Os
cristãos, desde os primórdios, começaram a celebrar a Eucaristia no primeiro
dia da semana, o que chamamos domingo, dia do Senhor (Latim: dies dominica ––
Grego: He kyriakê heméra). Não se referee ao dia do repouso semanal, mas ao dia
da celebração. Os judeus guardavam o sábado, por ordem de Deus, como lemos em
Gn 2,1-4 e Êxodo 20,11,8 que diz: “Lembra-te do dia de sábado, para
santificá-lo. Trabalharás durante seis dias... mas o sétimo dia é dia de
repouso, consagrado a Javé, teu Deus”. Os cristãos, vindos do paganismo, não
tinham esse dia como de repouso. Somente com Constantino, em março de 321, é
que foi promulgada a lei do repouso dominical também para sociedade civil.
Constantino criara a festa do deus sol. Em algumas línguas o domingo é chamado
dia do sol (Sunday – Sonntag – Zondag). Justino (ano 150) descreve: “Nós nos
reunimos no dia do sol, porque é o primeiro dia, o dia em que Deus , extraindo a matéria
das trevas, criou o mundo e, nesse mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador,
ressuscitou dentre os mortos” (Apol. 1,67).
São Jerônimo comenta: “Se os pagãos o denominam dia do sol, nós também o
confessamos de bom grado; pois hoje levantou-se a luz no mundo, hoje apareceu o
sol de justiça cujos raios trazem a salvação ( Pasch
-105). A Ressurreição motiva a celebração no primeiro dia da semana, o
domingo. É o primeiro e o oitavo dia. E o sábado, dado por Deus? A ressurreição
é a nova criação. Nele se celebra, cada semana, a Páscoa.
516.
Dia da comunidade
O
primeiro testemunho sobre os cristãos, é de Plínio, o Jovem, governador da
Bitínia, que diz: “Esta seita – os cristãos – tem o costume de reunir-se antes
da aurora, em um dia estabelecido, para cantar hinos a Cristo, como a um deus”.
Em muitos textos do Novo Testamento mostra a reunião da comunidade no domingo. Os
Atos dos Apóstolos relatam essa reunião dominical como um fato habitual em
Trôade (At 20,7). As revelações de João,
no Apocalipse, se deram no dia do Senhor (Ap
1,10). Jesus se coloca no meio dos seus, agora, no domingo, como aos
discípulos. A Sacrosanctum Concilium anota: “O domingo é o dia por excelência da
assembléia litúrgica, em que os fiéis se reúnem “para que, ouvindo a Palavra de
Deus e participando da Eucaristia, lembrem-se da Paixão, Ressurreição e Glória
do Senhor Jesus, e para darem graças a Deus que os regenerou para a viva
esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos” (SC 106). É o
dia da comunidade. Os mártires de Cartago afirmam: “Celebramos a assembléia
dominical, porque não é permitido suspendê-la”.
517.
Repousar em Deus
Em tudo na natureza há um ritmo. Ouvi que os comunistas na Rússia,
fizeram uma semana de 10 dias. Não deu certo. O ritmo que a natureza exige o
descanso semanal. Infelizmente vivemos a ganância que agora tudo é “Full time”
– 24 horas aberto todos os dias. O homem paga com sua saúde. Não se pode impor
aos outros esse tipo de vida. O ser humano tem o dia e a noite, e o repouso
semanal. Se recuperarmos este repouso, certamente teremos uma vida mais
saudável. Será que tantas doenças atuais não provêm da falta do repouso
dominical. Mesmo a pastoral deve preservar o direito ao repouso. Esse repouso é
também para repousar em
Deus. Deus é nosso descanso. O domingo nos convida a nos
encontrar com Deus, com a família, com os amigos e com a natureza. A
participação da celebração da comunidade não é uma obrigação, é um direito que
devemos preservar, pois temos aí remédio para nossa vida espiritual e também
corporal.
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