Evangelho segundo São Lucas 9,7-9.
Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que Jesus fazia e andava perplexo, porque alguns diziam: «É João Batista que ressuscitou dos mortos».
Outros diziam: «É Elias que reapareceu». E outros diziam ainda: «É um dos antigos profetas que ressuscitou».
Mas Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar. Mas quem é este homem, de quem oiço dizer tais coisas?». E procurava ver Jesus.
Tradução litúrgica da Bíblia
(406-450)
Bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 147
Tal como Herodes, nós queremos ver Jesus
O amor não admite não ver aquele que ama. Não é verdade que os santos tinham por insignificante tudo quanto obtinham enquanto não vissem a Deus? Foi por isso que Moisés ousou dizer: «Se é verdade que alcancei graça aos teus olhos, revela-me as tuas intenções e que eu Te conheça» (Ex 33,13); e o salmista: «Mostra-nos o teu rosto» (Sl 80,4). E não foi também por isso que os pagãos fizeram ídolos? Mesmo mergulhados no erro, viam com os seus olhos aquilo que adoravam.
Portanto, Deus sabia que os mortais viviam atormentados pelo desejo de O ver; e o que escolheu para Se mostrar era grande na terra e não o era menos no Céu. Pois aquilo que Deus fez semelhante a Si na terra não podia deixar de ser honrado no Céu: «Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança» (Gn 1,26). Que ninguém pense, pois, que Deus não teve razão quando veio aos homens sob forma humana. Ele tomou carne no meio de nós para ser visto por nós.
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