domingo, 31 de janeiro de 2016

PEDRINHAS NO BOLSO DO MARIDO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
Seu Januário tinha o triste costume de xingar e proferir palavrões. Sabia que não estava correto tal procedimento, mas não tinha como deixar esse hábito. Um dia o padre lhe deu este conselho: 
- Depois de cada blasfêmia ou palavrão, ponha uma pedrinha no bolso. Assim saberá, ao menos, quantas vezes xingou nesse dia. Também saberá concluir se melhorou ou piorou, confrontando com o dia anterior.
- Ótima idéia, seu padre! Vou começar amanhã, sem falta. 
No dia seguinte, ao voltar para casa após o trabalho da roça, o bolso estava cheio de pedrinhas. Desta vez foi a mulher que xingou: 
- Bonito hein? Mais esta agora. Sou eu quem vai lavar e consertar essa feiúra. Onde aprendeu tal esquisitice, homem? 
- Não posso dizer ainda, me bem! Calma. Senão, ponho mais uma no bolso.
Alguns dias depois a mulher se desabafou com a vizinha: 
- Meu marido está ficando doido varrido. Todos os dias volta para casa com os bolsos cheios de pedras. 
Por outro lado percebeu que as pedrinhas iam diminuindo à medida que os palavrões rareavam. Não foi mais preciso que o marido explicasse o motivo das pedras no bolso. Ela mesma tirou a conclusão. Há males que vêm para bem. O estranho estratagema custou-lhe algumas horas de linha e agulha remendando os bolsos. Em compensação, entrou o sossego dentro de casa.
- Lição: Aqui também se poderia aplicar a expressão bíblica: Até das pedras Deus pode suscitar filhos de Abraão (Lc 3,8).

31 DE JANEIRO - RENUNCIOU ÀS HONRAS DE MONSENHOR

Foi São João Bosco (1815-1888) - Não é fácil resumir a rica personalidade de Dom Bosco, celebrado hoje. Narremos apenas uma das muitas histórias que se contam dele: 
A fama popular de Dom Bosco havia chegado até os ouvidos do Papa. Como recompensa do muito que já fizera pela Igreja, Pio IX quis nomeá-lo Monsenhor e Camareiro secreto. Eram títulos de honra daquele tempo. Mas o santo escusou-se e disse: 
- Santo Padre, reflita comigo as conseqüências desses títulos de honra. Que bela figura eu faria diante dos meus órfãos, envergando as roupas suntuosas de Monsenhor?... Não mais me tratariam como companheiro de brinquedos, e sim com muita cerimônia. Não iriam mais brincar comigo, nem eu teria a liberdade que tenho hoje. Além do mais, e isto é muito grave, todos pensariam que fiquei rico e... adeus esmolas para meus órfãos. Eles iriam morrer de fome, e minhas obras fracassariam. Por isso, deixe-me ser sempre o simples Pe. João Bosco
Não se pensou mais nas promoções. E ele continuou amigo do Papa e do povo.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
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Homilia do 4º Domingo Comum (31.01.16)“A caridade não acabará”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Mistério da rejeição
            Na reflexão sobre o discurso de Jesus na sinagoga de Nazaré, pudemos conhecer que a missão de Jesus atinge o homem todo. Nada está fora do projeto de Jesus. Quer restaurar no homem a imagem de Deus danificada pelo pecado. O pecado fechou o Paraíso aos primeiros pais que recusaram o que lhes era proposto como vida. As consequências para humanidade não foram só um pecado cometido, mas um mal que penetrou as estruturas da humanidade. Essa rejeição continua na sinagoga de Nazaré. Chegam ao ponto de expulsá-Lo da cidade para lançá-Lo no precipício. Querem eliminar Jesus que é o Redentor de todos os males. Quer dizer: “Esse homem não pode viver porque é um incômodo para nós”. Um dos motivos da recusa dos judeus de Nazaré foi o fato de Jesus não corresponder à figura de um Messias glorioso e poderoso. O humilde camponês não pode ser aquele que esperam. Ainda mais que era um como eles. Dizem: ‘Se é poderoso em fazer milagres, porque não faz um espetáculo ali em Nazaré?’. A perseguição a Jesus por sua vida e ensinamentos vai culminar como causa de sua condenação à morte. O mal entrou no coração das pessoas. O mesmo aconteceu aos profetas, como lemos em Jeremias que se lamenta da perseguição. Essa é a linguagem que aparece nos lamentos dos justos durante as perseguições (Salmos 38. 41 e outros). O mundo rejeita Jesus, o Evangelho e sua anunciadora que é a Igreja. Ser profeta é penoso. Até dentro da Igreja há aqueles que não Evangelho levado às consequências práticas. Ou não o assumem como vida.
Muro de bronze
O profeta pertence a Deus, fala em nome de Deus e é confirmado pela realização das profecias. Escreve Jeremias sobre sua vocação: Deus disse: “Antes de formar-te no ventre materno, Eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te fiz profeta das nações”(Jr 1,5). Profecia não é somente falar o futuro, mas mostrar a vontade de Deus. Se ouvirem sua Palavra as coisas mudarão. Jesus anuncia o ano da graça do Senhor que é a remissão total. Até hoje vivemos esse momento, esperando o dia feliz de sua plena realização. Mesmo nos sofrimentos o profeta é garantido por Deus. Jeremias deve anunciar: “Levanta-te e comunica-lhes tudo o que Eu te mandar dizer. Não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles” (Jr 1,17). Quanto mais o evangelizador tem medo de dizer a verdade, com mais medo vai ficar. Mesmo que haja recusa e guerra contra o profeta, mais forte ele se torna: “Eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo...” (Jr 1,18). Jesus, ao ser ameaçado, passou entre eles. A força de sua personalidade espiritual e humana foi um muro de bronze diante da atitude da rejeição de seus compatriotas.
A força do amor
            A evangelização é uma obra de amor como resposta ao Deus que nos amou primeiro e enviou seu Filho (Jo 4,9-10). Paulo na primeira carta aos Coríntios na diz que o amor é o fundamento de tudo. Sem ele, a evangelização cai em terra seca.  Papa Francisco escreve “O amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o encontro em plenitude com Deus a ponto de se dizer de quem não ama o irmão, “está nas trevas” (1Jo 2,11). Somente a força do amor levou tantos cristãos a se entregarem à evangelização. A celebração da Eucaristia é um momento  de evangelização pela comunidade unida no amor e pela Palavra transmitida com coerência. A caridade manterá a evangelização até que o Senhor venha.
Leituras: Jeremias 4,5.17-19; Salmo 70; 1ªCor 12,31-13,13; Lucas 4,21-30 
1.    A redenção de Jesus atinge o homem todo. As consequências do pecado penetraram todas as estruturas do mundo. A rejeição à proposta de Deus no Paraíso continua na recusa a Jesus e culmina em sua morte. Os profetas são incômodos. A recusa acontece até dentro da Igreja quando querem abafar o Evangelho que atinge o homem todo. Recusa-se a Igreja como a Jesus. 
2.   O profeta pertence a Deus, fala em nome de Deus e é confirmado pela realização das profecias. Jeremias foi escolhido e consagrado já no seio de sua mãe. Profecia é conhecer e mostrar a vontade de Deus. Jesus anuncia o ano da graça que é a remissão total. Mesmo nos sofrimentos o profeta é garantido por Deus. O perigo o torna mais forte. 
3.   A evangelização é uma obra do amor como resposta ao Deus que nos amou primeiro e enviou seu Filho. O amor é o fundamento de tudo. Somente a força do amor levou os cristãos a se entregarem à evangelização. Eucaristia é momento de evangelização. 
              Torneiras fechadas 
              Como o Reino de Deus é oferecido, podemos fechar a porta para sua entrada. A porta do coração se abre por dentro. Depende de nossa aceitação. Deus não força.
              Jesus em Nazaré foi admirado por suas palavras com o anúncio do Evangelho. Foi recusado por seus compatriotas com quem vivera tantos anos. Diziam: ‘Como pode um que nós conhecemos e viveu aqui, falar desse modo e fazer milagres?’ O ciúme é uma víbora que mata. Levaram-no para fora da sinagoga para acabar com Ele, jogando-O no precipício.
              O profeta Jeremias também passa por essa situação. Foi um escolhido de Deus e consagrado como profeta. Teve medo porque era frágil como uma criança. Deus lhe diz: “Eu estarei contigo para defender-te” (Jr 1,19). A missão não termina com nossa fragilidade nem com a recusa dos homens. Eles querem acabar com o projeto de Jesus de renovação, pois ataca seus interesses e egoísmos.
O fundamento de tudo é o amor que é a chave para a abertura para o anúncio do Evangelho. O amor afasta toda fraqueza.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

