As representações religiosas na história da arte sempre apresentaram Deus como um senhor idoso com barbas brancas e de um vigor respeitável. A sociedade, no seu ateísmo oportunista, vê em Deus um envelhecido que não tem o que dizer para os tempos atuais. Ele é uma lenda. Há muitas pessoas intelectuais que têm a religião como algo inferior. Contudo passam e Deus permanece eternamente o mesmo. Amanhã seremos os antiquados. Ele é Aquele que era, que é e que será. A vida de Deus não tem de nossa categoria temporal na qual o tempo nos desgasta e somos encostados como um pano velho. Temos o costume de julgar a Deus com nossas categorias antropomórficas, isto é, de modo humano, o que nos complica para conhecer e acolher sua eterna novidade. Deus sempre o mesmo, o novo. O que envelhece são nossos conceitos e também nossos preconceitos. A novidade de Deus não está como uma reflexão de idade, mas em ser sempre acessível em quaisquer circunstâncias. Infelizmente tomamos Deus para apoiar nossos pensamentos como fossem os seus. A religião corre grande risco de usar Deus e não de servi-Lo e amá-Lo. Isso é o que diz o segundo mandamento: “Não tentarás o Senhor teu Deus”. As verdades fundamentais nós as colhemos na lei natural e são assumidas pela fé e pela Palavra do Evangelho. Jesus impõe poucas normas de vida que se resumem no respeito e amor ao próximo, e mesmo ao inimigo e no acolhimento de Deus como Amor. Sua eterna novidade é ter um amor sempre novo por sua criatura amada e acolher o amor de todos em seu modo de ser e manifestar-se.
Renovando os corações
Por que Jesus coloca o amor como único mandamento, síntese de todos os demais, como o seu mandamento? É justamente porque ele nos une ao eternamente novo que é o amor de Deus. Participar do Ser de Deus, ter a vida eterna como constituição espiritual, é viver a perenidade do amor em suas situações concretas. Vejamos que a vida espiritual foi estabelecida sobre tantos suportes, mas não sobre o amor. A preocupação é a execução de leis, e não a vivência do relacionamento de amor. Os planos pastorais não priorizam o amor pelos necessitados que são prediletos do Pai. Jesus bem o declara na parábola da ovelha perdida e do Pai amoroso que acolhe o filho que se perdera. Renovar os corações, na linguagem de Paulo, é revestir-se de Cristo. Não se trata de um revestir-se exteriormente, e sim no interior como um novo modo de vida, de pensar e agir. É uma vida nova. O mistério redentor de Cristo atinge a pessoa em sua raiz. É a temática da Ressurreição em nossa vida, como lemos na carta aos Colossenses (Cl 3,1-4).
Uma terra renovada
Onde chega o amor de Cristo, através daqueles que O acolheram, acontece a mudança do mundo. A missão que Cristo nos confia é transformar as realidades terrestres e os relacionamentos do povo através do dinamismo do amor Divino. Uma religião que se volta só para si não cumpre sua missão primeira que é elevar as pessoas e o mundo. A fome do ter, do poder e do prazer que se expressam na vaidade, orgulho e corrupção, é um dano para a humanidade e para o universo. A profecia que se encontra no início da humanidade: “maldita seja a terra por tua causa” (Gn 3,17), na ocasião do pecado original, foi desfeita por Jesus. A redenção que Jesus nos trouxe, será realidade no exercício do amor que, pela Palavra, pelo serviço fraterno e pela adoração a Deus sanarão todos os males e teremos um novo céu e uma nova terra.
ARTIGO PUBLICADO EM ABRIL DE 2013
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