PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 54 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Ao comunicar-Se conosco, Deus não nos tirou de nossa realidade, mas penetrou-a de sua graça, dando-nos a possibilidade de encontrá-Lo em todo tempo e lugar. O Filho de Deus, na Encarnação, assumiu a natureza humana e também o mundo em que vivia, sua história e sua cultura. Foi gente de sua gente. Assim, o tempo foi santificado com sua presença. Em Deus não há a categoria tempo. Jesus assumiu essa condição para nos deixar claro que vivemos no tempo para nos santificarmos, isto é, viver no tempo a Vida Divina que nos foi dada. Como a liturgia é a celebração do Mistério de Cristo, sua vida, sua Morte, sua Ressurreição e sua Ascensão acontecem no tempo. Desse modo o tempo litúrgico nos oferece ampla participação das riquezas da liturgia que é a celebração de Cristo no tempo. As celebrações não são realidades que se repetem, mas é o mesmo mistério sempre novo e sempre antigo. Conhecemos mais e podemos viver melhor para celebrar com maior fé. A celebração é uma fonte que sempre jorra a mesma água, sempre fresca e nova. Sempre vamos a uma celebração como se fosse a primeira. E a mesma palavra e mesmos ritos nos oferecem a novidade do Reino. O motivo fundamental é que a celebração é um mistério. Não por ser incompreensível, (às vezes o fazemos), mas por ser memorial. Fazemos memória sacramental. Os fatos se tornam presentes com o mesmo vigor de vida e mesma capacidade de oferecer a salvação. Podemos vivê-los, sempre, com a mesma intensidade e identidade.
O culto se organiza
A Igreja organizou o tempo litúrgico. O culto a Deus acontece no tempo natural. Já havia no judaísmo um calendário de festas, as celebrações na sinagoga e as bênçãos domésticas. Os apóstolos, depois da Ressurreição participavam. O que tinham de próprio eram as celebrações pelas casas. Lentamente, se organizou a vida celebrativa da comunidade cristã. Em 313, os cristãos adquiriram o direito de existir no império romano. No ano, 380, quando o cristianismo se tornou religião oficial do império, começaram a organizar mais fortemente as celebrações com influências do modelo romano. Não havia templos no cristianismo. Surgiram, então, as basílicas que eram lugares da reunião da comunidade. Havia também as celebrações na Domus Ecclesiae (casa da comunidade). Houve grande influência da estrutura do Império Romano sobre a Igreja. Perdeu-se a espontaneidade e passou-se à organização do culto. Foi lenta, mas consistente. Contudo se manteve sempre a consciência de ser o culto uma ação divino/humana. Por mais difícil que fosse a compreensão das celebrações, houve sempre a ação da graça.
Culto, caminho cristão
O culto, a celebração e a oração não são somente impulsos interiores da condição humana que busca o Criador, mas fazem parte da vida como parte do corpo, da mente e dos sentimentos. O culto é caminho espiritual. Por ele ouvimos, respondemos e colocamos em prática. O culto traz em si a graça daquele que vem ao nosso encontro e a resposta, às vezes tão frágil, daquele que busca o Senhor. A medida não se faz pelo conhecimento nem mesmo capacidade de explicitação, mas pelo movimento do coração que se abre. Não existe celebração vazia, pois quem a “enche de vida” é o Senhor. É Ele que toma a iniciativa e abre as portas de seu Ser Divino a cada um dos seus. Celebrar é sempre um dom e não só um dever. A celebração é a escada de Jacó que une a terra ao Céu.
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