PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um
único amor
O amor foi cantado em versos e em prosa
ao longo dos séculos. Só Jesus cantou todos os versos. Continuando a recusa a
sua pessoa e doutrina, os chefes do povo, seus opositores, colocaram questões
fundamentais sobre moral, política, teologia e outras. No texto de hoje
chegaram à disputa sobre qual era ponto fundamental da fé. Havia diversas
opiniões. Uns colocavam o centro da fé nos sacrifícios, outros na observância
da lei etc... Perguntaram: “Qual é o maior mandamento?” Aquele que dá sentido a
tudo mais. Com sua resposta Jesus define a raiz e meta de toda sua doutrina,
sua vida e a vida cristã. Para provar cita um texto que judeus recitam três
vezes ao dia. E acrescenta que o segundo mandamento é semelhante ao primeiro. Lembra
o livro do Levítico: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18). Semelhante
em grego (hómoios), não significa que é parecido, mas indica identidade de substância
e valor. Jesus une os dois mandamentos. Os mandamentos referentes ao próximo
têm o mesmo valor do mandamento do amor a Deus. Se o amor a Deus é fonte e a
meta, o segundo mandamento é o campo onde acontece e garante que o amor a Deus
é verdadeiro. São João diz: “Quem não ama o seu irmão a quem vê, a Deus que não
vê, não poderá amar” (1Jo
4,20). Dizendo que dele depende toda a Lei e os profetas, isto é, o
culto, a justiça, a vida social, a econômica e a moral. Seu interlocutor
concorda dizendo que o amor a Deus e ao próximo “vale mais que todos os
holocaustos e todos os sacrifícios” (Mc 12,33). Este mandamento dá unidade à vida.
Deus
carinhoso.
O Papa João Paulo I chamou Deus de Mãe, não pela razão de gênero, mas
pelos sentimentos que manifesta. Amar como Deus ama. Amar não significa gostar
por prazer pessoal. Deus ama por inteiro. Ele é o defensor e protetor dos
oprimidos, por isso, quem o ama, tem que amar o que Ele ama e como ama. Exige
cuidado divino nos relacionamentos concretos do dia a dia como o empréstimo e o
penhor. Deus é como a mãe que se preocupa se o filhinho está descoberto durante
a noite: “Se tomares como penhor o manto, deves devolvê-lo antes do por do sol.
Pois é a única veste e coberta que tem para dormir” (Ex 22,25-26). Esta á a religião de
Jesus. O resto, se não passar pelo filtro do amor de Deus não o é. A Escritura
mostra a preocupação de Deus com os pobres e oprimidos. Temos o exemplo luminar
do Papa Francisco que do outro Francisco tirou o estímulo a ser pobre e cuidar
dos pobres. A conversão da Igreja deve ser real para ser profunda em direção ao
amor.
Missão,
fruto do amor.
Estamos no domingo das Missões. Paulo ensina que a evangelização se faz
também pelo testemunho da vivência da fé. A coerência de vida dos
Tessalonicenses era uma evangelização: “A partir de vós, a Palavra do Senhor se
divulgou não só na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por
toda parte” (1Ts 1,8).
As obras falam mais que as palavras. Papa Francisco ensina que a obra
missionária da Igreja não é proselitismo, mas testemunho de vida que ilumina o
caminho, que traz esperança e amor. Anunciar o evangelho é a maior forma de
amar. Levar o Evangelho é uma obra do amor a Deus. Quem ama Deus e ama o
próximo, procurará levar outros a conhecerem o mesmo amor. Transmitir o
Evangelho não é somente falar, mas manifestar por obras o que se crê. A maior
obra da fé é o cuidado com os desprotegidos, dos pobres e necessitados (Ex 22,20-26). A
Eucaristia é a escola onde aprendemos a amar como Jesus amou. Só Deus é assim.
Leituras: Êxodo 22,20-26;Salmo 17;
1Tessalonicenses 1,5c-10; Mateus 22,34-40.
1.
Os chefes do povo provocam Jesus perguntando sobre o
ponto fundamental da fé. Jesus responde que é o amor a Deus e ao próximo. É um
só mandamento. Um é fonte e o outro a prática. Tudo depende destes dois
mandamentos.
2.
Amar não é gostar. Deus ama como uma mãe, referindo aos
sentimentos maternos. É preocupado se seu filho está bem coberto à noite. Deus
é preocupado com os fracos e oprimidos. A renovação da Igreja passa pelo amor.
3.
A evangelização é uma obra de amor que acontece
primeiro no testemunho da fé vivida com coerência. A Igreja não toma sentido
primeiramente da doutrina, mas do cuidado com os desprotegidos, pobres e
necessitados.
De amor eu entendo
É muito comum a gente dar-se
uma de entendido de amor. Esses amores acabam tão facilmente, mostrando que não
entendemos nada de amor.
Jesus era cercado de todos os
lados. Cada partido político religioso vinha com uma pergunta para derrubá-Lo.
Chegou a vez de um homem da lei que lhe perguntou qual era o mais importante da
lei de Deus. O que dava origem a todos os outros mandamentos. Jesus respondeu
com dois textos da Lei: Deuteronômio 5,6 “Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, de toda alma e de todo o entendimento”; e Levítico 19,18: “Amarás
o teu próximo como a ti mesmo”.
O amor a Deus deve ser total; e ao próximo até os mínimos detalhes,
preocupando-se que o pobre esteja bem coberto de noite. Por isso o manto tomado
em penhor tem que voltar antes do anoitecer. É só Deus Pai para pensar nos
pequeninos.
Isso é que quer dizer entender de amor
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