Casamento de Branca e o Delfim |
Branca era filha de Afonso VIII, Rei de Castela, e de Leonor da Inglaterra. Nasceu em Palência no início de 1188. Com onze anos foi prometida como esposa a Luís, delfim da França, pelo tio João Sem Terra, que tinha intenção de se reconciliar com o Rei Felipe Augusto. Em 22 de maio de 1200, Filipe Augusto e João Sem Terra assinaram finalmente o Tratado de Goulet. João cedeu à sua sobrinha os feudos de Issoudun e Gravay, juntamente com os de André de Chauvigny, senhor de Châteauroux, em Berry. O casamento foi celebrado no dia seguinte em Portmort, na margem direita do rio Sena, território de João
Branca começou a mostrar as suas qualidades de estadista em 1216, quando Luís reclamou a coroa inglesa para a sua esposa, invadindo a Inglaterra a pedido da nobreza inglesa, revoltada contra João Sem Terra. Mas o apoio dos rebeldes cessou com a morte de João, poucos meses depois. Aliados em torno de Henrique III de Inglaterra, filho do falecido rei, os ingleses uniram-se contra o agora invasor francês. Filipe Augusto não quis se envolver e Branca foi um importante apoio para Luís. Estabeleceu-se em Calais e organizou duas frotas e um exército sob o comando de Roberto de Courtenay, que acabariam por serem derrotados pelos ingleses.
Branca encontrava-se profundamente aflita, pois já se haviam passado doze anos desde seu casamento e ainda não tinha filhos. São Domingos de Gusmão, que fora visitar a Rainha, aconselhou-a a rezar diariamente o Rosário, pedindo a Deus a graça de tornar-se mãe. Seguindo fielmente o conselho, ela foi atendida e em 1213 deu à luz o seu primogênito, Filipe, que veio a falecer na infância.
O fervor da rainha não se abalou por essa provação. Ao contrário, ela procurou o auxílio de Nossa Senhora mais do que antes. Distribuiu Terços para todos os membros da corte e para os habitantes de muitas cidades do seu reino, pedindo que se unissem a ela na súplica a Deus. Sua ardente oração foi ouvida quando, em 1215, nasceu aquele que seria depois São Luís IX, o príncipe que se tornaria a glória da França e modelo dos reis cristãos.
Branca, que fora educada nos princípios católicos, educou seus numerosos filhos, entre eles Luís, segundo os mesmos ensinamentos. Ao educar os seus filhos nos mais rígidos princípios morais e religiosos, ganhou também a aprovação do clero.
A Rainha herdou dos Plantagenetas, seus ancestrais maternos, a excepcional força de ânimo e o senso político que demonstrou colaborando nos empreendimentos do esposo, encorajado por ela na sua luta pela expulsão dos ingleses do Poitou.
Santa Branca e São Luís IX
Quando Filipe II de França morreu, Luís VIII sucedeu-o e foi coroado em 6 de agosto de 1223, juntamente com Branca, na Catedral de Reims.
Após a morte de Luís VIII em 1226, Branca tornou-se Regente em nome do filho, Luís IX de França, de doze anos de idade. Apesar da grande aceitação como rainha consorte, agora enfrentava a hostilidade da nobreza francesa, provavelmente devido a ser mulher e estrangeira, apoiada em outro estrangeiro, o Cardeal Romano Frangipani de Santo-Ângelo, legado papal e preceptor do jovem rei, presente na França já no tempo de Luís VIII, e que muito ajudou Branca em suas lutas. Mas, acima de tudo, os nobres desejavam aproveitar uma debilidade da autoridade real para retomar as prerrogativas políticas que um século de progresso do poder real lhes tinha retirado.
Branca só conseguiu dissolver esta coligação ao dividir os barões, impressionados pelos seus preparativos bélicos ou conquistados pela hábil diplomacia. Na conclusão do Tratado de Meaux-Paris de 1229, conseguiu organizar a tomada do Languedoc. No ano seguinte repeliu um ataque inglês e resistiu aos boatos de ligações ilícitas com o Cardeal Frangipani e com Teobaldo IV de Champagne. Paralelamente, apoiou-se na obra reformadora de São Bernardo Claraval para fundar as abadias de Royaumont, em 1228, e de Maubuisson, em 1236.
São Luís reconheceu dever-lhe o seu reino, ele mesmo afetado pela personalidade da mãe. Mesmo depois da maioridade em 1234, manteve a grande influência política de Branca. Foi a ela que confiou mais uma vez a regência durante a 7ª. Cruzada ao Egito, projeto a que ela se opunha. Na campanha desastrosa que se seguiu, ela manteve a paz, simultaneamente retirando homens e dinheiro do reino para auxiliar o seu filho no Oriente.
A rainha mãe soube triunfar sobre as coligações formadas contra a sua pessoa e contra a monarquia pelos grandes vassalos, governando com inteligência, e pôs fim ao conflito contra os cátaros. Foi celebrada pela sua beleza tanto quanto pela sagacidade. Branca de Castela também pode ter sido compositora: a ela é atribuído Amours ou trop tard me suis pris.
No final da sua vida retirou-se em Melun, onde morreu em 27 de novembro de 1252, enquanto São Luís IX ainda se encontrava no Oriente. O seu corpo repousa na Abadia de Maubuisson, fundada por ela e onde ela mesma recebera o hábito cisterciense alguns anos antes da morte. O seu coração é conservado na Abadia de Lys, nas proximidades de Melun, para onde fora levado em 13 de março de 1253.
Os casamentos dinásticos de sua vasta prole e de seus descendentes fizeram com que Branca de Castela se tornasse ancestral de praticamente todas as casas reais europeias em menos de cem anos após sua morte.
Branca de Castela é universalmente venerada como santa, embora não tenha sido canonizada; sua festa é celebrada no dia 2 de dezembro.
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