“Céus, deixai cair o orvalho; nuvens, chovei o justo; abra-se a terra e brote o Salvador”(Is. 45,8). Esta súplica ardente acompanha o povo na espera do Salvador. Deus sempre ouve as súplicas de seus filhos. Na plenitude dos tempos, quando o fruto estava maduro, Deus enviou seu Filho ao mundo. O evangelista Mateus, ao narrar o nascimento e infância de Jesus (cap 1 e 2) mostra que se realizam as promessas que Deus fizera através dos profetas e patriarcas. O evangelista inicia a narrativa com a palavra “origem”: “A origem de Jesus foi assim” (Mt 1,18). Quer indicar que há uma nova criação, como fora a origem do mundo, em sua criação. O Espírito movia-se sobre as águas (Gn 1,2). A geração de Jesus é também uma obra do Espírito de Deus, como no começo do mundo. Ele guia a história do povo e o leva ao momento de se realizarem as promessas. Deus prometera a Davi um trono estável (2Sm 7,1-29). O Isaias (7,10-14) faz a profecia de uma Virgem que dará à luz um filho que terá o nome de Emanuel, Deus Conosco. Era um momento de difícil situação política e religiosa na qual parecia se romper a promessa de Deus por causa das loucuras do rei Acaz. Mas há sempre uma esperança. A promessa feita para aquele momento torna-se profecia de um rei futuro. Quando chega o momento, encontramos Maria, a Virgem, desposada com um homem chamado José, da família de Davi (Mt 1,20). O casamento de José e Maria se dá em dois momentos: primeiro o contrato, depois a celebração para a vida juntos. O marido é José, homem justo, conhece os caminhos de Deus como Abraão, que creu, mesmo sem ter ainda o filho Isaac. Deus age por meio de pessoas justas. O Filho é Jesus, o Deus conosco. O nome que o Anjo lhe dá, indica a missão. Nome Jesus (Iehô-Ieshûá) significa Deus é salvação, presente na história.
O Senhor dará um sinal
O profeta manda que rei Acaz peça um sinal a Deus. Ele recusa, pois tem medo dos sinais de Deus por causa de suas idolatrias. O profeta anuncia uma criança, um filho que será sinal para o rei. É um sinal de esperança para o povo que corre o risco de romper com a dinastia de Davi e assim perder o futuro. Em Jesus se realizou a esperança do povo.
Ele é o sinal de que Deus não esquece o que promete. Jesus é tudo o que o Pai quis para nós. Ele realiza tudo o que o Pai espera de nós. E nós estamos unidos a Ele que se uniu a nós. Ele é o Sinal de que Deus salva; Ele é o Emanuel, Deus conosco. Está unido ao Pai e ao Espírito. Jesus Cristo, não é só um homem, mas o enviado de Deus. Deus irrompe na vida de José sob forma de Anjo do Senhor. José é pai segundo a lei. Mas ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Maria é também sinal. É Virgem que da à luz. Participa do desígnio de Salvação. Assim as promessas são cumpridas e a Salvação se torna realidade.
Chamados ao apostolado
Deus continua a agir através do apostolado. Por Jesus “recebemos a vocação do apostolado a fim de trazermos à obediência da fé todos os povos pagãos para a glória de seu nome” (Rm 1,7). Deus permanece fiel ao anúncio de Salvação. O apostolado não depende só de uma atividade humana, mas é uma sinergia entre Deus e a pessoa. O Espírito está presente no apostolado como criação e redenção. A redenção está intimamente unida à ressurreição. Celebrando o Natal, acolhemos aquele que é o sinal de Deus e nos fazemos seu sinal pela fé que temos e celebramos. Celebrar é também tornar presente esse sinal de Deus, Jesus, para a vida.
Leituras:Isaias 7,10-14; Salmo 23;
Romanos 1,1-7;Mateus 1,18-24
1. A súplica por um Messias acompanha o povo em sua história. Deus enviou seu Filho. Mateus quer mostrar a origem de Jesus, como um começo de um mundo novo, como a criação do Gênesis. O mesmo Espírito que paira sobre as águas, está sobre Maria. Isaias, em um momento de perigo à promessa de Deus, promete um filho ao rei e ao mesmo tempo uma profecia para o futuro. Ele nascerá de uma Virgem e será o Emanuel. Essa Virgem é Maria e o Justo é José. O Anjo manda que se ponha o nome de Jesus que significa: Deus é salvação.
2. O profeta manda que o rei peça um sinal. Ele recusa. É um sinal de esperança para o povo. Em Jesus se realizou a esperança do povo. Jesus é sinal de que Deus não esquece o que promete. José é o pai segundo a Lei. Mas ela concebeu por obra do Espírito Santo. Maria é também um sinal e participa do desígnio de Salvação.
3. Deus continua agindo através do apostolado. Recebemos a vocação do apostolado, a fim de trazermos à obediência da fé, os povos pagãos para a glória de seu nome. O Espírito continua presente nessa obra de redenção que conduz à ressurreição. Celebrar é também tornar presente esse sinal de Deus.
E agora José, acordou?
A partir do dia 17.12 iniciamos a preparação imediata do Natal, primeira vinda de Jesus, nascido na carne, como escreve Paulo. O evangelho de Mateus conta com isso aconteceu. Aí aparece um moço justo que foi o primeiro a acolher o Deus conosco, Emanuel, já no seio de Maria.
José foi avisado em sonhos, quer dizer, no mistério da fé, que o filho de sua prometida esposa era o Filho de Deus. Quando acordou, fez o que o Anjo havia explicado. José é o exemplo de como se vive na penumbra da fé acolhendo Deus. Eu não queria ser José. Passou dificuldades.
Homilia do 4º Domingo do Advento
EM DEZEMBRO DE 2007
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