PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
631. Virtude
de porta abertas
Parece
que estamos raspando o fundo do tacho das virtudes que chamamos de humanas.
Como o humano está tão unido ao divino, nós navegamos em dois mares ao mesmo
tempo. Mais uma virtude? Que riqueza nossa natureza! Que riqueza quando as
contemplamos no homem Jesus, imagem perfeita do Pai! As virtudes não são
muitas, são infinitas, pois infinita é a Virtude, Deus. Hoje refletimos sobre a
generosidade. É uma virtude que nos alegra o coração. Muito nos alegra ao ver a
generosidade de tanta gente ao dar tudo de si para que o outro viva, como vemos
no casamento, na vida de família, nas atividades sociais e também religiosas.
Nada paga a alegria de um dom espiritual distribuído com simplicidade. A
generosidade não tem tamanho, pois o que se mede não é o dom oferecido, mas o
coração que oferece. Desde um sorriso com sinceridade até a doação da própria
vida, tudo é grande e frutuoso. É uma virtude de portas abertas, pois envolve
as outras virtudes. A generosidade cabe em qualquer lugar. É virtude de portas
abertas porque nos impulsiona a ir longe em busca de doar para se ter mais
ainda. Jesus é o modelo da generosidade. No momento em que se definiu, no Céu,
para vir salvar a humanidade, fez de si uma entrega total e generosa, não
deixando nada que pudesse indicar a mínima sombra de egoísmo. Foi uma vida
doada: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Foi isso que os santos e as pessoas
de bem fizeram durante toda sua vida: generosos, como Paulo afirma sobre os
macedônios: “Deram-se primeiramente ao Senhor, depois a nós” (2Cor 8,5), como Cristo: “Pois conheceis a graça
de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, embora
fosse rico, para vos enriquecer com sua pobreza” (2Cor
8,9).
632.
Resistência enriquecida pelo amor.
A
generosidade não é somente um ato bonito que enfeita nosso dia a dia. Ela se
integra como um modo de vida e penetra todos os atos e sentimentos. Fazemos o
bem generoso como vida. A virtude é força que nos sustenta e estimula. É vida.
Por isso podemos compreender como pessoas são capazes de perdoar grandes
ofensas, ou estar em uma atividade que exige força, mesmo sofrendo
perseguições. Por que não desistem? Porque a virtude está entranhada em nós.
Como o vício é difícil deixar, uma virtude consistente, torna-se como que uma
obrigação. Não é uma segunda natureza. É o sustentáculo de nossa natureza.
Fazer o bem se torna um modo de viver.
633.
Ir além do pedido
À medida que nos encontramos com Cristo, ou Cristo vem
ao nosso encontro, saímos de nós mesmos para doar vida. Jesus, no sermão da
montanha, comparando sua nova lei com a antiga, diz-nos de ir além: “Se alguém
te obriga a andar um kilometro, vá com ele dois”... “Amai vossos inimigos” (Mt 5,41.44).
Aos generosos vale aquela expressão: ‘Se precisares de alguém que te ajude,
procure quem está ocupado, pois o outro não te ajudará’. Percebo no meu dia a
dia que o tempo perdido com as pessoas é o tempo mais bem aproveitado e, de um
modo ou de outro, ele aparece em outro lugar e sempre dá para fazer aquilo que
ficou para trás. Estar com as pessoas de coração aberto é mais receber do que
doar. Por isso é uma virtude de portas abertas. Dai-me, Senhor, um coração
generoso.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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