terça-feira, 13 de junho de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Era uma vez um rei”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1035. Se assim fizerdes
            As histórias de fada só de rei. Atualmente sobram alguns reis enfeitando alguns países. Às vezes com vantagens para a estabilidade, outras vezes são um brinquedo caro. Quando celebramos a festa de Cristo Rei, temos inicialmente a idéia da magnificência com que é apresentado. Há um sonho secreto de muitos na Igreja de manter aquilo que foi o poder com um Pontífice coroado com três coroas, a tiara. Há uma tendência, sobretudo entre jovens, pelo esplendor e daí passar ao poder. Não sei se fica bem continuar a pensar nesse modo de poder. Dois quiseram dar um golpe esperto e passar na frente os outros e pegar dois “ministérios no reino de Jesus”. Então os outros se desentenderam com eles. Mas Jesus insiste: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos (Mc 10,41-45). Jesus foi coroado sim, mas de espinhos; Foi colocado num trono: A cruz; Recebeu o manto de púrpura no jogo dos soldados; foi aclamado pelo populacho: Crucifica-o! Teve um cortejo real: Caminho do Calvário. O modo de exercer o poder Jesus o mostra na Santa Ceia: tomou a bacia e lavou os pés dos apóstolos, serviço do escravo. Depois acrescenta: “Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns dos outros...Se compreenderdes isto e o praticardes, felizes sereis” (Jo 13,14.17). A mentalidade do serviço poderia mudar muito a vida de nossas instituições. Essa mentalidade de poder faz a Igreja perder sua força de testemunho e de evangelização. Nossa missão não é dominar o mundo, mas servi-lo para que possa chegar a Deus. Ser igual aos outros poderes  destrói o próprio projeto de Jesus
1036. Corresponsabilidade
            O poder na Igreja, que é o serviço humilde, leva todos a terem o poder de servir. O modelo do serviço é o mesmo de Jesus, não uma teoria sobre Jesus. Os evangelhos são o caminho para aprender o que Jesus foi e fez. Na história, a vida cristã, muitas vezes se apoiou em filosofias nem sempre cristãs. Isso gerou uma compreensão frágil sobre o modo de seguir Jesus. A corresponsabilidade na Igreja ficou por conta dos que detém o poder. O padre sabe tudo, dizem alguns. E assim o padre acabou achando que sabia tudo. O padre é que sabe, a gente escuta das pessoas. Eu sou Igreja e por ela sou responsável. Certo que há problemas na prática. Difícil criar problema quem veio para servir. A corresponsabilidade ensina a dizer que não sou dono mas vou fazer minha parte, como feita a Deus e não às pessoas. A corresponsabilidade é também um meio de procurar as soluções no diálogo sincero e na disposição de saber ceder, pois todos buscam a vontade de Deus.
1037. Deixar-se servir
            Há um outro elemento no poder serviço que Jesus explica na última ceia e que tem passado desapercebido. Quando Pedro não aceita que Jesus lave seus pés, Jesus lhe diz: “Pedro, se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo”. Então Pedro concorda. Isso significa que serviço fraterno comporta também a aceitação de ser servido. Amar e ser amado. Temos que aceitar ser amados como Jesus mesmo dá o exemplo aceitando as demonstrações de amor das crianças, do povo que vinha a Ele, dos pecadores que encontravam renovação Nele. Na verdade o amor serviço é um modo de vida da comunidade no tratamento mútuo. 

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