terça-feira, 25 de maio de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “A vela do meu batismo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Recebe a Luz de Cristo.
 
Não há batismo sem vela. No final da cerimônia do Batismo, os padrinhos recebem a vela. O celebrante proclama: “Recebei a luz de Cristo! Pais e padrinhos esta luz vos é entregue para que a alimenteis. Por isso esforçai-vos para que esta criança caminhe na vida iluminada por Cristo e possa ir ao encontro do Senhor, quando Ele vier”. O Batismo não é um fato do passado. Ele permanece no dia a dia, pois é através dele que recebemos a fé. A fé é a luz que ilumina e esclarece o caminho de nossa vida. Cada dia é dia do Batismo pois sempre nos mergulhamos nesta vida divina. Por outro lado, a vida divina vai mergulhando em nossa vida humana, de tal modo que nossos atos se tornam luminosos. A vela é símbolo desta iluminação que deve atravessar nossa vida. Segue-nos nas várias etapas que vamos vencendo nos anos que passam. Nós a vemos na primeira comunhão, na crisma e no momento da morte. A vela é acesa no Círio Pascal, sinal da vida ressuscitada de Jesus. 
Chegou o dia da querida festa. 
Acendemos a vela no dia da primeira comunhão. É pelo Batismo que nos é aberta a participação da Ceia do Senhor. Por isso é que renovamos as promessas do batismo na celebração da primeira comunhão. A luz da vela ilumina para distinguir este alimento pão eucarístico de outro pão. Deste modo a lâmpada do Batismo ilumina a mesa do pão da vida. É pela fé que nos alimentamos. Ela nos faz perceber a mudança que houve naquele pão. Alumia para distinguir o caminho da fraternidade e da necessidade da partilha. 
Luz que vem do Espírito. 
Quando somos crismados, temos novamente a presença da luz da vela na renovação das promessas do Batismo, dando-nos a perceber que a Crisma é continuação deste sacramento inicial, pois lavados, somos ungidos. Pela fé acolhemos o Espírito Santo como o dom de Deus. É o Espírito Santo que nos faz “cristãos” que quer dizer ungidos. Somos outros Cristos. A luz da fé não só nos ilumina, mas nos eleva como luz para os outros. É o testemunho. Somos luz de Cristo. A luz permanece em sua função de clarear o caminho para o encontro com os outros. Ela nos ilumina interiormente para distinguirmos em nós o que é do Espírito e o que é da carne. 
Ir ao encontro do Senhor. 
No momento do Batismo já nos é dada a destinação de batizados: a vida eterna. Por que esta indicação um pouco assustadora? Nesse momento o fiel faz já seu ingresso na vida que dura para sempre. O sentido de colocar a vela nas mãos do moribundo quer dizer que toda sua vida foi encaminhada de acordo com a fé e agora a luz da fé ilumina a passagem do túnel da morte para transformá-lo no portal feliz do Paraíso. Iluminando pela luz da fé, simbolizada na vela, a luz de Cristo é o mapa para o caminho da vida e da morte. A vela não vai resolver nada, mas, se houve a fé, ela testemunha simbolicamente uma vida iluminada. O fiel cristão está a dizer: guardei minha fé.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2004

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