sábado, 21 de setembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “O Senhor é bom”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Acolhendo um chamado 
O evangelho desse domingo quer resolver uma questão que havia entre os primeiros cristãos vindos do judaísmo e os cristãos vindos do paganismo. Os judeus estavam com ciúmes e inveja dos cristãos que vinham dos muitos povos e se colocavam em igualdade com eles, assumindo a vida da comunidade. Os judeus, há séculos seguiam o Senhor e queriam uma proeminência na comunidade cristã sobre aqueles que somente agora acolhiam o Reino. A parábola mostra que o dono da plantação chama operários para a colheita. No sistema do tempo, os que queriam serviço, se reuniam no lugar costumeiro e o dono ia lá contratar os que ele escolhesse. Com a vinda de Jesus, outros povos começam a ser chamados e respondem. Estes são os operários da última hora. A reflexão toca num ponto importante: o conhecimento de Deus: Por isso diz o profeta Isaias: “Buscai o Senhor enquanto pode ser achado; Invocai-o enquanto Ele está perto” (Is 55,6). Jesus faz um chamado, mas quer a abertura para que O acolhamos. Mais dura é a síntese que Jesus faz desse texto: “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 2016ª). Vemos que os cristãos vindos do paganismo receberam o Evangelho com muita alegria e corresponderam com muita força. O cristianismo entre os judeus de Jerusalém e da Ásia Menor ficaram fechados. Lembramos outra parábola: “O Reino vos será tirado e dado a um povo que produza frutos” (Mt 21,43). Se não correspondermos, ficaremos de fora também. Essa parábola nos faz lembrar que essa situação é muito comum em nossas comunidades onde pessoas se sentem donas dos cargos e costumes da comunidade. Não aceitam mudanças.
Recompensas que Deus dá 
Ninguém trabalha para Deus por uma recompensa. A recompensa é poder atender seu chamado. Deus não nos paga segundo nossos méritos, mas segundo sua extremada bondade. O grande salário que Deus dá é Ele próprio. O salmo nos descreve quem é o Senhor: “Misericórdia piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos. Sua ternura abraça todas as criaturas” (Sl 144). Nosso prêmio e reconhecimento é o Senhor: “Somos servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Não somos inúteis por não prestarmos, mas por poder sempre fazer melhor. São Paulo sente vontade de ir para estar com Cristo. Esse é o grande prêmio que espera. Mas, se for ainda necessário, não sabe o que fazer, pois, tanto estar com Cristo no Céu, como trabalhar por Ele e pela comunidade na terra tem o mesmo valor (Fl 1,20ss). E diz com força: “Só uma coisa importa: viver à altura do evangelho de Cristo” (Fl 1,27ª). A força do Evangelho está acima de qualquer paga que tivermos. Temos o costume de ficar chateados quando não reconhecem nosso trabalho. Deus reconhecendo já basta. 
Para mim, viver é Cristo 
Os que trabalham no Reino de Deus e acolhem o Evangelho como vida, entendem bem essa frase de Paulo: “Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pelo minha vida, seja pela minha morte, Pois para mim, o vier é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,20c-21). Cristo é seu salário. Essa opção fundamental por Cristo é o mais importante de nossa vida. Sem ela não podemos entender a vivência do Evangelho. Jesus acaba sendo um anexo em nossa vida. Não a vida de nossa vida. Por isso nós temos um cristianismo frágil. Não somos capazes de modelar nossa vida por ele. Então podemos fazer o mal e não assumir a vida de comunidade. Viver Cristo é mais que viver. 

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