sábado, 25 de maio de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Esteve com Eles 40 dias”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Da dor à alegria.
 
Depois da morte de Jesus, tão dolorosa, os discípulos estavam aflitos e choravam (Mc 16,9). Jesus, de repente, se coloca no meio deles. Temos diversas narrativas que mostram o encontro pessoal com Jesus Ressuscitado. É o mesmo que foi crucificado e agora está vivo, trazendo as marcas dos cravos e da lança. É um acontecimento que vai além da visão humana. É um fato da fé. Durante 40 dias Ele os acompanha, fazendo-Se ver em diversas ocasiões. Os apóstolos, já não duvidam mais (Jo 21,12) e o identificam a ponto de tocá-lo (Lc 24,39), de vê-lo comer com eles (At 10,41) e de receber instruções, pois dialogam com Ele. Lucas nos diz: “Foi aos apóstolos que Jesus, com numerosas provas, se mostrou vivo depois de sua Paixão: durante quarenta dias apareceu a eles e falou-lhes do Reino de Deus” (At 1,3-5). Lucas, evangelista bem documentado por testemunhas oculares (Lc 1,1-4), põem em ordem os acontecimentos. Esta fase da vida de Jesus, já como ressuscitado, é um período um tanto difícil de compreender. As narrativas dos evangelistas retomam tradições diferentes e finalidades diferentes. De acordo com o projeto de cada um nos aproximamos de um fato único: Ele é o Ressuscitado. Estivera morto, mas agora esta vivo. Este é o testemunho que dão e passam à Tradição. Paulo diz claramente as aparições do Ressuscitado, inclusive a ele (1Cor 15,3-4). As narrativas da Ressurreição têm um caráter catequético. Dos fatos reais passam à orientação da vida da comunidade. Os apóstolos e os discípulos são firmes em dizer: “E disso nós somos testemunhas. Nós e o Espírito Santo que foi dado aos que lhe obedecem” (At 5,32). É um testemunho pessoal, que tem o efeito nas pessoas com a ação do Espírito. Fé não é só saber, é crer. Por aí entendemos a força de pregação e seu resultado. 
Novo tipo de presença 
Como é que era o Ressuscitado. Que bom se estivéssemos lá! Não há necessidade, pois e Jesus diz a Tomé: “Felizes os que não viram e creram” (Jo 20,29). O Ressuscitado é diferente, pois nem sempre o reconhecem imediatamente como é o caso da Madalena que julga que Ele é o jardineiro. E o reconhece a partir de um dado muito pessoal, o modo como a chamava (Jo 20,11-18). Ele não perdeu a dimensão humana, mas está já na condição de ressuscitado. Não se pode negar que é Ele mesmo. Esta presença durou 40 dias. Este número nos coloca diante na necessidade de sair do calendário e passar à visão de tempo de Deus. Esteve com eles o tempo de dar as instruções (Lc 24,44-49), isto é, introduzi-los no mistério da Ressurreição e prepará-los para a vinda do Espírito. Ele não só os instrui como o humano que estivera com eles, mas passa a força e o vigor da Ressurreição. Ele se põe como doador do Espírito: “Soprando sobre eles disse: ‘Recebi o Espírito Santo’” (Jo 20,22).
Um modelo a ser seguido 
A vinda do Espírito é um fato unido à Morte e Ressurreição e se coroa para todos os povos e do Universo no dia de Pentecostes. Não podemos desligar a Ressurreição da Vinda do Espírito. Jesus está sempre diante do Pai intercedendo para que nos dê o Espírito. Este tempo entre Ressurreição e Ascensão é um modelo para nós que queremos conhecer Jesus e vivê-Lo em nossa vida. Ele continua dando-nos as instruções sobre o Reino de Deus e acolhendo nossa Fé. Este tempo nos ensina a reconhecê-lo. Vamos mostrar nossa fé na medida da prática das obras. Assim saímos de nossos sepulcros para percorrer a estrada da vida. Esta vida, como lemos na narrativa dos discípulos de Emaús, se concretiza na Palavra, na leitura dos sinais dos tempos, na Eucaristia e no anúncio de sua Vida (Lc 24,13-34).
ARTIGO PUBLICADO EM MAIO DE 2013

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