Evangelho segundo São Mateus 15,29-37.
Naquele tempo, foi Jesus para junto do mar da Galileia e, subindo ao monte, sentou-se.
Veio ter com Ele uma grande multidão, trazendo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os,
de modo que a multidão ficou admirada, ao ver os mudos a falar, os aleijados a ficar sãos, os coxos a andar e os cegos a ver; e todos davam glória ao Deus de Israel.
Então Jesus, chamando a Si os discípulos, disse-lhes: «Tenho pena desta multidão, porque há três dias que estão comigo e não têm que comer. Mas não quero despedi-los em jejum, pois receio que desfaleçam no caminho».
Disseram-Lhe os discípulos: «Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?»
Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Eles responderam-Lhe: «Sete, e alguns peixes pequenos».
Jesus ordenou então às pessoas que se sentassem no chão.
Depois tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu-os e foi-os entregando aos discípulos e os discípulos distribuíram-nos pela multidão.
Todos comeram até ficarem saciados. E com os pedaços que sobraram encheram sete cestos.
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade cisterciense, depois bispo
O sacramento do altar, PL 204, 690
O pão da vida eterna
«Eu sou o pão da vida», diz Jesus. «Quem vem a Mim jamais terá fome e quem acredita em Mim jamais terá sede» (Jo 6,35). Exprime assim, por duas vezes, a saciedade eterna, onde já nada falta.
No entanto, a Sabedoria diz: «Aqueles que me comem terão ainda fome e aqueles que me bebem terão ainda sede» (Sir 24,21). Cristo, que é a Sabedoria de Deus, não é um alimento para saciar o nosso desejo já no presente, mas para nos fazer desejar essa saciedade; e, quanto mais provarmos a sua doçura, mais estimulamos o nosso desejo dela. É por isso que aqueles que O tomam como alimento continuarão a ter fome, até alcançarem a saciedade; mas, quando o seu desejo estiver satisfeito, deixarão de ter fome e sede.
«Aqueles que me comem terão ainda fome». Esta frase também pode ser compreendida em relação ao mundo futuro, porque há na saciedade eterna uma espécie de fome, que não provém da necessidade, mas da felicidade. Aí, a saciedade não sacia; aí, o desejo não conhece gemidos. Cristo, sempre admirável na sua beleza, também é sempre desejável, «Ele, que os próprios anjos desejam contemplar» (1Ped 1,12). Deste modo, mesmo quando O possuímos, desejamo-lo; mesmo quando O temos, procuramo-lo, conforme está escrito: «Buscai sempre a sua face» (Sl 104,4). Com efeito, Ele é sempre procurado, Ele que é amado para ser possuído para sempre.
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