domingo, 4 de junho de 2017

Homilia de Pentecostes (04.06.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Santificais a vossa Igreja” 
Uma festa para hoje
              Pentecostes é um acontecimento atual, como rezamos: “Ó Deus que, pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja em todos os povos e nações” (Oração). Não estamos lembrando um fato histórico maravilhoso, mas uma maravilha que se torna presente, sempre de modos diferentes, seja no silêncio do orvalho, seja no rumor da tempestade. Vem para todos, pois o mesmo Espírito que “pairava sobre as águas” é derramado sobre a multidão dos povos. Para tanto são apresentados os povos peregrinos presentes em Jerusalém e formam um leque mostrando as muitas direções que convergem para o momento (Atos 2,1-11). A santificação nos lembra que o Espírito foi derramado sobre todos: “Derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo”. O que pedimos é que Deus “realize agora, no coração dos fiéis, as maravilhas que foram operadas no início da pregação do Evangelho”. Esta maravilha é o anúncio do Evangelho. A Igreja deve acolher continuamente o dom do Espírito Santo no momento atual e torná-lo sempre presente por meio de sua atitude evangelizadora. Todos entendiam em sua própria língua as maravilhas de Deus. A grande riqueza da Igreja é a abertura a todos os povos e culturas. O Evangelho é para todos os tempos e não se fixa a uma época como sendo a melhor. E pode ser entendido por todos. A Bíblia já foi traduzida para mais de 3.000 línguas. Mudam-se as línguas e não perde nem o sabor nem a fecundidade do Espírito que a coloca no coração das pessoas.
Vinde, Pai dos pobres!
               A oração da Seqüência (Hino) chama o Espírito de Pai dos Pobres, pois quer mostrar sua missão como a bondade de um Pai generoso que se preocupa com os necessitados. Vemos exaltado, deste modo, o amor do Espírito que dá a vida, é consolo, é presença querida no coração, é descanso, é alívio. Ele lava, purifica, rega, cura, guia e aquece nossas esperanças. O Mistério da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, um Espírito inefável, um vento que ninguém controla, tem do Pai o coração, do Filho a solicitude. Ele não é privilégio de escolhidos, mas presente em todos como vida. “O Pai vos dará outro Consolador que estará sempre convosco” (Jo 14,16). Jesus encarnou-se em nossa natureza humana com todos os traços humanos. O Espírito é uma presença paterna com solicitude materna. Como o Espírito deu ao Filho de Deus os traços humanos, agora dá aos filhos de Deus os traços da natureza divina que faz cada imagem viva do Filho.
Recebei o Espírito Santo
               Naquela tarde de domingo, Jesus se põe no meio dos discípulos. Soprando sobre eles os envia para a reconciliação (Jo 20,19). Paulo pede que o pecado não domine mais sobre nós (Rm 6,14). Nosso relacionamento com Deus se faz pelo Espírito, pois a Palavra de Deus nos ensina: “Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3). A ação do Espírito nos põe em relacionamento com Deus e com os irmãos. Ele distribui dons para o bem comum. Esses dons se atualizam no corpo de Cristo do qual somos membros. É todo o Corpo que age como um todo. Não há cristianismo vivido individualmente, mas sim, do individual para o comunitário e do comunitário para o pessoal em vista de todo o Corpo. A salvação eterna se dá dentro da comunidade. O dom do perdão que é dado naquela noite não se refere só a uma confissão, mas é um projeto de fraternidade que gera o amor que salva.
Leituras: Atos 2,1-11; Salmo 103; 1Coríntios 12,3b-7.12 -13; João 20,19-23 

1.     A vinda do Espírito Santo se dá num momento da história, mas é aberta a todos os povos e todas as línguas. Todos podem receber e entender o Evangelho.

2.     Louvando o Espírito Santo, a Igreja descreve seus muitos modos de entrar em relacionamento conosco. Põe em nós os traços do Filho Eterno do Pai.

3.     O Espírito é dado para a reconciliação de todo universo, todos num único amor.

            O mesmo endereço
           
            Naquele dia de Pentecostes estava em Jerusalém gente devota vinda de todas as partes do mundo conhecido então. Se olharmos o mapa poderemos ver que suas origens fazem um círculo à Cidade Santa, como lemos em Atos dos Apóstolos (At 2,5) , vindos de todas as direções. Ao ouvirem o barulho, a manifestação do Espírito Santo, todos correram para um único endereço: o cenáculo onde estavam reunidos os discípulos. Era o endereço da casa do Espírito. Como Jesus Se manifestou a nós em Belém, o Espírito inicia sua missão em Jerusalém.
             Foi o momento do primeiro anúncio. Os apóstolos anunciam as maravilhas de Deus acontecidas na Ressurreição. A grande surpresa de todos era que cada um entendia em sua própria língua. A língua do Espírito é inteligível a todos. Esta linguagem é nova e anuncia Jesus vivo que dá o Espírito para a paz e para o anúncio da reconciliação universal.
             Cada um é convocado a assumir o próprio dom para que esse anúncio possa chegar a todos. Todos os que acolheram a Palavra formaram o único Corpo de Cristo, bebendo o mesmo Espírito.

            A celebração suplica que se renovem nos corações dos fiéis as maravilhas operadas no início da pregação do Evangelho. 

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