Evangelho segundo S. Mateus 22,15-21.
Naquele
tempo, os fariseus reuniram-se para combinar como haviam de surpreender Jesus
nas suas próprias palavras. Enviaram-lhe os seus discípulos, acompanhados
dos partidários de Herodes, a dizer-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que
ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te deixares influenciar por
ninguém, pois não olhas à condição das pessoas. Diz-nos, portanto, o teu
parecer: É lícito ou não pagar o imposto a César?» Mas Jesus,
conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: «Porque me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do imposto.» Eles apresentaram-lhe um denário. Perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?» «De César»
responderam. Disse-lhes então: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para o Domingo e as festas dos santos
«Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz da tua face!» (Sl
4,7)
Do mesmo modo que essa moeda tem a imagem de
César, também a nossa alma é feita à imagem da Santíssima Trindade, como diz o
salmo: «Resplandeça sobre nós, Senhor, a luz da tua face!» (Sl 4,7). […] Senhor,
a luz da tua face, isto é, a luz da tua graça, que estabelece em nós a tua
imagem e nos torna semelhantes a Ti, está impressa em nós, ou seja, está
impressa na nossa razão, que é a potência mais elevada da nossa alma, e recebe
essa luz como a cera recebe a marca de um sinete. A face de Deus é a nossa
razão; pois, da mesma maneira que conhecemos cada um pela sua face, assim
conhecemos a Deus pelo espelho da razão. Mas essa razão foi deformada pelo
pecado do homem, pois o pecado torna o homem oposto a Deus. A graça de Cristo
reparou a nossa razão. É por isso que o apóstolo Paulo diz aos Efésios: «Renovai
o vosso espírito» (cf 4,23). O tema da luz, mencionado neste salmo, é, pois, a
graça que restaura a imagem de Deus, impressa na nossa natureza. […]
Toda a Trindade marcou o homem à sua semelhança: pela memória, ele
parece-se com o Pai; pela inteligência, parece-se com o Filho; pelo amor
parece-se com o Espírito Santo. […] Quando foi criado, o homem foi feito «à
imagem e semelhança de Deus» (Gn 1,26): sua imagem no conhecimento da verdade;
sua semelhança no amor à virtude. A luz da face de Deus é, pois, a graça que nos
justifica e revela de novo a imagem criada. Essa luz constitui todo o bem do
homem, o seu verdadeiro bem; ela marca-o, tal como a imagem do imperador marca a
moeda de prata. Por isso o Senhor acrescenta: «Dai a César o que é de César.»
Como se dissesse: da mesma forma que atribuís a César a sua imagem dai também a
Deus a vossa alma, ornada e marcada pela luz da sua face.
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