Os
fariseus e os chefes do povo provocavam Jesus para derrubá-Lo no campo da
moral, da fé e da política. Ele sempre mostrou a verdade, como eles mesmos,
maldosamente, reconhecem: “Sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o
caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não
julgas um homem pelas aparências” (Mt 21,16). Refletimos sobre o conhecido tema do tributo a
César. É uma interpretação complicada. Se dissesse que se devia pagar o imposto,
ofendia o povo que odiava a dominação romana. Se dissesse que não se devia
pagar, era contra a dominação dos romanos, colocando-se ao lado dos revoltosos.
Não se pode ler nesse texto uma justificativa para a separação de Igreja e
Estado. A resposta de Jesus é outra. Pede então a moeda do tributo. Esta era
cunhada com a imagem do imperador. O termo dar a César significa restituir -
devolver o que é de Cesar. Jesus não nega o imposto. Mas Cesar (imperador) não
é Deus. Também ele deve reconhecer a soberania de Deus. Jesus diz a Pilatos: “Não
terias poder sobre mim se não te fosse dado do alto” (Jo 19,10). Por outro lado tudo
pertence a Deus. Cesar e tudo mais devem dar a Deus o que é Dele. Cesar não é
autônomo, nem dá leis por si nem se dá o poder. Se o faz é tirano. Deve ter em
conta Deus e os homens. Se não o faz deve prestar contas a Deus. O imperador
também está sob a soberania de Deus como Ciro, instrumento para a libertação do
povo. O Salmo abre a compreensão do texto: “Ó família das nações, dai ao Senhor,
poder e glória” (Sl 95).
Eu sou o Senhor (Is,45,6)
O povo judeu que
era livre, devendo responder só a Deus, tem que pagar um humilhante tributo ao
imperador. O fato de Deus ser soberano não Lhe tira a proximidade do coração
humano, do qual é também Senhor enquanto, em seu Cristo, se põe a serviço de
libertação como podemos ver na libertação do exílio. Deus escolheu um pagão
para dirigir os destinos do povo. Ciro é um ungido (só eram ungidos,
sacerdotes, reis e profetas). Por ele pode dirigir o mundo. Todos estão sob
Deus. Deus é o Senhor e não uma opção religiosa. Deus usa o instrumento que
quer. Todos estamos sob a soberania de Deus dispostos a colaborar com sua obra
no mundo. Por isso rezamos: “Dai-nos a graça de estar sempre a vosso dispor e
vos servir de todo o coração (oração). Quanto mais saímos de nós mesmos e nos colocamos a seu
serviço, maior contribuição damos para o crescimento do mundo. Assim vemos a
necessidade dos cristãos estarem em todos os lugares. Deste modo conduzem o
mundo a Deus. É necessário ter abertura para aprender das sabedorias dos povos,
pois todos estão sob a soberania de Deus que distribui seus dons. Num mundo
onde tantos homens têm poder, urge que tenham sentido de estarem a serviço de
Deus para o bem de todos. Do contrário levam o povo ao sofrimento.
Evangelho na força do Espírito
Paulo afirma aos
tessalonicenses: “O nosso Evangelho chegou até vós não somente por meio de
palavras, mas também mediante a força que o Espírito Santo; e com isso, com
toda abundância” (Ts
1,5b). O conhecimento de Deus não é teoria. É o acolhimento da ação de
Deus que se comunica. Como agiu em Ciro, continua agindo em todos os povos. É o
que chamamos de sementes do Evangelho. É
preciso descobrir as riquezas dos povos, para abrir campos para a evangelização.
Cada celebração leva-nos ao discernimento das realidades humanas em seu
relacionamento com as divinas.
Leituras: Isaias
45,1.4-6;Salmo 95;1 Tessalonicenses 1,1-5b; Mateus 22,15-21.
1.Os chefes do povo tentam
desqualificar Jesus usando armadilhas. Agora usam o campo político perguntando
se deviam ou não pagar o tributo a César. Jesus responde saindo do jogo e
colocando a necessidade de se reconhecer a sabedoria de Deus. Mesmo o imperador
que recebe os tributos deve reconhecê-Lo.
2.O tributo era humilhante ao povo que
reconhecia um só Senhor. A autoridade deve pôr-se a serviço de Deus. Ciro é
colocado como exemplo de quem age, sob a ação de Deus, como salvador do povo.
Os cristãos devem se abrir e reconhecer a sabedoria dos povos.
3.A pregação do Evangelho é
acompanhada da força do Espírito. O conhecimento de Deus não é teoria, mas
acolhimento da ação de Deus. Como agiu em Ciro, continua agindo em todos os
povos. Cada celebração é momento de discernimento.
Dia da caça
Jesus era assediado por seus inimigos que não O aceitavam como
Messias. Provaram derrubá-lo. Procuram testá-lo quanto a sua posição diante do
imperador que humilhava o povo que, tendo Deus como seu Senhor e Rei, não
aceitava outro senhor.
Elogiaram seu modo de ser, reconheceram que era justo, não fazia
diferença das pessoas e ensinava o caminho de Deus. Para colocá-lo em situação
difícil, Perguntaram: é justo pagar o imposto ao imperador? Se falasse que sim
estava contra o povo. Se dissesse não, era revolucionário. Jesus pede uma moeda
e pergunta de quem é a imagem que está impressa na moeda. Respondem: “do
imperador”. Então, disse Jesus: dêem a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é
de Deus.
Para interpretar o texto temos que ler a primeira leitura: Foi Deus
quem deu poder a Ciro, o rei da Pérsia. Cesar também deve reconhecer que seu
poder vem de Deus.
O texto não indica que a religião não pode se meter nos poderes civis e
na política. Ela deve encaminhar todos para Deus.
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