sexta-feira, 24 de maio de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “A Ressurreição dá Vida à comunidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Ele fez morada entre nós.
 
Jesus morreu e ressuscitou para reconciliar o Universo com Deus e consigo mesmo. Cada vez mais esta reconciliação está presente no mundo. Por isso o Salmo 66 canta: “Que todas as nações vos glorifiquem e a face de Deus resplandeça sobre todos”. Fizera a promessa de enviar o Espírito Santo para nos ensinar e recordar, isto é, pôr em ação o evangelho. A primeira comunidade enfrentou um grave problema: Os judeus convertidos à fé cristã queriam impor sobre os pagãos convertidos as práticas e tradições judaicas e os preceitos das leis antigas. Paulo não aceitava essa opinião. Havia uma grande perturbação na comunidade. Jesus nos deu a paz e não a perturbação (Jo 14,27). Reuniram-se em Jerusalém, discutiram e deram a resposta libertadora. Por isso decidiram, juntamente com o Espírito Santo, a não impor nenhum peso aos pagãos convertidos, a não ser as coisas necessárias. Não olharam a si próprios e seus gostos, como costumamos fazer, mas para o bem da Igreja. A comunidade é uma morada. Nas leituras nós encontramos três moradas: A morada de nosso coração, pois diz: “Aquele que me ama guardará minha palavra e Nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23); A outra morada é a Igreja, novo povo de Deus, que é iluminada e amparada pelo Espírito Santo, tendo os doze apóstolos que são seus fundamentos (At 151ss); Morada também é a Jerusalém Celeste, a cidade santa, cujos alicerces são os doze apóstolos. Deus é seu templo e o Cordeiro é sua luz (Ap 21). Em nossas comunidades temos a presença do Espírito Santo que ensina, anima e santifica através dos sacramentos pascais, como as orações da liturgia de hoje lembram. A fé é espiritual, mas se concretiza em pessoas que vivem juntas e procuraram viver o amor de Jesus. Teremos muitas dificuldades, mas a solução não está em ideologias, mas no Espírito Santo que nos recorda o que Jesus ensinou. Deus veio fazer morada entre nós.
Vencedor da corrupção do pecado 
A liturgia de hoje celebra a Ressurreição mostrando seus principais resultados: “Destruindo a morte, garantiu-nos a vida em plenitude” (prefácio). Ela não foi somente o fato de um homem sair vivo da sepultura onde fora colocado morto, mas uma vitória sobre a morte e sobre todo o tipo de mal. Vemos na primeira leitura como vence o mal da perturbação e da divisão da comunidade. Por isso a paz que Jesus nos dá não corresponde às expectativas do mundo. Na Roma pagã havia um altar chamado altar da paz. Nele se comemorava a paz que havia no mundo. Isso depois de dominar e levar sofrimento a tantos povos. Quanta dor e sangue devem ter corrido. A paz de Jesus é o Shalom, isto é, a plenitude da riqueza de Deus. A morada de Deus é a casa da paz. 
Sacramentos pascais 
Como a Quaresma, a Páscoa é um grande sacramento no qual celebramos os sacramentos fundamentais da vida cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia que nos colocam em relação com Deus numa comunidade. O ensinamento de Jesus não leva ao individualismo. A celebração nos anima a corresponder a esse Mistério. Nós o fazemos através dos sacramentos do amor (Oferendas) que são frutos da Ressurreição. São fonte da espiritualidade que constrói uma nova criação (prefácio). Eles infundem em nossos corações a força da Eucaristia que é alimento salutar (Pós comunhão) que nos dão uma vida de comunidade repleta do Shalom de Deus. Poderemos vencer as divisões, confortados pelo Espírito Santo. 
Leituras: Atos 15,1-2.22-29;Salmo 66;
Apocalipse 21,10-14.22-23;João 14,23-29. 
1. Jesus quer a reconciliação e nos deu o Espírito para nos ensinar e pôr em ação o evangelho. A comunidade primitiva padeceu de divisões. O Espírito a conduziu à reconciliação e orientou seu futuro. Deus fez morada em nosso coração, na Igreja e a Igreja do Paraíso. Nossas soluções estão no Shalom de Deus. 
2. Jesus destruiu a morte e deu a vida. Ele vence o mal e a divisão da comunidade. A paz de Jesus não é ideologia, mas o Shalom de Deus.
3. Celebramos os sacramentos pascais que nos colocam em relação com Deus numa comunidade e nos dão os frutos da ressurreição. Eles são fonte da espiritualidade que constrói a nova criação. Dão vida à comunidade para ser repleta do Shalom de Deus. 
Engaiolando o Espírito Santo 
Que beleza a futura Jerusalém! Imagina que lá não precisa de sol nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é sua luz e sua lâmpada é o Cordeiro, isto é, Jesus. Nos alicerces estão escritos os 12 nomes dos apóstolos do Cordeiro. Sabemos que a Igreja foi fundada sobre o alicerce que é Jesus e tem como fundamentos os 12 apóstolos. É feita de pessoas que acreditaram. E valeu a pena. Como somos frágeis, temos dificuldades, recebemos a promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo para recordar e ensinar tudo o que Ele disse. Jesus deu o Espírito Santo para todos. Vemos na primeira leitura que os cristãos queriam engaiolar o Espírito Santo e fechar a porta da fé aos pagãos obrigando-os a cumprir a lei dos judeus. O Espírito iluminou os apóstolos para ensinarem que os judeus que se convertiam seguissem o evangelho e a lei do Antigo Testamento. Os pagãos que se fizeram cristãos não deviam seguir essa lei. Olha que isso foi o maior passo da Igreja. Hoje em dia acontece muito isso. Muitos querem ser donos do Espírito Santo. O Evangelho é para todos os povos. Nós temos a alegria de ver o Espírito agir. 
Homilia do 6º Domingo da Páscoa (05.05.2013)

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