domingo, 23 de outubro de 2016

Homilia do 30º Domingo Comum (23.10.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“O humilde é elevado” 
Quem se humilha
            Há pessoas que pedem uma oração forte para se verem livres de certos males. A oração mais forte é aquela que chega ao Céu. Essa vem da humildade diante de Deus e dos outros. Jesus quer mostrar com essa parábola que há dois tipos de oração: a do humilde que reconhece suas fragilidades e a do orgulhoso que despreza os outros, achando-se melhor e se esquece de suas fraquezas. Ser fariseu não era um mal. Paulo era fariseu. Ele mesmo diz: Eu sou fariseu, filho de fariseus (At 23,6). Mas foi tocado por Jesus e era humilde. O publicano era um judeu que colaborava com o império romano na cobrança de impostos que era um sofrimento para o povo. Por isso era odiado. O fariseu reza de pé. Era a posição normal de se rezar. É fiel e cumpre todos os mandamentos e tradições. Afirma que não é como os outros homens e acrescenta “nem como esse publicano” (Lc 18,11). O fariseu elogia a si mesmo dizendo-se melhor que os outros, colocando sua segurança espiritual na execução da lei de Deus. O que ele faz está certo e até é muito. Mas o conteúdo de sua oração não é a busca de Deus, mas de si mesmo. Ao contrário, o publicano, que o fariseu colocou na lista dos pecadores, faz uma oração diferente pedindo a misericórdia de Deus. Tem somente seu coração humilhado para apresentar para Deus: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador”. Ser humil’de é reconhecer a Deus como Senhor. Por isso Jesus afirma: “Este voltou para casa perdoado. O outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado” (Lc 18,14). Essa atitude é comum nas comunidades. Alguns desprezam os outros porque não são iguais a eles. Não fazem parte de seu movimento, de sua associação e não sabem nada. Só eles sabem.
Deus escuta o pobre
              A quem Deus escuta? Escuta o humilde, responde Jesus no Evangelho. Jesus é o modelo do humilde. Veio e nos deu o exemplo da humildade. Não só falou sobre a humildade. Afirma com sua vida e suas palavras. Por que a insistência sobre a humildade? No paraíso terrestre quando a cobra, na linguagem simbólica, diz à mulher: “Sereis iguais a Deus” (Gn 3,5). Ali faltou a humildade. O orgulho bloqueia o contato com Deus. O Eclesiástico afirma que “Deus não faz discriminação das pessoas, não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos” (Eclo 37.15-16). “A prece do humilde atravessa as nuvens” (21). Reconhecer a própria realidade e não se fazer melhor que os outros, saber reconhecer e tratar com respeito às pessoas, de modo particular os humildes, não se colocar como o fim de todas as coisas e os donos de todo saber será um remédio para criar em nós a humildade verdadeira. Não se trata de esconder os dons, mas usá-los para o bem das pessoas. No salmo rezamos: “O pobre clama a Deus e Ele escuta. Quem é o pobre de espírito? É aquele que, mesmo tendo bens, vive para os outros e para Deus.
Combati o bom combate
              Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, faz como que um testamento dizendo o que fez e como está seu coração naquele momento que julga ser o final de sua vida. É humilde ao dizer: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”. Não se põe acima dos outros, mas reconhece que o Senhor esteve a seu lado e lhe deu forças (2Tm 4,7.17). Tem a humildade de reconhecer o que Deus fez nele para a evangelização dos povos. Ele foi fiel e é humilde trabalhador do Evangelho, tendo sempre Cristo como sua vida e sua missão. Paulo dá o testemunho da humildade que salva.
Leituras:Eclesiástico 35,15-17.20-22ª;Salmo 33;2Timóteo 4,6-8.16-18; Lucas 18,9-14

1.     Jesus ensina a humildade com a parábola do fariseu e do pecador que vão ao templo rezar. Será ouvida a oração que vem da humildade. O orgulhoso despreza os outros e assim não é ouvido por Deus.

2.    Jesus é humildade e ensinou a humildade. O orgulho, fruto do pecado, bloqueia o contato com Deus que é imparcial e ouve a oração do humilde.

3.    Paulo dá testemunho da humildade ao dizer que fez tudo por Cristo e agora espera a coroa de tudo que é o seu Reino.

              Conversa mole não convence.

              A Palavra de Deus nesse trigésimo domingo nos apresenta a parábola do fariseu e do cobrador de impostos. O fariseu não era mau por ser fariseu, pois era um modo de viver a fé. Paulo era fariseu antes de sua conversão. O que Jesus não engolia era a religião de fachada. Eles se apresentavam como santos, mas na verdade havia falsidade. O publicano era uma classe de gente que era reconhecida como pecadora pelos abusos que faziam na cobrança dos impostos, que era sua profissão.
              O fariseu fazia tudo direitinho na religião, mas faltava o coração. Tinha orgulho pelo que era e condenava os outros. O pecador publicano tem a humildade de reconhecer seu pecado e pedir perdão.
              Temos aí um caminho de vida cristã: nada do orgulho de pensar que é melhor que os outros e não saber ver os próprios pecados.
              O livro do Eclesiástico, para superar essas situações, coloca Deus como modelo. Age sempre com justiça e escuta as súplicas dos oprimidos. Ensina que “quem serve a Deus como Ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até às nuvens” (Eclo 35,20). Confirma: “A prece do humilde atravessa as nuvens” (Id 21). Essa oração é insistente: não descansa até que Deus atenda.
              O Salmo é muito claro e confirma as palavras de Jesus sobre a oração do humilde pecador: “O pobre clama a Deus e ele escuta; O Senhor liberta a vida de seus servos (Sl 33).
A humildade é o sinal mais claro que estamos em Deus. 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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