EVANGELHO DO DIA 31 DE JANEIRO

Evangelho segundo S. Lucas 4,21-30.
Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir». Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?». Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum». E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho. 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia: 
São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja 
Sobre o profeta Isaías, 5,5; p. 70, 1352 
«Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.»
Cristo quis atrair a Si o mundo inteiro e conduzir para Deus Pai todos os habitantes da Terra. [...] As gentes vindas do paganismo, enriquecidas pela fé em Cristo, beneficiaram do tesouro divino da proclamação que traz a salvação. Por ela, tornaram-se participantes do Reino dos Céus, companheiros dos santos e herdeiros das realidades inexprimíveis (Ef 2,19.3,6). [...] Cristo promete a cura e o perdão dos pecados aos que têm o coração ferido, e dá a vista aos cegos. Pois são cegos os que não reconhecem Aquele que é o verdadeiro Deus, e o seu coração está privado da luz divina e espiritual. Mas o Pai envia-lhes a luz do verdadeiro conhecimento de Deus. Chamados pela fé, conheceram-No; mais ainda, foram conhecidos por Ele. Sendo filhos da noite e das trevas, tornaram-se filhos da luz (Ef 5,8), pois o dia iluminou-os, o Sol da Justiça ergueu-Se para eles (Mal 3,20), e a estrela da manhã apareceu-lhes em todo o seu esplendor. 
E nada obsta a que apliquemos tudo o que acabamos de dizer aos filhos de Israel. Também eles, com efeito, tinham o coração ferido, eram pobres, e estavam como que prisioneiros e mergulhados nas trevas. [...] Mas Cristo veio anunciar os benefícios do seu advento em primeiro lugar aos descendentes de Israel, proclamando o ano da graça do Senhor (Lc 4,19) e o dia da recompensa. 
O ano da graça é aquele em que Cristo foi crucificado por nós. Foi então que nos tornámos agradáveis a Deus Pai. E damos fruto em Cristo, como Ele mesmo nos ensinou: «Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo deitado à terra não morrer, ficará só; mas, se morrer, dará fruto abundante» (Jo 12,24). E disse ainda: «Quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo, 12,32). De facto, Ele retomou a vida ao terceiro dia, depois de ter calcado com os pés o poder da morte, após o que disse aos seus discípulos: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra. Ide e fazei discípulos em todas as nações» (Mt 28,18-19).

São Ciro e São João

Ciro e João (em italiano: Ciro e Giovanni; em árabe: اباكير ويوحنا; m. ca. 304 ou 3111 2 ) são dois mártires cristãos venerados como santos especialmente pela Igreja Copta. Por curarem os doentes sem nenhum tipo de retribuição, são tidos como taumaturgos anárgiros (em grego: thaumatourgoi anargyroi). Os coptas celebram sua festa litúrgica no sexto dia de Tobi, que corresponde ao dia 31 de janeiro, a data que é observada também pela Igreja Ortodoxa e pela Igreja Católica. Os ortodoxos celebram também a descoberta e translação das relíquias dos dois em 28 de junho. A principal fonte de informação para a vida, a paixão e os milagres dos Santos Ciro e João é o encômio escrito por Sofrônio, patriarca de Jerusalém morto em 638. Sobre o nascimento, pais e primeiros anos, nada sabemos. De acordo com o sinaxário árabe compilado por Miguel, bispo de Athrib e Malig, Ciro e João seriam ambos de Alexandria, um fato que é contraditório com outros documentos que afirmam que Ciro seria nativo dAlexandria enquanto que João seria de Edessa3 . Ciro praticava a medicina e tinha um ergasterium que depois foi transformado em uma igreja dedicada aos "Três Jovens", Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Ele ministrava aos doentes sem cobrar nada e conseguiu converter muitos pagãos para o cristianismo com suas ações. Ele dizia que "quem quer ficar livre das doenças deve se abster do pecado, pois o pecado geralmente causa a doença corporal". Vivendo na época do imperador romano Diocleciano, Ciro acabou sendo denunciado pelo prefeito da cidade e teve que fugir para a Arábia, onde se refugiou numa cidade perto do mar chamada Tzoten. Uma vez lá, abandonou a medicina, foi tonsurado e assumiu a vida monástica de ascetismo. João era um oficial de alta patente no exército romano. Segundo já citado sinaxário, ele conhecia os parentes do imperador. Sabendo das virtudes e dos milagres praticados por Ciro, foi para Jerusalém para cumprir uma promessa e, de lá, partiu para Alexandria e Arábia, onde se juntou a Ciro em sua vida asceta. Durante a perseguição de Diocleciano, três santas virgens, Teoctista ou Teopista (quinze anos), Teódota ou Teodora (13 anos) e Teodóssia ou Teodóxia (11 anos), junto com a mãe delas, Atanásia, foram presas em Canopo e levadas para Alexandria. Ciro e João, temendo que as garotas, pela pouca idade e pelas torturas que sofreriam, pudessem negar a fé, resolveram ir até lá para confortá-las e encorajá-las a seguir com o martírio. Quando as autoridades descobriram, eles também foram presos e, depois de muitas torturas, foram todos decapitados em 31 de janeiro. Os corpos dos dois mártires foram colocados na Igreja de Marcos, o Evangelista, em Alexandria. Na época de São Cirilo, patriarca de Alexandria entre 412 e 444, existia em Menouthis, perto de Canopo (moderna Abu Qir), um templo pagão renomado por seus oráculos e curas que atraíam até mesmo alguns cristãos mais simplórios das redondezas. Com o objetivo de acabar com este culto idólatra, Cirilo estabeleceu na cidade o culto aos "Santos Ciro e João", mandando para lá, em 28 de junho de 414, as relíquias dos mártires e as colocou na igreja construída por seu antecessor, Teófilo, dedicada aos quatro evangelistas. Antes da descoberta e transferência das relíquias por São Cirilo, parece que os nomes dos santos eram desconhecidos; sabe-se com certeza que não existe nenhuma fonte escrita antes disso. No século V, durante o pontificado do papa Inocêncio I, as relíquias foram levadas para Roma por dois monges, Grimado e Arnolfo, segundo um manuscrito nos artigos da diaconia de Santa Maria in Via Lata. O cardeal Angelo Mai, porém, por razões históricas, determina, com justiça, uma data posterior, 634, na época do papa Honório I e do imperador Heráclio. As relíquias foram colocadas na igreja suburbana de Santa Passera (uma corruptela de "Abbas Cyrus"), na Via Portuense. Na época de Antonio Bosio (1634), as imagens pintadas dos dois santos ainda eram visíveis na igreja. Na porta do hipogeu está a seguinte inscrição no mármore: "Corpora sancta Cyri renitent hic atque Joannis; Quæ quondam Romæ dedit Alexandria magna". O túmulo dos dois tornou-se um santuário e o destino de peregrinações. Em copta, o nome de Ciro se tornou Difnar, Apakiri, Apakyri ou Apakyr e, em árabe, Abaqir ou Abuqir. A moderna cidade Abu Qir, atualmente um subúrbio de Alexandria, foi batizada em homenagem a ele. Em Roma, três igrejas foram dedicadas aos dois: Abbas Cyrus de Militiis, Abbas Cyrus de Valeriis e Abbas Cyrus ad Elephantum. Todas elas foram transformadas em "Santa Passera", uma corruptela de "Abbas Cyrus". 

