Esse homem exótico chamava-se Hilarião (290-370). Quando, após uma juventude bastante agitada, voltou à casa paterna, deparou com duas notícias: Seus pais tinham morrido e ele ficara dono de uma grande herança. A primeira lhe doeu na alma. A segunda o atemorizou, porque poderia tornar-se escravo da riqueza. Uma voz lhe falava:
“Vai! Vende tudo o que tens, dá aos pobres, depois vem e segue-me” (Mt10,21).
Foi o que fez. Retirou-se para o deserto de Gaza, na Palestina, onde viveu muitos anos na mais extrema penitência. Mas o povo o descobriu, e começou a correr atrás dele, atraído pela sua virtude e pelas curas prodigiosas que operava. Os aplausos magoavam e confundiam sua modéstia.
De repente, na calada da noite, desapareceu de Gaza e foi aparecer na ilha de Chipre, vestido com pele de camelo, flácido de carnes, e perguntou a um morador:
- Onde fica o lugar mais árido e solitário da ilha?
- Naqueles lados – respondeu alguém apontando para a Bucólia.
E rumou para lá. Queria terminar os dias no anonimato. Viveu apenas cinco anos naquele retiro. Quando agonizava, Hesíquio, seu fiel companheiro, escutou-o rezar:
“Sai, sai, minha alma! Porque tens medo? Há setenta anos que serves a Cristo, e ainda temes?”
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
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