Evangelho segundo S. Lucas 11,47-54.
Naquele
tempo, disse o Senhor aos doutores da lei: «Ai de vós, que edificais os túmulos
dos profetas, quando os vossos pais é que os mataram! Assim, dais testemunho
e aprovação aos actos dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós
edificais-lhes sepulcros. Por isso mesmo é que a Sabedoria de Deus disse:
'Hei-de enviar-lhes profetas e apóstolos, a alguns dos quais darão a morte e a
outros perseguirão, a fim de que se peça contas a esta geração do sangue de
todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de
Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário.' Sim,
Eu vo-lo digo, serão pedidas contas a esta geração. Ai de vós, doutores da
Lei, porque vos apoderastes da chave da ciência: vós próprios não entrastes e
impedistes a entrada àqueles que queriam entrar!» Quando saiu dali, os
doutores da Lei e os fariseus começaram a pressioná-lo fortemente com perguntas
e a fazê-lo falar sobre muitos assuntos, armando-lhe ciladas e procurando
apanhar-lhe alguma palavra para o acusarem.
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Balduíno de Ford (?-c. 1190), abade
cisterciense, depois bispo
O Sacramento do altar, II, 1; SC 93
«Eles começaram a pressioná-Lo fortemente, armando-Lhe
ciladas»
«Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu
Filho único» (Jo 3,16). Este Filho único «foi oferecido», não porque os seus
inimigos prevaleceram, mas «porque Ele próprio o quis» (Is 53,10-11). «Amou os
seus e amou-os até ao fim» (Jo 13,1). O fim é a morte, aceite por aqueles que
ama; eis o fim de toda a perfeição, o fim do amor perfeito, porque «ninguém tem
maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13).
Na morte de Cristo, este seu amor foi mais poderoso do que o ódio
dos seus inimigos; pois o ódio fez apenas o que o amor lhe permitia. Judas, ou
os inimigos de Cristo, entregaram-No à morte por um ódio maldoso. O Pai entregou
o seu Filho e o Filho entregou-se a Si mesmo por amor (Rom 8,32; Gal 2,20). Mas
o amor não é culpado de traição; está inocente, mesmo quando Cristo morre por
sua causa. Porque apenas o amor pode fazer impunemente o que lhe agrada. Apenas
o amor pode coagir Deus e como que impor-se a Ele. Foi ele que O fez descer do
céu e O pôs na cruz, ele que derramou o sangue de Cristo para remissão dos
pecados, num acto tão inocente como salutar. Todas as nossas acções para a
salvação do mundo são, então, devidas ao amor. E este insta-nos, por uma lógica
que se nos impõe, a amar Cristo tanto quanto outros O odiaram.
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