, que era sua profissão.
O
fariseu fazia tudo direitinho na religião, mas faltava o coração. Tinha orgulho
pelo que era e condenava os outros. O pecador publicano tem a humildade de
reconhecer seu pecado e pedir perdão.
Temos
aí um caminho de vida cristã: nada do orgulho de pensar que é melhor que os
outros e não saber ver os próprios pecados.
O
livro do Eclesiástico, para superar essas situações, coloca Deus como modelo.
Age sempre com justiça e escuta as súplicas dos oprimidos. Ensina que “quem
serve a Deus como Ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até às
nuvens” (Eclo 35,20). Confirma: “A prece do humilde atravessa as
nuvens” (Id 21). Essa oração é insistente: não descansa até que
Deus atenda.
O
Salmo é muito claro e confirma as palavras de Jesus sobre a oração do humilde
pecador: “O pobre clama a Deus e ele escuta; O Senhor liberta a vida de seus
servos (Sl 33).
A humildade é o sinal mais claro que estamos em Deus. https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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