LUÍS TALAMONI Sacerdote, Fundador, Beato 1848-1926

Nascido em Monza (Itália), a 3 de Outubro de 1848, segundo dos seis filhos de uma família modesta mas com sólidos valores cristãos que transmitiram aos seus filhos. Em casa recitava-se o rosário todos os dias e o pai participava diariamente na Missa, levando consigo o pequeno Luís, que vendo-o servir no altar, sentia crescer o desejo de servir Deus e os irmãos no ministério sacerdotal. Fez os estudos primários e a Primeira Comunhão e a Crisma (1 de Julho de 1861), no Oratório de Monza, fundado pelo Servo de Deus Padre Fortunato Redolfi, barnabita, e dirigido por outro barnabita, o Servo de Deus Padre Luís Villoresi. Dessa maneira, Luís entrou em contacto com as experiências mais entusiasmantes da pastoral juvenil daquele tempo. De facto, naqueles anos, na Diocese de Milão assistia-se a um incremento de Oratórios, lugares onde os rapazes se encontravam diariamente para experimentar uma vida fraterna e empenhativa, de formação humana e cristã, de alegria e de espiritualidade, onde ele amadureceu a própria vocação para o sacerdócio e para o compromisso, como Membro da Comissão Católica de Monza, na defesa do melhoramento das condições sociais e dos mais desfavorecidos. O Oratório de Carrobiolo tornou-se naquele tempo (1859) um Seminário para os pobres: quem manifestasse o desejo de se tornar sacerdote (não só diocesano), e não possuísse os meios económicos para realizar essa chamada, encontrava lá a possibilidade de estudar, de conduzir uma experiência fraterna com uma possibilidade de empenho pastoral. Luís Talamoni viveu em Carrobiolo até 1865, quando ingressou no Seminário Teológico Diocesano de Milão. Enfrentando enormes dificuldades, concluiu os seus estudos teológicos e iniciou aqueles para os quais era destinado: Letras e Filosofia na Academia Científico-Literária, onde soube conquistar a confiança e a estima também dos professores anticlericais, que dominavam na Academia. No dia 4 de Março de 1871, Luís Talamoni foi ordenado Sacerdote. Momento de grande alegria, mas também de tristeza: na noite do mesmo dia, o seu pai foi atingido por uma paresia que o afligiu por mais de quinze anos. O Padre Luís foi enviado para o Colégio São Carlos de Milão como professor, onde teve como aluno (1874-1875) também Achille Ratti, o futuro papa Pio XI, quando era Núncio na Polónia, disse acerca dele: “Pela santidade de vida, luz de ciência, grandeza de coração, perícia no magistério, ardor no apostolado, pelas cívicas benemerências, honra de Monza, gema do Clero diocesano, guia e pai de inúmeras almas”. Fundou, juntamente com Maria Biffi Levati e Rosa Gerson, a Congregação das Irmãs Misericordinas, em Monza, no dia 25 de Março de 1891. Faleceu, depois de uma breve enfermidade, a 31 de Janeiro de 1926. www.vatican.va/

JOÃO BOSCO Presbítero, Fundador, Santo 1815-1888

Joãozinho Bosco nasceu em 16 de agosto de 1815 numa pequena fracção de Castelnuovo D’Asti, no Piemonte (Itália), chamada popularmente de “os Becchi”. Ainda criança, a morte do pai fez com que experimentasse a dor de tantos pobres órfãos dos quais se fará pai amoroso. Em Mamãe Margarida, porém, teve um exemplo de vida cristã que marcou profundamente o seu espírito. Aos nove anos teve um sonho profético: pareceu-lhe estar no meio de uma multidão de crianças ocupadas em brincar; algumas delas, porém, proferiam blasfémias. Joãozinho lançou-se, então, sobre os blasfemadores com socos e pontapés para fazê-los calar; eis, contudo, que se apresenta um Personagem dizendo-lhe: “Deverás ganhar estes teus amigos não com bastonadas, mas com a bondade e o amor... Eu te darei a Mestra sob cuja orientação podes ser sábio, e sem a qual, qualquer sabedoria torna-se estultícia”. O Personagem era Jesus e a Mestra Maria Santíssima, sob cuja orientação se abandonou por toda a vida e a quem honrou com o título de “Auxiliadora dos Cristãos”. Foi assim que João quis aprender a ser saltimbanco, prestidigitador, cantor, malabarista, para poder atrair a si os companheiros e mantê-los longe do pecado. “Se estão comigo, dizia à mãe, não falam mal”. Desejando fazer-se padre para dedicar-se totalmente à salvação das crianças, enquanto trabalhava de dia, passava as noites sobre os livros, até que, aos vinte anos, pode entrar no Seminário de Chieri e, em 1841, ser ordenado Sacerdote em Turim, aos vinte e seis anos. Turim, naqueles tempos, estava cheia de jovens pobres em busca de trabalho, órfãos ou abandonados, expostos a muitos perigos para alma e para o corpo. Dom Bosco começou a reuni-los aos domingos, às vezes numa igreja, outras num prado, ou ainda numa praça para fazê-los brincar e instruí-los no Catecismo até que, após cinco anos de grandes dificuldades, conseguiu estabelecer-se no bairro periférico de Valdocco e abrir o seu primeiro Oratório. Os garotos encontravam aí alimento e moradia, estudavam ou aprendiam uma profissão, mas sobretudo aprendiam a amar o Senhor: São Domingos Sávio era um deles. Dom Bosco era amado incrivelmente pelos seus “molequinhos” (como os chamava). A quem lhe perguntava o segredo de tanta ascendência, respondia: “Com a bondade e o amor, eu procuro ganhar estes meus amigos para o Senhor”. Sacrificou por eles seu pouco dinheiro, seu tempo, seu engenho, que era agudíssimo, sua própria saúde. Com eles se fez santo. Para eles fundou a Congregação Salesiana, formada por sacerdotes e leigos que querem continuar a sua obra e à qual deu como “finalidade principal apoiar e defender a autoridade do Papa”. Querendo estender o seu apostolado também às meninas, fundou, com Santa Maria Domingas Mazzarello, a Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora. Os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora espalharam-se pelo mundo todo a serviço dos jovens, dos pobres e dos que sofrem, com escolas de todos os tipos e graus, institutos técnicos e profissionais, hospitais, dispensários, oratórios e paróquias. Dedicou todo o seu tempo livre subtraído, muitas vezes, ao sono, para escrever e divulgar opúsculos fáceis para a instrução cristã do povo. Foi, além de um homem de caridade operosa, um místico entre os maiores. Toda a sua obra foi haurida na união íntima com Deus que, desde jovem, cultivou zelosamente e desenvolveu no abandono filial e fiel ao plano que Deus tinha predisposto para ele, guiado passo a passo por Maria Santíssima, que foi a Inspiradora e a Guia de toda a sua acção. Sua perfeita união com Deus foi, talvez como em poucos Santos, unida a uma humanidade entre as mais ricas pela bondade, inteligência e equilíbrio, à qual se acrescenta o valor de um conhecimento excepcional do espírito, amadurecido nas longas horas passadas todos os dias no ministério das confissões, na adoração ao Santíssimo Sacramento e no contacto contínuo com os jovens e com pessoas de todas as idades e condições. Dom Bosco formou gerações de santos porque levou os seus jovens ao amor de Deus, à realidade da morte, do julgamento de Deus, do Inferno eterno, da necessidade de rezar, de fugir do pecado e das ocasiões que levam a pecar, e de aproximar-se frequentemente dos Sacramentos. “Meus caros, eu vos amo de todo o coração, e basta que sejais jovens para que vos ame muitíssimo”. Amava de tal forma que cada um pensava ser o predilecto. “Encontrareis escritores muito mais virtuosos e doutos do que eu, mas dificilmente podereis encontrar alguém que vos ame mais em Jesus Cristo, e mais do que eu deseje a vossa verdadeira felicidade”. Extenuado em suas forças pelo incessante trabalho, adoentou-se gravemente. Particular comovente: muitos jovens ofereceram ao Senhor a própria vida por ele. “... Aquilo que fiz, eu o fiz para o Senhor... Poder-se-ia ter feito mais... Mas os meus filhos o farão... A nossa Congregação é conduzida por Deus e protegida por Maria Auxiliadora”. Uma de suas recomendações foi esta: “Dizei aos jovens que os espero no Paraíso...”. Expirava em 31 de janeiro de 1888, em seu pobre quartinho de Valdocco, aos 72 anos de idade. Em 1º de Abril de 1934, foi proclamado santo pelo papa Pio XI, que teve a felicidade de conhecê-lo. http://www.sdb.org/

