terça-feira, 25 de outubro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “E foi morar em Nazaré”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Deus escolheu a família
 
Os evangelhos são um catecismo que nos ensina o conhecimento de Cristo e a vivência de seu mistério. Tudo o que era humano, era familiar a Jesus e bom para anunciar o Reino de Deus. Jesus entra nos problemas das pessoas e infunde nelas a esperança, como vemos no mandamento novo, razão da vida de todos os seus seguidores. Esse amor é o serviço humilde. Assim dá o fundamento para a vida de seus discípulos. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Quando os evangelistas se referem à realidade da família de Jesus, tem-se a impressão que não querem tanto descrever um álbum de família, mas dar ao povo de Deus a medida de todo homem e mulher e de sua união de família. Este é o caminho de salvação. É na família que o discípulo cresce. Em primeiro lugar, Deus escolheu a família ao vir ao mundo. A maravilha da encarnação difere de nossas vidas, mas tem a ver conosco. É caminho para nós: Nós devemos dar o sim ao projeto de Deus. Suas dificuldades não são mais do que o retrato de nosso cotidiano que deve olhar mais longe: “pensar nas coisas que são do Pai”. José e Maria devem discernir os caminhos de Deus quando fogem com o Menino para o Egito e de lá voltarem. Deus não lhes explicou o quê, nem o por que estava acontecendo. Tiveram que viver o grave problema na fé. Nós também devemos enfrentar os problemas com fé. A fuga para o Egito, por pouco histórica que seja, faz parte da história de nossa vida: O povo de Deus foi estrangeiro e fez sua saída do Egito, depois de 400 anos. Jesus também se faz estrangeiro e faz sua saída, sempre em busca da terra prometida. Nós, se não fizermos um êxodo em direção a Cristo, nossa terra prometida, não realizaremos nossa fé. A família o realiza juntos. Sem esse êxodo, não consegue entender porquê de suas vidas. 
Em nada diferentes 
A realidade da família hoje difere muito da de outras épocas. Cada época tem seu modo de ser. Não é nem melhor nem pior. Não podemos buscar o passado como se ele fosse o melhor. Temos nossa contribuição a dar. Se as realidades atuais são difíceis, mais generosa deve ser a resposta dada a Deus. Os princípios do amor, do respeito à vida, do respeito à pessoa, do amor serviçal, da fidelidade ao compromisso são os mesmos que José, Maria e o Menino viveram. José é chamado de homem justo, ou seja, vivia bem todas as realidades. O Menino, mesmo sendo obediente aos pais, não deixava de mostrar sua fidelidade ao Pai. Maria sabia estar junto aos seus, como fez com Isabel. Estava sempre buscando compreender o Filho. Silenciosamente esteve junto. Percebem-se na família de Nazaré mais olhares de confiança do que palavras. Quem sabe esteja aqui o caminho para hoje: mais abertura ao ser humano que discursos e mais presença junto de Deus e das pessoas do que acúmulo de rezas. Jogamos com a diferença das pessoas na igualdade do amor. 
Há uma esperança 
A Igreja celebra a Sagrada Família de Nazaré como modelo e estímulo a todas as famílias e para todo o povo de Deus que é uma família. Cheguei à conclusão de que, se deixarmos de lado a família, não saberemos mais como é Deus, porque, em outra dimensão, a Trindade santa é comunhão, é família. A esperança se localiza na capacidade de entrega e acolhimento. Todo ser humano é belo, é bom é saudável, dependendo do ponto de vista que olhamos. Se olharmos com os olhos de Deus, saberemos o caminho a tomar. Cada ser humano é único e capaz de viver plenamente a vida, se lhe dermos o amor na esperança. 
Leituras: Eclesiástico 3,3-7.14-17ª; Salmo 127;
 Colossenses 3,12-21; Mateus 2,13-15.19-23 
1. Os evangelhos são um catecismo que nos ensina o conhecimento de Cristo e a vivência de seu mistério. Tudo que era humano, era familiar a Jesus e bom para anunciar o Reino de Deus. Jesus escolheu a família para vir ao mundo. Ela é uma medida para a vida do discípulo. Cotidiano de Jesus era o nosso. Ele nos ensina a “pensar nas coisas do Pai”. Como nós, viveu os problemas da vida na fé, como o caso da fuga do Egito. Esta fuga tem o sentido de refazer a caminhada do êxodo para a terra prometida, para nós, o Céu. 
2. A família difere das famílias de outras épocas. Não é melhor nem pior. Cada época tem sua resposta e sua contribuição a dar. A família de Jesus deu sua resposta e serve de modelo de amor, respeito à vida, respeito à pessoa, amor serviçal, fidelidade ao compromisso. José é chamado de Justo, quer dizer, vivia bem todas as realidades. Não era um super-homem, era um homem de Deus. Maria estava sempre presente para os seus, no serviço. O Menino compunha pela obediência. O silencio diante do mistério falava pelos olhares de confiança. É o caminho: abertura ao ser humano. É preciso mais presença junto às pessoas e junto a Deus. 
3. A Igreja celebra a Sagrada Família como modelo e estímulo para as famílias e para todo o povo de Deus. Se deixarmos a família, não saberemos mais como é Deus, pois a Trindade é comunhão, é família. Nas dificuldades, se olharmos com os olhos de Deus, saberemos o caminho a tomar. O amor é o caminho, a verdade e a vida. 
Foto de Família 
Nos dias do nascimento do Menino, nada como tirar uma foto para a posteridade. A Família de Nazaré é uma foto de cada um de nossas famílias. Deus quer morar conosco. No dia em que acabarmos com a família, não mais saberemos como Deus é, pois Ele é comunhão e família. Jesus passa pelos sobressaltos da vida na dor e dificuldades, logo nos primeiros dias. Bom sinal para nós. Nessa família instaura–se o valor da pessoa, seja idosa ou criança. Para viver bem na família, basta tudo fazer em nome de Jesus e por Ele dar graças a Deus. 
Homilia da Solenidade da Sagrada Família
EM DEZEMBRO DE 2007

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