Sabemos pela filosofia que é próprio do bem difundir-se
(Bonum diffusivum est sui). O que é bom tende sempre a se comunicar. Através do
evangelho recebemos o melhor Bem. É curioso ver que certas novidades no mundo
das idéias, das práticas de saúde mental e outras, provocam um endeusamento. O
que trazem? Bom conforto, relaxamento, sensação de bem estar. Tantas coisas
boas, mas que não movem o coração a uma mudança de vida para o bem. Não se
trata de impor uma religião, mas de mostrar que há um Bem Superior que vai além
da superfície da sensibilidade e da comunicação com o ser humano através do
fundamental que é o amor. O maior sinal de que amadurecemos no bem é a
capacidade de viver para os outros, pois é tremendamente rico em si a ponto de enxergar
o outro. O Papa Francisco comenta “Qualquer pessoa que viva uma libertação
profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros” (EG
9). Quem tem esse
tudo não precisa de nada. Nada é perfeito, mas cresce para a perfeição. Quem
ensina o bem, o belo e o verdadeiro é completo e sai de si pelo outro. O bem, o
belo e o verdadeiro são um só. Onde está um, está o outro. A evangelização é um
dever para quem encontrou este Bem, pois faz parte de sua vida e é razão de sua
existência. Paulo afirma: “Ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor
9,16). Por que
esconder um bem a quem tem direito dele? Não ter saúde não é uma opção. Ela é um bem que queremos. A saúde é total e
atinge o ser humano completo. Do contrário é um prejuízo e faz crescer o
egoísmo e diminui a capacidade de ser humano. Retomando o Documento de
Aparecida 360, o Papa afirma que “os que mais desfrutam da vida são os que
deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos
demais. A vida se alcança e amadurece na medida em que é entregue para dar vida
aos outros”. Por isso vemos a alegria dos comunicadores dos evangelizadores que
oferecem Vida. Eles têm a Vida.
1482. Força de
renovação
Renovar
o anúncio evangelizador proporciona uma nova alegria na fé e na ação
evangelizadora. As pessoas que se dedicam a comunicar aos outros a alegria da
fé têm uma profunda alegria que anima a maior dedicação. Deus não é pesado. O
Evangelho é um peso suave e um fardo leve, como disse Jesus. Esta força do
alegre anúncio se justifica porque tem em seu centro o próprio Deus que
manifesta seu amor em Cristo morto e ressuscitado (EG
11). Somente essa
força de renovação e alegria pode explicar como os apóstolos e os primeiros cristãos
evangelizaram com tanto entusiasmo enfrentado um império violento e
absolutista, um paganismo cruel e vazio, um mundo grande e perigoso. A força
era o que eles tinham de precioso: a presença de Jesus: “Eu estarei convosco” (Mt
28,20). Isso
acontece hoje com a mesma força em nossa sociedade. A fé bem vivida é um grande
benefício para a sociedade. Como o túmulo não pôde reter Jesus, não são as
novas mortes do mundo que O deterão. Onde estão os grandes inimigos da fé? Temos
um exemplo. Havia um marasmo na fé antes do Concílio. De um momento ao outro
brotou um mundo novo. Há quem prefira o antigo. Todos morreremos. É o momento
de caminhos novos para a fé.
1483.Jesus,
o primeiro evangelizador
Na renovada
evangelização não podemos pensar que tudo depende de nós. Certo que devemos
fazer como se tudo dependesse de nós. Mas a força é Jesus. Ele é o primeiro
evangelizador, como nos diz Paulo VI em Evangelii Nuntiandi, 68. Ele nos chama
a cooperar e dá o Espírito Santo para nos animar. A Igreja tem consciência que
Deus é quem toma a iniciativa, pois nos “amou primeiro” (1Jo
4,19).
Não se deve esquecer, diz o Papa que “Deus nos pede tudo, mas ao mesmo tempo
dá-nos tudo”. A evangelização não nega o passado nem a história, pois, como o
povo judeu, sabemos continuar a memória. Ninguém pega a Bíblia e começa a ler
como se partisse do zero. Há já um caminho feito e batido pela fé dos fiéis
durante séculos. Mas é urgente algo novo, sempre desbravando. Temos a memória
da fé que nos foi transmitida pelos nossos pais e comunidades.
http://padreluizcarlos.wordpress.com/
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