Na madrugada de 13 de dezembro de 1779, em Ivigny, na Borgonha, França, Madalena Sofia nasceu prematura devido a um incêndio assustador que arrasou a casa vizinha àquela em que moravam seus pais. Se um incêndio marcou seu nascimento, o fogo da fé presente em sua alma contagiou muitas outras durante toda a sua existência, que abrangeu o período da sangrenta e anticristã Revolução Francesa.
Sua mãe quase perdeu a vida e Madalena, devido ao risco de morte que corria, foi batizada no mesmo dia, tendo como padrinho o irmão Luís, de doze anos, profundamente ligado aos ensinamentos cristãos.
A família de Madalena tinha uma atividade econômica ligada sobretudo ao vinhedo e ao bosque. Pertencia à pequena burguesia rural em ascensão social e compreendia a importância dos estudos.
Madalena Sofia demonstrava sua força de caráter ajudando sua mãe a recuperar o ânimo, porém ela guardará uma repulsa pela Revolução Francesa, que identificava como um “tempo de ódio contra Jesus Cristo”. Ainda em 1840 a Marseillaise a fazia tremer; e em 1848 associava as manifestações populares ao período revolucionário do “Terror”.
Quando Luís Barat foi libertado, em 1795, ele se ordenou sacerdote e foi para Paris, acompanhado da irmã; celebrava a Santa Missa clandestinamente. Madalena ensinava catecismo às crianças do bairro e continua sua formação religiosa e profana, rodeada de algumas jovens, com as quais começa um ensaio de vida em comum.
Trabalhando na reconstrução da Igreja aniquilada pela revolução, Madalena confiou sua orientação religiosa ao sábio e famoso Padre José Varin. Este sacerdote expôs-lhe o projeto de fundar uma congregação de educadoras, inspirada pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Percebendo as necessidades da época e seguindo forte inspiração, Madalena, aceitou humildemente a ajudá-lo em tal missão, cheia de desconfiança em suas forças: “Aceito tudo, sem compreender nem prever nada”, disse.
A Congregação do Sagrado Coração de Jesus, que tinha por objetivo o ensino gratuito de meninas pobres, foi fundada em 21 de novembro de 1800. Junto com outras companheiras Madalena vestiu o hábito da congregação na capela da Rua Touraine, diante do quadro da Virgem Ssma., e embora fosse a mais jovem, tinha apenas 23 anos, foi nomeada superiora. A Santa partiu para Amiens para ensinar em uma escola que foi o primeiro convento da congregação.
A congregação reuniu sempre mais seguidoras e enfrentou muitas dificuldades até obter a aprovação canônica. Para manter as escolas gratuitas, Madalena as criava aos pares: uma para as meninas pobres e outra para as de classe rica, que custeava a primeira. Assim espalhou a vocação da congregação, com suas missionárias sendo enviadas pelo mundo.
A Santa percorreu a França em todas as direções, e do mesmo modo a Suíça e a Itália, para estender a Instituição e atender aos necessitados. O talento varonil e o saber pouco comum, a vontade indomável e o coração de mãe, tendo por base as mais austeras e profundas virtudes, granjearam-lhe fama em todas as classes sociais. Falava com nobres e príncipes, sábios, bispos e cardeais.
Quando não estava ainda estabelecida a clausura, Santa Madalena Sofia ia à sua aldeia natal de Joigny e tomava como companheira uma das religiosas mais aristocráticas, a fim de esta ficar a conhecer a pobreza da casa em que nascera.
Um grande senhor encontrou-a um dia com a vassoura na mão. - Que faz, Madre Geral? – Senhor Duque, o que teria feito durante toda a vida se tivesse ficado no lugar que me toca. “A Madre Barat é a revelação da humildade”, dizia um Bispo.
Durante 63 anos ela fundou 122 escolas em 16 países. Como não podia visitar tantas fundações, mantinha contato com elas por meio das inúmeras cartas que escrevia. Encarregava-se também da administração da casa-mãe e de atender as visitas que chegavam para pedir-lhe conselho. Em uma de suas cartas escreveu: “O trabalho excessivo é um perigo para as almas imperfeitas; porém as perfeitas obtêm, por esse meio, uma rica colheita”.
Em dezembro de 1826, o Papa Leão XII aprovou oficialmente a Sociedade do Sagrado Coração. Em 1864, aos 85 anos de idade, a Santa pediu ao conselho geral que permitisse que ela renunciasse a seu cargo, a assembleia, porém, não atendeu a seu pedido, mas nomeou uma vigária para ajudá-la nos trabalhos.
No dia 21 de maio de 1865, estando na casa de Paris, a Santa anunciou à comunidade a sua morte próxima com estas palavras: “Apresso-me a vir hoje, pois na quinta-feira vamos para o Céu”. Efetivamente, sofreu um ataque e no dia 25 de maio de 1865, Festa da Ascensão do Senhor, carregada de méritos e trabalhos pela glória do Coração de Jesus, beijando o Crucifixo, entregou sua alma a Deus.
Vários milagres e muitas conversões aconteceram logo depois de seu falecimento, conforme os registros que regeram sua canonização, que ocorreu em 24 de maio de 1925, decretada pelo Papa Pio XI. Santa Madalena Sofia Barat é festejada nos cinco continentes no dia de seu falecimento. A congregação atua em quarenta e quatro países, inclusive no Brasil.
https://paroquiamadalenasofia.com/
Devoção ao Mater Admirabilis
Uma vez que o Coração de Jesus está intimamente unido com o de sua mãe, o culto do Sagrado Coração é inseparável do de Maria Santíssima. A imagem mais conhecida e mais amada nos Institutos do Sagrado Coração espalhados pelo mundo é aquela chamada "Mater Admirabilis". O nome lhe foi dado pelo Papa Pio IX em 20 de outubro de 1846.
Em 1844, no convento da Trinità dei Monti, um jovem postulante francês, que mais tarde se tornou religioso, Paoline Pedrau, recebeu um pedido das religiosas para pintar um mural da Virgem Maria. Depois de semanas pintando, Pauline finalmente terminou seu trabalho. Quando a madre superiora viu o afresco, considerou as cores fortes e brilhantes demais e mandou cobrir a obra com um pano.
Anos depois, no dia 20 de outubro de 1846, o papa Pio IX estava visitando a capela e perguntou o que estava por trás do tecido. A madre superiora tentou desviar a atenção do papa para outros assuntos, mas ele exigiu ver a obra. Quando puxaram o pano, revelou-se novamente a obra que Pauline tinha pintado anos antes. As cores haviam empalidecido para criar uma imagem mais suave do que a do passado. O papa declarou que a imagem era a Mater Admirabilis, a "mãe mais admirável", e pediu à madre superiora que jamais a cobrisse novamente.
O papa Leão XII ofereceu, em 1828, a igreja de Trinità dei Monti ao Sagrado Coração de Jesus.
A Sociedade do Sagrado Coração celebra a festa da Mater Admirabilis todo 20 de outubro, em lembrança da declaração do papa Pio IX. A pintura é reproduzida em todas as escolas do Sagrado Coração.
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