FRANCISCO XAVIER MARIA BIANCHI Sacerdote, Santo 1743-1815

Francisco Xavier Maria Bianchi nasceu no dia 2 de dezembro de 1743, na cidade de Arpino, França, e viveu quase toda a sua vida em Nápoles, Itália. Era filho de Carlo Bianchi e Faustina Morelli, sua família era muito cristã e caridosa. Francisco viveu sua infância num ambiente familiar, de doação ao próximo e que o influenciou durante toda sua existência religiosa. Aos doze anos entrou para o "Colégio dos Santos Carlos e Felipe" da ordem dos Barnabistas e em 1762, para o seminário onde jurou fidelidade a Cristo e fez seus votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência. Completou os estudos de direito, ciência, filosofia e teologia em Nápoles e Roma. Foi ordenado sacerdote aos 25 de janeiro de 1767. Tendo em vista sua alta cultura, seus Superiores o enviam de volta para lecionar no Colégio de Belas Artes e Letras de Arpino e, dois anos depois, ao Colégio São Carlos em Nápoles, para ensinar filosofia e matemática. Em 1778 foi chamado para ensinar na Universidade de Nápoles. No ano seguinte recebe o título de "Sócio Nacional da Real Academia de Ciências e Letras". A intensa atividade no campo da cultura não o impediu, todavia, de viver plenamente a vida de religioso, desempenhando importantes cargos na Congregação e continuando a exercer seu ministério sacerdotal. Com o transcorrer dos anos padre Bianchi deixou gradativamente de praticar o ensino e viveu mais o sacerdócio contemplativo e penitente na mortificação dos sentidos. Ao seu redor se formou uma próspera família espiritual. A fama de sua virtuosidade e santidade cresceu na mesma proporção em que suportou heroicamente uma doença incurável que o imobilizou numa cadeira por treze anos, os últimos de sua vida. Mesmo assim não deixou de celebrar a Santa Missa, de acolher e aconselhar a todos os que o procuravam, distribuindo palavras de coragem e conforto. Consumido pela doença morreu em 31 de janeiro de 1815, envolto pela paz e suprema alegria espiritual. Francisco Bianchi viveu durante o período conturbado e histórico das sucessivas conquistas e batalhas empreendias pelo imperador Napoleão Bonaparte. Assistiu a destruição de todas as bases políticas da Europa. Sobretudo, viu o clima anti-religioso ser instalado e que se materializou contra o clero com leis de confisco, incêndios e expulsões de congregações inteiras dos domínios napoleônicos. Mas, padre Francisco Bianchi se manteve apaixonadamente sacerdote de Cristo. Lutou contra a miséria, a desnutrição, as epidemias, as doenças e por fim contra a baixa estima dos habitantes tão abandonados politicamente. O seu funeral foi um dos mais comoventes, onde estiveram reunidas personalidades ilustres das áreas das artes, da ciência, da Igreja e a imensa população, para as últimas homenagens àquele que chamaram de "Apóstolo de Nápoles" e "santo". Em 1951, foi canonizado pelo papa Pio XII, em Roma. E as relíquias mortais de São Francisco Xavier Maria Bianchi foram sepultadas na capela da Igreja de Santa Maria de Caravaggio em Nápoles, Itália. Para sua homenagem e culto foi escolhido o dia 31 de janeiro.

PEDRO NOLASCO Sacerdote, Fundador, Santo 1182-1258

Além da humildade, caridade, amor ao próximo e fé irrestrita em Cristo e Maria, virtudes inerentes à alguém que é declarado Santo, Pedro Nolasco se notabilizou também pela luta em favor da libertação de cristãos tornados escravos sempre movido pelos ensinamentos do Cristianismo, num período conturbado para a humanidade, nos idos dos séculos XII e XIII. Procedente de uma cristã e nobre família francesa, Pedro Nolasco nasceu num castelo no sul da França, próximo de Carcassone, próximo ao ano 1182. Desde pequeno demonstrou grande solidariedade com os pobres e desamparados. Todos os dias fazia os pais lhe darem dinheiro para as esmolas e até a merenda que levava quando estudante era dividida com eles. Assim cresceu, vivendo em intima comunhão com Jesus Cristo e a Virgem Maria, de quem era um devoto extremado. Aos quinze anos de idade, quando seu pai morreu, foi com a família para Barcelona, Espanha, onde se estabeleceram. E ali ingressou na vida religiosa. Na juventude, quando acompanhou a tragédia dos cristãos que caíam nas mãos dos muçulmanos, devido à invasão dos árabes sarracenos, empregou toda sua fortuna para comprar os escravos e, então, libertá-los. E também, quando seu dinheiro acabou, arregaçou as mangas e trabalhou para conseguir fundos para esta finalidade, pedindo-os às famílias nobres e ricas que conhecia. Antes que entrasse em desespero, pois nunca teria dinheiro suficiente para garantir a liberdade dos cristãos, recebeu a graça de uma visita da Virgem Maria. Ocorreu no dia 1º de agosto de 1223. Nossa Senhora lhe apareceu, sugerindo que criasse com seu grupo de leigos, uma ordem religiosa destinada a cuidar deste tipo de situação, naquele momento e para sempre. Pedro contou esta visão a seu superior, Raimundo de Penhaforte, seu co-fundador e também Santo, e ao rei Jaime I de Aragão, ao qual servira na infância como professor e tutor. Mas, qual não foi sua surpresa ao saber que eles também tinham recebido em sonho de Maria, a mesma missão que ele que recebera. Desta forma fundou, juntamente com eles, a Ordem de Nossa Senhora das Mercês e Redenção dos Cativos, cujos religiosos são conhecidos como padres mercedários. Foi eleito superior e dirigiu a ordem por trinta e um anos, libertando milhares de cristãos das mãos dos árabes muçulmanos. Pedro Nolasco morreu no dia de Natal de 1258, feliz e plenamente realizado com sua vida de religioso, mas amargurado porque, nos últimos anos, seu corpo alquebrado não permitia mais que trabalhasse. Foi canonizado pelo Papa Urbano VIII, em 1628. Embora seja comumente homenageado no dia 13 de maio, festa de Nossa Senhora das Mercês, e no dia 28 de janeiro pelos padres mercedários, o calendário litúrgico romano lhe decida especialmente o dia 31 de janeiro para a sua veneração.

