sábado, 25 de outubro de 2014

A HISTÓRIA DO VAI-E-VEM

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
O marceneiro respira o perfume da madeira, embora pareça ouvir também seus gemidos de saudade do tempo em que vivia com suas companheiras na floresta. Marceneiro é uma profissão perigosa. Quantos deles perderam os dedos da mão! É vítima dos que vêm pedir ferramentas emprestadas e não voltam mais. Conheci um marceneiro que desenhou o contorno de suas ferramentas num painel de madeira. Cada uma tinha o seu lugar. Com o tempo o painel foi se esvaziando, ficando apenas o desenho. Perguntei:
- Onde estão estas e aquelas ferramentas desenhadas no painel? 
- Estão emprestadas por aí. E para sempre. 
Por isso ele batizou seu serrote com o nome de "Vai e vem". Certo dia um menino veio pedir o serrote emprestado: Seu José, meu pai está pedindo emprestado o seu "vai-e-vem". O marceneiro, que finalmente aprendeu a lição, respondeu: 
- Meu amiguinho, infelizmente o "vai-e-vem" não vai. Se o "vai-e-vem" fosse e voltasse, o "vai-e-vem" iria. Mas como o "vai-e-vem" vai e não vem, o "vai-e-vem" não vai. 
No final das contas, emprestou seu “vai-e-vem”, pois conhecia o pai do menino. 
Lição: Aprendamos a devolver as coisas que tomamos emprestadas...

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