Evangelho segundo São João 15,26-27.16,12-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar por agora.
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário ao Êxodo, cap. 15
Do Pentecostes judaico
ao Pentecostes cristão
O Monte Sinai é símbolo do Monte Sião. Reparai como as duas alianças se ecoam uma à outra, com que harmonia a festa de Pentecostes é celebrada em cada uma delas. O Senhor desceu ao monte Sião no mesmo dia e de maneira muito semelhante a como tinha descido ao monte Sinai. Escreve São Lucas: «Subitamente, fez-se ouvir, vindo do céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles» (At 2,2-3). Sim, tanto num como noutro monte se ouve um ruído violento e se vê um fogo: no Sinai, foi uma nuvem espessa, no Sião o esplendor de uma luz muito forte; no primeiro caso, tratava-se de «imagem e sombra» (Heb 8,5), no segundo caso, da realidade verdadeira. No passado, ouviu-se o trovão, hoje, discernem-se as vozes dos apóstolos; de um lado, o brilho dos relâmpagos, do outro, grandes prodígios. «Moisés mandou o povo sair do acampamento, para ir ao encontro de Deus, e pararam junto do monte» (Ex 19,17); nos Atos dos Apóstolos, lemos que «ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada» (v. 6): o povo de toda a Jerusalém reuniu-se aos pés da montanha de Sião, ou seja, no lugar onde Sião, a imagem da Santa Igreja, começou a ser edificado, a colocar os seus fundamentos. «Todo o Monte Sinai fumegava, porque o Senhor havia descido sobre ele no meio de chamas», diz o Êxodo (v.18). Aqueles que tinham sido abrasados pelo fogo do Espírito Santo não poderiam deixar de arder; e, assim como o fumo assinala a presença do fogo, assim também o fogo do Espírito Santo manifestou a sua presença no coração dos apóstolos, revelando-Se pela segurança dos seus discursos e a diversidade das línguas que falavam. Felizes os corações que estão cheios deste fogo! Felizes os homens que ardem com este calor! «Todo o monte estremecia violentamente, e os sons da trombeta repercutiam-se cada vez mais» (vv.18-19) ; também a voz dos apóstolos e a sua pregação se tornaram cada vez mais fortes, fazendo-se ouvir cada vez mais longe, até que «por toda a Terra caminha o seu eco, até aos confins do Universo a sua palavra» (Sl 18,5).
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