MARTINHO DE COIMBRA Sacerdote, Mártir, Santo + 1147

Martinho nasceu em Arouca, nos fins do século XI, de pais pouco afortunados, mas cheios de probidade e piedade. Seu pai chama-se Arrius Manuelis e sua mãe Argia. Os primeiros cuidados que estes santos pais tiveram para com filho, foi de o educarem cristãmente e de lhe inculcarem os princípios evangélicos no mais profundo do seu juvenil coração, o que resultou, visto que a criança se mostrou receptiva e que os seus progressos eram contínuos, o que não significa que fosse como todos as crianças da sua idade. Assim, procurando a sua própria felicidade espiritual, os pais de Martinho, souberam alicerçar a do filho. Os primeiros preceptores nas verdades da religião reconheceram nele disposições para as ciências, assim como outras qualidades que pareciam contrariar a sua vocação para o estado eclesiástico. Todas estas conclusões foram explicadas aos pais de Martinho assim como o desejo que estes conselheiros acalentavam de o guardarem e de lhe oferecerem um ensino adequado às suas possibilidades naturais: estudos de ordem superior. Movidos pelo amor a Deus, os pais de Martinho sentiram-se felizes de oferecerem a Deus o fruto do seu amor e aceitaram que ele fosse estudar, o que logo a seguir aconteceu: começou a estudar filosofia e teologia. Martinho foi tão estudioso e sério que pouco tempo depois era apresentado aos seus condiscípulos, como um modelo de abnegação e de seriedade. Esta nova “notoriedade” não ficou no silencio das alcovas, bem pelo contrário, como vamos ver: Um dia Maurício, Arcebispo de Braga, viajando para Arouca, apresentaram-lhe o jovem Martinho como sendo um digno discípulo sobre o qual a Igreja poderia contar e sobre o qual se fundavam grandes esperanças. Os modos serenos e humildes do jovem estudante cativaram tanto o Arcebispo, que logo o enviou para Braga e, mais tarde ofereceu-lhe o título de Cónego, antes mesmo de receber a ordenação sacerdotal, o que era frequente naquela época longínqua; ordenação que recebeu pouco tempo depois. Da mesma maneira que até ali servira de exemplo aos seus companheiros, da mesma maneira, no seu novo estado de vida, continuou a ser um exemplo de devoção e de exactidão na execução do tudo quanto lhe era pedido e na sua acção sacerdotal quotidiana. Martinho esforçava-se para não mostrar o brilho das suas virtudes, de se mostrar como todos, mas não conseguiu impedir que estas brilhassem como mil estrelas e fizessem dele uma pessoa respeitada e admirada e sobretudo amada por todos aqueles que o conheciam. O Arcebispo de Braga pensou oferecer-lhe um cargo que contribuísse a pôr em relevo o seu zelo e as suas qualidades espirituais, mas Martinho não desejava nem honras nem louvores: só o amor de Deus o animavam e trabalhar humildemente na vinha do Senhor era a sua única preocupação; preferiu que o Prelado lhe desse uma paróquia simples e humilde, mesmo desconhecida, o que acabou por acontecer: foi nomeado pároco de Soure, na diocese de Coimbra que nesse tempo dependia da arquidiocese de Braga[1]. Mal tomou conta da paróquia de Soure, logo mandou reconstruir a igreja que os infiéis tinham destruído, e dispensou todos os seus cuidados para chamar o seu rebanho a uma nova vida, pela força de sua doutrina, a sabedoria de suas exortações e a força de seus sermões. Foi a doçura que caracterizou principalmente o exercício das suas funções, e por ela ganhou o Senhor os mais endurecidos pecadores. Esta bela virtude, na qual Jesus Cristo nos procedeu pelo seu divino exemplo, fazia sobressair em Martinho como um novo luminar, a sua constante e indefectível humildade, a sua caridade contínua para com todos, sem excepção. Ele tinha horror pecado, mas não odiava o pecador, porque ele sabia que o Espírito Santo intercede sempre e opera com suspiros que nenhum idioma pode expressar. Evitava no en tanto a companhia dos homens viciosos todas as vezes que ele pensasse que a sua própria alma estivesse em perigo. Nos momentos de lazer que ele preferia ocupar o seu tempo em trabalhos manuais do que abandonar-se por pouco que fosse à inacção. O seu zelo não se limitava unicamente aos cristãos, ele procurava ardentemente chamar os infiéis ao rebanho de Jesus Cristo. Os Mouros ainda muito números nesse tempo em Espanha ofereciam-lhe um vasto terreno de trabalho pastoral, mas a sua fugosa actividade evangélica teve como resultado desencadear a ira dos maometanos e, quando estes invadiram Portugal em 1146 procuraram Martinho, prenderam-no e enviaram-no para a prisão de Scalabus — a actual Santarém — e daí para uma cadeia em Córdova, na Espanha, onde ele morreu no dia 31 de Janeiro de 1147, oito anos depois da independência da Lusitânia, que então tomara o nome de Portugal. A maneira como morreu, tende a pensar que foi considerado pela Igreja, assim como pela maior parte dos historiadores, como mártir da fé. Afonso Rocha [1] O Santo não foi ordenado pelo Arcebispo de Braga, mas por Gonçalo, Bispo de Coimbra. É bom saber também que nessa época longínqua, a dignidade de pároco era mais elevada e mais importante do que a de Cónego.

ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 31 DE JANEIRO

Pe. Flávio Cavalca de Castro, 
redentorista
Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém.
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
31 – 4º Domingo Comum–Santos: João Bosco, Marcela, Luísa Albertoni 
Evangelho(Lc 4, 21-30) “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir.” 
Num sábado, no culto da sinagoga, Jesus escolheu um texto do profeta Isaías (61,1), que anunciava em nome de Deus a libertação para o povo oprimido. O comentário que fez surpreendeu a todos: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. A surpresa era dupla: ele anunciava que a salvação prometida tinha chegado e, mais espantoso ainda, ele se apresentava como aquele que vinha cumprir as promessas de Deus. Alegraram-se ao ouvir que a salvação estava acontecendo; muito, porém, não queriam acreditar que Jesus fosse o realizador das promessas. Afinal, ele era apenas o “filho de José”. Alegremo-nos porque já estamos sendo salvos e podemos viver em paz e felicidade. E saibamos reconhecer o poder divino de salvação que se manifesta de modo aparentemente débil e pobre. 
Oração
Senhor Jesus Filho de Deus, carpinteiro filho de José, eu vos reconheço como meu salvador, entrego-vos toda a minha vida, e quero seguir-vos até as últimas consequências. Alegro-me por vos conhecer e vos ouvir dizer que o Pai quer perdoar-me e fazer de mim seu filho. Vejo que por mim mesmo não posso ser feliz nem livre do pecado, mas vós dizeis que me podeis salvar: creio em vós, Senhor. Salvai-me. Levai-me pelos caminhos por onde quiserdes. Confio em vós e não peço explicações. Apenas vos peço o favor de vossa ajuda para continuar firme e nunca vos abandonar. Estou contente por ser vosso discípulo, e quero ajudar outros a vos conhecer e amar. Ensinai-me o que lhes dizer, e tocai seu coração para que vos aceitem como Senhor e Salvador. Que se cumpram em nós vossas promessas de salvação. Amém.

sábado, 30 de janeiro de 2016

A GENTE PODE APRENDER TAMBEM COM OS VELHOS

PADRE CLÓVIS DE JESUS
BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
Um jovem lenhador, procurou um mestre, o melhor cortador de lenha da região e pediu para ser aceito como seu discípulo a fim de aperfeiçoar suas habilidades. O mestre concordou e passou a ensiná-lo. Não passou muito tempo e o discípulo julgou ser muito melhor que o mestre, e o desafiou para uma competição em público. Tendo o mestre aceito o desafio, tudo foi marcado e preparado. Então, mãos à obra. O jovem trabalhava no corte da lenha sem parar, e de vez em quando, olhava para conferir como estava o trabalho do mestre. Para grande surpresa do jovem, o mestre encontrava-se muitas vezes sentado, o que ocorreu mais vezes durante a competição. Isto fortaleceu ainda mais a determinação do jovem, que continuou a cortar a lenha e a pensar:
-“Coitado, o mestre realmente está muito velho...” 
Ao terminar a competição foram medir os resultados, e constatou-se que o mestre havia cortado mais lenha que o discípulo. O jovem frustrado, disse: 
- Não consigo entender, não parei de cortar lenha o dia todo, com toda minha energia, e cada vez que eu olhava o senhor estava descansando!
O mestre respondeu: 
- Não meu jovem, eu não apenas descansava. Eu amolava o meu machado. Você, por estar tão empolgado em cortar mais lenha, se esqueceu desse pequeno detalhe. Afiar seu próprio machado, como eu havia ensinado! E por isso, sua produção caiu! 
Lição: Nunca subestime alguém pela sua idade. Observe e aprenda com ele. Só a determinação e a pouca idade não bastam para vencer na vida. – Fonte: Com Deus.

