sexta-feira, 6 de setembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Santa Tradição – Palavra de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
O que nos foi transmitido 
“A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4,12). Sem ela não podemos encontrar o que Deus quer para nós e como chegar a Ele. Mas a Palavra não está algemada (2Tm 2,9). Ela é a fonte da Palavra que lemos e vivemos. O tema da Tradição está deixado de lado em nossas reflexões e catequeses. Podemos cair na doutrina de Lutero afirmando que só existe a Escritura. Há um pensamento falho. Podemos perguntar onde está na Bíblia que ela seja a única fonte. Antes de os textos bíblicos serem escritos, já se vivia a fé e os bons costumes. O Antigo Testamento começou a ser escrito pelo ano 700 antes de Cristo. Primeiro se viveu e depois de séculos, foi condensado na Palavra. Daí vem a palavra tradição. Não é a busca de viver só o passado, como está na opção de muitos, mas acolher a fé que é transmitida através da Igreja, desde Jesus. O discernimento desta fé se faz com os meios que Deus nos deu na Escritura, na Tradição e na compreensão que tiveram os antigos, os doutores, como foi celebrada na liturgia e vivida na fé do povo de Deus. Vejamos a riqueza desses meios. Nenhum age por si só. Como no Antigo, no Novo Testamento, Jesus é a Palavra Viva que é fonte de toda a verdade da salvação. Dele já falaram os profetas e o salmos (Lc 24,44). Os apóstolos e os discípulos continuaram a missão de anunciar a Verdade. 
A comunidade que anuncia 
Só mais tarde os ensinamentos de Jesus, vividos pelos discípulos, foram escritos. A pregação do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras: Oralmente e por escrito. O Evangelho foi transmitido pelos apóstolos que, na pregação oral, transmitiram o que receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo. Muito depois, apóstolos ou homens que com eles viveram, guiados pelo Espírito, puseram escreveram a mensagem da salvação. Entre o ensinamento de Jesus, dos apóstolos e dos discípulos, houve bastante tempo. A Bíblia nasceu no meio do povo que vivia a verdade. A Tradição já existia quando a Palavra foi colocada no livro. Paulo diz, no ensinamento sobre a Ressurreição e a Eucaristia, que recebeu o que já se fazia e ensinava. Somem-se aqui muitos fatos que aconteceram e que passaram para a vida da Igreja sem estarem escritos na Bíblia. Ela se tornou assim, juntamente com a Tradição, fonte de verdade e de vida. É certo que há muitas coisas que não foram escritas. Quem discerne? A Igreja tem a autoridade maior que controla, também pelo Espírito Santo que é dado para seu ministério, como por todos os que conhecem a Palavra e a transmitem. 
Uma Igreja da Tradição e da Palavra 
“Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos e a eles transmitindo o seu próprio encargo no ministério” (Catecismo, 77). A transmissão viva dos ensinamentos, realizada pelo Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da S. Escritura, porém, intimamente ligada a ela. A Igreja, em sua doutrina, vida e culto perpetua e transmite a todas as gerações, tudo o que ela é e crê” (DV 64). A Escritura é a Palavra de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo. A Sagrada Tradição transmite aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito de verdade, eles a anunciem, conservem e difundam. A Igreja não tira sua certeza a respeito de tudo que foi revelado somente pela Escritura, mas também pela Tradição. Ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento e reverência (Cat. 81-81). É isto o que ensina a Igreja Católica.

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