PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA MISSIONÁRIO REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 45 ANOS SACERDOTE |
Jesus continua sua revelação. Como já vimos, o tempo do Natal é o tempo da manifestação do Senhor. Manifestou-se aos pastores, a todos os povos na pessoa dos Magos, aos judeus no batismo do Jordão, e neste domingo temos a manifestação aos discípulos. Este manifestação não é notada. Mas se formos ver os evangelhos deste domingo do ano A, B e C encontraremos esta manifestação aos discípulos. Podemos perceber que no 2º domingo do ano C, lemos o evangelho de João. Depois voltamos para Lucas. Nos anos A e B lemos a passagem onde João, o Batista, mostra Jesus aos discípulos. Eles o seguem. João, o Evangelista, diz no evangelho de hoje: “manifestou-se sua glória e os discípulos creram nEle”. Para ser discípulo é necessário ter fé em Jesus. O fundamento de nossa fé não são os santos nem as devoções, mas a fé em Jesus. A mudança da água em vinho significa a mudança que a fé em Jesus provoca: recebemos um vinho novo, isto é uma vida nova, um novo sentido da vida, a partir de Jesus.
A fé e a festa.
O evangelho das bodas de Caná não está falando de casamento, mas de fé. Na narrativa do milagre da mudança da água em vinho, refere-se ao sentido da fé. Procuramos este sentido na ligação da fé com a simbologia do matrimônio. Por aqui podemos compreender nossa fé. A água transformada em vinho tem um correlativo no mundo pagão. Ouvi, de professores, que havia uma crença no paganismo que certas fontes do Oriente Médio, jorravam vinho em lugar de água pelos fins de janeiro. João está a dizer que Jesus é a verdadeira fonte do vinho novo que dá o sentido da verdadeira festa que é o encontro de Deus com seu povo como nos diz Isaias 62,1-5. Deus é o esposo de seu povo. Jesus é chamado de “esposo” que dá o dom da fé. Ela promove uma relação de intimidade com Deus e dá alegria. E Deus se alegra em nós “tu és a alegria do teu Deus” (Is 62,5). Com este sentido podemos compreender a santificação do matrimônio. O casamento torna-se uma expressão visível do sacramento fundamental que é Cristo na sua relação com o povo e cada fiel, vista em chave matrimonial. Vendo deste modo, ter fé é criar um relacionamento com Deus em Cristo em que Ele nos ama, se compromete conosco, dá alegria e recebe de nós a alegria. Fé não é uma doutrina, mas um amor que se relaciona. A fé liberta para a festa e para o amor. A partir deste dado, o casamento, realizado na fé, torna-se caminho de santidade em toda sua realidade carnal e espiritual, em tudo que tem de belo e angustiante.
A fé é compromisso.
Continuando a leitura da liturgia da Palavra, Paulo nos demonstra na carta aos Coríntios (1Cor 12,4-11), que a fé, atuada no amor de Cristo, significa que todos os nossos dons são para o bem comum. Este tipo de amor que encontramos em Deus, e que é significado pelo matrimônio, realiza-se no dom que oferecemos uns aos outros. O dar-se matrimonial, nas relações com os demais é colocar-se e colocar os dons a serviço e para o bem dos outros. Isso significa amar de corpo e alma. Bodas de Caná fala de fé.
Leituras: Isaias 62,1-5;
1 Coríntios 12,4-11;João 2,1-11
Homilia do 2º domingo do Tempo Comum (18.01)
EM JANEIRO DE 2004
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