30 DE JANEIRO – DE JOVEM FRÍVOLA A UMA GRANDE SANTA

A vida de Santa Jacinta Marescotti (+ Viterbo, 1585-1640) sai fora dos padrões comuns. Tentou várias conversões na vida. De mulher frívola e mundana passou a ser monja. E de monja relaxada e tíbia, a uma grande santidade. Vejamos: Quando menina Clarice (este era seu nome de batismo) ficou um tempo com as religiosas franciscanas, a mandado dos pais. Mas ela, muito presa às vaidades do mundo, queria se casar. Por isso não só saiu do convento, mas passou a freqüentar festas e encontros da alta sociedade. Seus pais, preocupados com sua conduta, convenceram-na a voltar para o convento. No convento a mocinha rica trocou o nome para Jacinta, mas não seu comportamento. Seu hábito era de seda. Seu quarto decorado luxuosa e principescamente. Deus continuava aguardando o momento da conversão. Seu pai morreu assassinado. Uma doença grave levou Jacinta às portas da morte. Uma boa confissão devolveu-a finalmente aos braços da misericórdia divina. Jacinta mudou o hábito de seda por uma roupa simples, pediu perdão publicamente, entregou-se à oração e à penitência, chegando a ser mestra das noviças e depois superiora do convento, além de fundar várias obras de caridade. Durante o velório foi preciso trocar tres vezes seu hábito porque o povo recortava e tirava pedacinhos como relíquia.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
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REFLETINDO A PALAVRA - “Não tenhais medo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
O Senhor está a meu lado
            Vivemos tempos de insegurança. A leitura do profeta Jeremias retrata a situação de um homem que, se por um lado é seduzido por Deus como um fogo que ardia dentro dos ossos (Jr 20,7.9), por outro lado é vítima de uma perseguição por causa da profecia. O salmo reza essa situação: “Pois o meu zelo e meu amor por vossa casa me devoram como fogo abrasador” (Sl. 68). Essa situação de dificuldades é a oportunidade de ter a certeza da presença do Senhor: “Mas o Senhor está ao meu lado como forte guerreiro; por isso, os que me perseguem cairão vencidos” (Jr20,11). Essa temática do medo das dificuldades é retomada por Jesus: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” (Mt 10,28). Se o Senhor está ao lado do discípulo, ele não deve temer proclamar a verdade. É preciso não ter medo e proclamar sobre os telhados. A mensagem de Jesus é luz que não pode ser colocada debaixo da mesa. Jesus fez essa experiência. Foi perseguido por causa da Palavra. Jesus e Jeremias têm a consciência de terem Deus a seu lado: Ele é sempre o Emanuel, o Deus conosco. Jesus ensina que não devemos ter medo dos que matam o corpo, pois a morte tem sentido para Deus que se preocupa com cada um, muito mais do que com pardais que caem no chão. Se o fio de cabelo tem valor, quanto mais valemos nós! A consciência da presença do Senhor é o que dá vida aos pregadores do evangelho que não tem medo do sofrimento ou da morte. Deus é solidário com o que sofre por causa da justiça. O sofrimento é um momento de culto a Deus, como diz o profeta: “Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, pois ele salvou a vida de um pobre homem das mãos dos maus” (Jr 20,13).
A quem devemos temer
            Há um inimigo a ser temido, o que “pode destruir a alma e o corpo no inferno” (Mt 10,28). O homem não pode jogar o outro na geena. Geena era o lixão da cidade, onde havia um fogo permanente. Adaptou-se a palavra a Inferno. O que se deve temer é a morte da alma, e assim ser lançado por uma escolha de excluir Deus da própria vida. Tirada a fonte, morre a vida divina em nós. A sociedade procura fazer desaparecer Deus de sua vida. Isso se torna leis em parlamentos, nas empresas que se coligam para tirar a marca da fé das culturas. Assim os corações murcham no calor da descrença. Na escola, falar de Deus é violentar a liberdade, ofender outros credos, criar tabus. Certamente podemos falar de modo mais ecumênico, pois a verdade do Evangelho não se prende a nenhuma cultura, a não ser como meio que Deus usou para se encarnar. Diante deste distanciamento de Deus, podemos nos envergonhar de falar de Jesus. Nisso perdemos, pois Ele nos negará diante do Pai (Mt 10,33). Ele falará de nós, se falarmos dele.
Vivendo o tempo da graça
            Cercados por esse mistério de iniqüidade e morte, temos consciência de que a graça é mais abundante. Paulo afirma: “A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundancia sobre todos” (Rm 5,15). O fiel cristão pode ficar sem medo, pois a graça de Cristo é muito maior que todos os medos que possamos ter. Diante dos medos, o que se pede aos cristãos é que tenham a confiança como arma. Por mais que seja difícil, nenhuma luta é estéril. O amor a Cristo rompe o circulo vicioso dos temores e infunde a força de vencer. A consciência da posse que Deus tem de nós garante nossos momentos de cruz. 

EVANGELHO DO DIA 30 DE JANEIRO

Evangelho segundo S. Marcos 4,35-41.
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?». 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia: 
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja 
Carta 284, às Carmelitas de Sevilha 
No meio da tormenta
Coragem, minhas filhas! Coragem! Lembrai-vos de que Deus não dá a ninguém mais trabalhos do que os que a pessoa pode sofrer, e que sua Majestade está com os atribulados. Nada deveis temer, mas esperar na sua misericórdia, que Ele trará à luz a verdade e descobrirá as tramas que o demónio tinha escondidas para lançar a tribulação entre vós. […] Oração, oração, minhas irmãs! É agora que devem esplandecer a humildade e a obediência em cada uma de vós. […] 
Oh, que momento tão propício para recolherdes os frutos das resoluções que tomastes de servir a Nosso Senhor! Vede bem que, muitas vezes, Ele quer provar se as obras respondem às resoluções e às palavras. Honrai nesta grande provação as filhas da Virgem, vossas irmãs. Se vos aplicardes nesta intenção, o bom Jesus há-de ajudar-vos; ainda que durma no mar quando a tempestade rugir, Ele faz parar os ventos. Mas quer que nós Lho peçamos, e ama-nos tanto que procura sempre novos meios para fazer progredir as nossas almas. Bendito seja o seu nome para sempre! Amen, amen. 
Em todos os mosteiros, recomendamo-vos insistentemente a Deus. E assim espero que, na sua bondade, em breve Ele há-de tratar de tudo. Em consequência, esforçai-vos por estar alegres e por considerar que, vendo bem as coisas, é pouco tudo o que se padece por um Deus tão bom que tanto sofreu por nós, pois afinal não chegastes ainda a verter sangue por Ele (Heb 12,4). […]. Deixai agir o vosso Esposo, e vereis como, dentro em pouco, o mar tragará os que nos fazem guerra, tal como Ele fez ao rei Faraó.

Santa Sabina

No segundo século, a perseguição dos cristãos tinham temperado durante o reinado de Trojan. Esta política foi seguida por seu sucessor, Adriano, pela mesma razão, para evitar desordem civil desnecessária. Somente quando denunciou cristãos foram martirizados. Escrava de Sabina, Seraphia, convertido Sabina, filha de Herodes Metallarius e viúva de Valentino, ao cristianismo. Como às vezes acontecia, Seraphia foi ordenado a fazer homenagem aos deuses de Roma. Ela se recusou e foi entregue a dois homens para a sua fruição. Porque ela foi preservada de seus avanços por intervenção divina causando sua doença súbita, ela foi denunciada como uma bruxa e decapitada. Sabina resgatados restos de seu escravo e os tinha enterrado no mausoléu da família, onde ela também deverá ser enterrado. Denunciado como um criminoso, Sabina foi condenado por seu ato de caridade para com seu escravo. Ela foi acusada de ser um cristão por Elpidio o Perfeito. Ela estava lá em cima martirizado. Era o ano 125 dC, na cidade de Vindena no estado de Úmbria, Itália. Em 430 dC seus restos mortais foram trazidos como relíquias para o Monte Aventino, ao abrigo do qual é um cemitério de achados arqueológicos que remontam à fundação de Roma, onde uma basílica foi finalmente construído e nomeado em sua honra. Santa Sabina sofreu o martírio no dia 29 de Agosto do ano de 125 dC, sob o Imperador Adriano. Suas relíquias, juntamente com os do Santos Seraphia, Alexander, Evenzio e Teodulo estão venerada sob o altar-mor da Basílica romana, que leva seu nome. Fonte: http://stsabinaparish.org/

Santo Hipólito de Roma

Exercia sua vida religiosa com austeridade. Combatia as heresias e até mesmo declarando-se anti-papa contra Calisto e Ponciano que depois foi declarado como santo. Porém o papa conseguiu tirar a dureza de coração de Hipólito, pouco inclinado ao perdão, que já se encontrava em exílio numa região da Sardenha com poucas condições de sobrevivência e também acabou sendo deportado para lá após ter renunciado ao pontificado para beneficiar os cristãos. Tratava-se daquele que viria ser são Ponciano. Tal atitude comoveu a Hipólito que se reconcilou com a Igreja e passou a aceitar a figura do Papa como seu legítimo representante. O Papa Dâmaso declarou, sobre são Hipólito: “Na hora da prova, no tempo em que a espada cortava as vísceras da santa Mãe Igreja, com fidelidade a Cristo ele caminhou para o reino dos santos”. Hipólito também foi bispo e escritor, além de mártir juntamente com Poncionao, foram sepultados em Roma. Hipólito na via Tuburtina e Ponciano nas catacumbas de são Calisto. Oração do Santo Hipólito: heresias da Igreja em tempos de cisma, que defendestes com vossa própria vida os valores verdadeiramente cristãos e morrestes perdoando e abraçando a fé na hierarquia da Igreja, cujo Papa é o supremo Pastor, nós vos rogamos que transformeis nosso coração, concedendo-nos valentia porém mansidão, capacidade de perceber os erros mas com caridade corrigir nossos irmãos, sermos perseguidos e maltratados mas perdoando sempre. Por Cristo Nosso Senhor.Amém. (Regina Perina) Devoção: Zelo extremado pela Igreja de Cristo 

CARMEN GARCIA MOYON Leiga, Terciária capuchinha, Beata 1888-1937

Cármen Garcia Moyon, antepenúltima de cinco irmãos, nasceu a 13 de Setembro de 1888 na cidade francesa de Nantes: seu pai era espanhol e sua mãe francesa. Recebeu o baptismo na paróquia de Nossa Senhora do Bom Porto (Notre-Dame de Bon Port) na sua cidade natal, oito dias depois do seu nascimento. Instruída religiosamente, Cármen mostrou, muito rapidamente exemplos dos seus verdadeiros senti-mentos cristãos, que ele defenderá depois com todas as forças da sua alma. Mulher de temperamento heróico e duma amabi-lidade sem limites, ela mostrou-se duma grande valentia sentindo subir, do mais profundo dela mes-ma, uma santa cólera — como acontecia com São João Eudes — diante dum herético, para defender os seus direitos e os da Igreja. No princípio do século XX a família Garcia-Moyon voltou para Espanha, e foi instalar-se na cidade de Segorbe, Castellón. É mais do que provável que as relações de Cármen com as Irmãs religiosas do venerável Luís Amigo foram para ela o princípio da sua vocação religiosa. De facto, em 11 de Janeiro de 1918 ela entrou na Congregação das Terciárias Capuchinhas e, ali fez os seus primeiros votos, votos que ela não renovará, visto que em 1926 ela se en-contra na cidade de Torrente, na região de Valência. Ali, rapidamente tomou contacto os monges do Con-vento do monte Sião. Com o passar do tempo, a “francesinha”, como a chamavam então, tornou-se catequista para se ocupar das crianças do convento; passava a ferro os paramentos sagrados, ocupava-se do asseio da igreja do convento e acabou mesmo por instalar em sua casa um curso de costura onde ensinava às jovens torrentinas a arte de costurar, de remendar e de bordar as vestes. Uma verdadeira catequista, cooperadora paroquial e trabalhadora social. As suas convicções religiosas levaram-na à morte violenta na noite de 30 de Janeiro de 1937, em Barranc de les Canyes, diante da casa dos Viajantes, no caminho que conduz a Montserrat. “Viva Cristo Rei!” foram as suas últimas palavras perante os assassinos que a vitimaram, dando assim à Igreja da Espanha, uma nova glória, que brilha na via láctea de todos os seus Santos e Beatos. Aqueles que a conheceram testemunham que Cármen, humanamente falando, era muito afectuosa e com-preensiva ; fisicamente pequena, gorducha, saudável de olhar calmo e pertinente; moralmente uma pessoa muito religiosa e profundamente devota. Ela foi uma verdadeira interprete cristã do pensamento feminino religioso. Afonso Rocha

COLUMBA MARMION Abade, pai e mestre no século XX, Beato 1858-1923

Tendo sido ordenado sacerdote secular, aquele jovem irlandês sentia sua alma poderosamente atraída pelo silêncio e pelo recolhimento da vida monástica. A Providência o chamava a ser digno filho de São Bento e pai espiritual de muitos monges.
O peregrino que se proponha conhecer as origens cristãs do Velho Continente não pode deixar de visitar agruta de Subiaco, local escolhido pelo jovem Bento de Núrsia para consumar sua entrega a Deus, abandonando a vida de estudos que até então levava na Roma dos retóricos e literatos. E os que hoje trilham seus passos sentem uma forte atracção pelo local, marcado misteriosamente pela presença do santo Patriarca e Patrono da Europa.
Enquanto se sobe pelos íngremes caminhos que conduzem ao mosteiro — exercício desde logo recompensado pelo belíssimo panorama —, o visitante pode discernir, se não através de voz humana, certamente pela da graça, aquele chamado do varão de Deus que atraiu legiões de almas à vida monástica: "Escuta, filho meu, os preceitos do mestre, e inclina o ouvido do teu coração. Recebe de bom grado o conselho de um bom pai, e cumpre-o eficazmente, para que, pelo trabalho da obediência, voltes Àquele de Quem te havias afastado"[1].
Ao atento observador não passarão despercebidas algumas árvores que adornam o caminho, as quais bem simbolizam a história desta instituição. São vegetais de inacreditável robustez, cujas raízes se embrenharam pelo solo pedregoso e lograram subsistir em condições desfavoráveis. Enfrentaram os ventos das intempéries e os da História, mantendo-se erectas apesar das adversidades, e ostentando uma vitalidade que desperta surpresa e admiração.
Assim é a Ordem Beneditina. Nascida da vocação de São Bento, conta ela hoje quase 1.500 anos de existência. Atravessou todas as catástrofes, venceu as rudezas das guerras e as deficiências dos homens, e olha sobranceira para um passado que lhe valeu uma legião de filhos canonizados e dezasseis Papas saídos do silêncio de seus claustros. Dezasseis também foram os sucessores de São Pedro que se colocaram sob a protecção deste santo fundador — curiosamente, nenhum deles foi beneditino —, entre os quais nosso actual Romano Pontífice, Bento XVI.
Se a Europa cristã deve, em larga medida, a esta Ordem seu itinerário de conversão e civilização, também o século XX, palco de acontecimentos que mudaram os rumos da humanidade, recebeu a acção benéfica dela emanada, por meio de uma figura talvez pouco conhecida: o Beato Columba Marmion.
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MUCIANO MARIA WIAUX Religioso, Santo 1841-1917

No dia 20 de Março de 1841 nasceu, em Mellet, na Bélgica, Louis-Joseph Wiaux, sendo baptizado no mesmo dia do nascimento como costume da época.
Mellet é um lugar de gente muito tranquila, trabalhadora e honrada. Aí a família Wiaux destaca-se por seu sentido de vida cristã. Trabalham muito, sempre com muita descontracção e um humor destacável. E Luís foi crescendo nesse ambiente de trabalho, alegria e piedade.
No dia 28 de Março de 1852 Luís fez sua primeira comunhão. Era muito trabalhador, alegre, modesto e muito delicado de consciência. Logo que terminava suas tarefas, lia muito. Era obediente. Não foi um menino prodígio, mas tinha uma inteligência aberta e ágil, com excelente memória. Tinha um temperamento de chefe e uma formação baseada nos princípios cristãos.
Sua vocação foi amadurecendo e não era novidade para aqueles que o conheciam. Logo se anuncia o caminho do Senhor e em 7 de Abril de 1856 dirige-se ao Noviciado dos Irmãos das Escolas Cristãs, em Namur. Ele sabia que tudo era necessário para fazer-se na nova vida e começar um novo aprendizado. O ambiente do Noviciado era de silêncio, orações, exercícios espirituais, leituras espirituais, trabalhos, conferências sobre Vida Religiosa e Regra... Luís sabia que sairia do Noviciado como Irmão.
Em 1º de Julho de 1856 o postulante Luís José Wiaux toma o hábito, na entrada do Noviciado, e recebe o nome de Irmão Muciano Maria (Mutien-Marie). Faz um Noviciado de generosidade impulsiva. Desejou, desde cedo, que sua vida fosse um SIM total aos superiores e à Regra. Toda a sua espiritualidade estava sustentada em 3 pontos: culto à Regra, submissão evangélica aos superiores e amor filial a Nossa Senhora.
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JACINTA DE MARISCOTTI Religiosa, Santa 1585-1640

PADROEIRA DE VITERBO

Após uma vida frívola e mundana, Jacinta de Mariscotti converteu-se radicalmente, transformando-se numa grande santa dotada dos dons de milagre e de profecia
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Clarice de Mariscotti — como se chamava Jacinta antes de entrar em religião — era filha de MarcantonioMariscotti e Otávia Orsini, condessa de Vignanello, localidade próxima de Viterbo, (na Itália), onde a santa nasceu provavelmente no dia 16 de março de 1585.
De seus pais muito virtuosos, recebeu profunda formação religiosa, correspondendo aos anseios dos progenitores. Entretanto, atingindo a adolescência, Clarice tornou-se vaidosa e mundana, buscando apenas divertir-se. Sua preocupação passou a ser vestidos, adornos, entretenimentos.
Tal situação fez com que o pai se preocupasse muito com a salvação de sua filha. Como remédio, resolveu mandar a vaidosa para o convento, onde estava sua irmã mais velha, que lá era um exemplo de virtude. Clarice obedeceu de má vontade. Enquanto permaneceu no convento, alimentava o desejo de sair dele o mais rapidamente possível para voltar à vida despreocupada e mundana de antes. Insistiu tanto, que o pai acabou cedendo.

O mundo não dá o que promete

Mas no mundo, para onde voltara, não encontrou o que esperava. Os anos corriam, as vaidades passavam, e ela não encontrava quem lhe proporcionasse a felicidade esperada. Nenhum dos julgados “bons partidos” da região dava atenção àquela moça tresloucada. Clarice viu ainda sua irmã mais nova, Hortência, casar-se com o marquês romano Paulo Capizucchi, e ela ficar para trás.
A família insistiu então com ela para que voltasse ao convento, desta vez como freira. A contragosto retornou àquele mesmo em que estava sua irmã, das religiosas da Ordem Terceira Franciscana regular.
Nessa Ordem tomou o nome de Jacinta. Infelizmente ela não deixou o mundo atrás de si, mas o trouxe para a vida religiosa. Julgando as celas das freiras muito pequenas e pobres, mandou construir uma especial para si, de acordo com sua posição social, e ornou-a com luxo principesco, colocando cortinas, tapetes, objectos de ouro e prata, bem como uma mesa de mármore. Tudo isso, que poderia ficar bem num palácio, destoava do ambiente de pobreza próprio daquele convento. Com tédio e má vontade, participava dos actos comuns da casa religiosa.
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MARTINHA DE ROMA Virgem, Mártir, Santa + ca 230

Esta célebre Santa, uma das padroeiras de Roma, era de família distinta. O pai, três vezes eleito cônsul, era possuidor das mais belas virtudes e afortunado. Martinha recebeu uma educação esmerada, baseada nos princípios do Cristianismo, mas teve a infelicidade Santa Martinha de Roma, Mártirede perder bem cedo os pais. Inflamada de amor a Jesus Cristo, deu todos os bens aos pobres, fez voto de castidade e em atenção à sua vida santa e exemplar, foi recebida entre as diaconistas, honra com que pessoas de muita probidade eram distinguidas. Tinha o imperador Alexandre Severo (222-235) concebido o plano de exterminar os Galileus (assim alcunhava aos cristãos). Conhecendo a formosura, nobreza e bondade de Martinha, tudo fez para afastá-la da religião cristã e chegou até a oferecer a dignidade de Imperatriz, caso se decidisse sacrificar a Apolo. Martinha respondeu: “O meu sacrifício pertence a Deus imaculado; a Ele sacrificarei, para que confunda e aniquile a Apolo e, este deixe de perder almas”. Alexandre Severo, interpretando esta resposta em seu favor, organizou uma grande festa no templo de Apolo, para onde levou Martinha, na presença dos sacerdotes e de muito povo. Os olhos de todos estavam dirigidos para a jovem que, no meio do grande silêncio que reinava, fez o sinal da cruz, elevou olhos e braços ao céu e disse em alta voz: “Ó Deus e meu Senhor ! Ouvi esta minha súplica e fazei com que se despedace este ídolo cego e mudo, para que todos, imperador e povo, conheçam, que só Vós sois o único Deus verdadeiro e que não é licito adorar senão a Vós !” No mesmo instante a cidade inteira foi sacudida por um forte terremoto, a imagem de Apolo caiu do seu lugar; parte do templo ruiu por terra, sepultando nos escombros os sacerdotes e muita gente. O imperador ordenou que Martinha fosse esbofeteada, flagelada e tivesse as carnes dilaceradas com torqueses. Os algozes porém não puderam cumprir a ordem, porque um Anjo de Deus defendia a donzela e esta, no meio dos maus tratos , entoava cânticos de louvor a Jesus Cristo e convidava os algozes a se converterem à religião de Jesus. Deus abençoou-lhes as palavras: oito algozes caíram de joelhos, pediram perdão à Mártir e confessaram alto a fé em Jesus Cristo. O imperador, ainda mais enraivecido com este incidente, mandou levá-los todos ao cárcere, torturar barbaramente os oito algozes, os quais, por uma graça especial divina, ficando fiéis a fé, receberam a palma do martírio, pela decapitação. No dia seguinte a “feiticeira” foi citada ao palácio do Imperador, que a recebeu com estas palavras: “Basta de embustes. Diz-me, para que eu saiba com quem estou tratando: Sacrificas aos deuses ou preferes aderir ao feiticeiro, ao Cristo?” Com santa indignação respondeu Martinha: “Não admito que insultes a meu Deus! Se queres aplicar-me novas torturas, aqui estou; não as temo; pois sei que Deus me dá força”. A resposta do imperador foi a condenação da Mártir a suplícios crudelíssimos e desumanos. Martinha, no meio das dores, glorificou a Deus e as feridas exalavam-lhe um suave perfume. Grande foi o espanto de Alexandre Severo ao ouvir, no dia seguinte, a notícia de que Martinha que se achava no cárcere, estava perfeitamente curada das feridas e não só isto: Os guardas viram, durante a noite, o cárcere iluminado por uma luz maravilhosa e ouviram, extasiados, cânticos celestiais. O furor do imperador chegou ao extremo. Não mais senhor de sua paixão, condenou Martinha às feras no anfiteatro, e fez timbre de achar-se entre os espectadores. Novo milagre. Martinha, de uma beleza sobrenatural encantadora, ajoelhada na “arena”, calma se achava à espera do leão . Este, o indómito rei do Saara, possante e belo em sua força, se anuncia com rugido aterrador e em dois saltos se acha ao lado da vítima. Como que, domado por uma força invisível, arroja-se aos pés de Martinha, manso como um cordeiro. De repente se levanta, e num salto medonho ganha a barreira, entrando no recinto dos espectadores, matando alguns deles. O pânico foi indescritível. O imperador, longe de convencer da intervenção divina na defesa da mártir, atribui o fato extraordinário às forças mágicas de Martinha, as quais, segundo sua opinião, teriam sua sede na rica cabeleira da Santa. Deu ordem para a rica cabeleira ser-lhe cortada imediatamente e a donzela, assim profanada, ser fechada no templo de Júpiter. Nos dois dias seguintes Alexandre Severo, acompanhado de sacerdotes e muito povo, se dirigiu ao templo. Não entrou, porém, porque teve a impressão de ouvir vozes masculinas e julgou que fossem os deuses, que se tivessem reunido para converter Martinha. Aberto o templo no terceiro dia, ao imperador apresentou-se um espetáculo estranho: Achavam-se derrubados ao chão todas as imagens dos deuses. À sua pergunta onde estava a estátua de Júpiter, Martinha respondeu sorrindo: “Tendo ele que dar satisfação a Cristo, porque não salvou estes doze ídolos? Meu Deus entregou-o aos demónios, que dele fizeram o que vedes”. Fulo de raiva por este escárnio, Severo ordenou que se despejasse banha fervente sobre o corpo de Martinha e a entregassem às chamas. Veio, porém, uma grande chuva apagar a fogueira. Restava então só a morte pela espada. Martinha aceitou a sentença, com toda submissão e gratidão para com Deus. Espontaneamente ofereceu a cabeça ao algoz, que a fez entrar nas eternas núpcias do Senhor Jesus. Os cristãos apoderaram-se clandestinamente do corpo da Santa e sepultaram-no com todas as honras. As relíquias de Santa Martinha foram encontradas em 1634 e acham-se hoje na Igreja do mesmo nome, a qual se ergue perto do arco do triunfo de Severo.