A liturgia deste domingo está centrada na parábola do tesouro descoberto, pelo qual se vende tudo para possuí-lo. Este tesouro escondido é a realidade mais preciosa, anunciada já no Antigo Testamento. É a Sabedoria Divina, tesouro precioso que procede de Deus. O jovem rei Salomão pede a Deus tudo o que precisava para governar seu povo: inteligência para “discernir entre o bem e o mal”. É a Sabedoria Divina da qual quer participar para realizar sua missão que é estar no lugar de Deus para dirigir o povo. A Sabedoria é a Lei: “Quanto amo, Senhor, a vossa lei!” (refrão do salmo 118). A Sabedoria é a ação do Espírito Santo que nos conduz para discernir entre o bem e o mal. Deus no-la dá quando buscamos o seu Reino que Jesus compara ao tesouro escondido e à pérola preciosa. A inteligência espiritual é a capacidade de acolher todos os valores da vida, seja material, intelectual como espiritual para chegar ao estado de homem perfeito na medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4,13). É o tesouro que justifica desapegar-se de tudo por Cristo e seu Reino. Não é possível seguir a Cristo pela metade. É seguir o ardor de Cristo: “Eu vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49). Com o Espírito de Deus poderemos deixar que este incêndio se espalhe. Pedimos na oração da coleta que “usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam”.
Tudo concorre para o bem dos que amam
Um tesouro encontrado é fonte de riquezas e bem estar. O tesouro do Reino é fonte de Vida. Ainda não acreditamos que vale a pena deixar tudo para ter muito mais. Deixar não significa abandonar, mas mudar a posição dos valores da vida. O que é importante? Sair de si para ir ao encontro das pessoas para levar o alegre anúncio do encontro que realizamos. O encanto que este tesouro provoca em nós invade todas nossas atividades, projetos e sonhos. Por isso falamos de vida nova, nova criatura, novos céus e nova terra, nova aliança, tudo se faz novo, novo homem, caminho novo, novo mandamento, novo nome, novo canto. Na busca do tesouro e da pérola não podemos nos atrapalhar no caminho que fazemos. O importante é o tesouro a se encontrar. O caminho não é o tesouro. Por isso Jesus, no final da parábola, diz que o mestre da lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas (Mt 13,52). Vivemos na Igreja tensões entre tradições e inovações. Não se trata da doutrina, mas da roupagem em que se coloca esse ensinamento. Não podemos ter receio em buscar coisas antigas que foram criadas na sabedoria, como também há coisas novas que são muito boas. Ambas nos ajudam a buscar o tesouro. É caminho. Cada época tem sua contribuição a dar.
Saber distinguir
Quem tem sabedoria tira de seu tesouro coisas novas e velhas (Mt 13,52). Não ter sabedoria para distinguir acarreta problemas para a vida, como dizemos: “negócio mal feito dá prejuízo”, pois não se soube avaliar as diversas situações. Quem quer o tesouro do Reino e não se dispõe a dar tudo por ele não consegue receber dele as riquezas que ele oferece, como diz Jesus na parábola do homem que começa construir uma torre e não tem como acabar (Lc 14,28). Quem totalmente se doa ao Reino, totalmente o recebe. Jesus usa a comparação da semente: Se cair em terra boa, produz muito fruto (Mt 13,23). Na Eucaristia ouvimos a Palavra que nos instrui na busca do tesouro e nos dá o Pão que alimenta para sustentar em nós a alegria de tudo dar por Ele.
Leituras: 1 Reis 3,5.7-12;Salmo 118;
Romanos 8,28-30;Mateus 13,44-52
1. Salomão pede a sabedoria para dirigir o povo em nome de Deus. O tesouro é Sabedoria. Deus no-la dá quando buscamos o seu Reino que Jesus compara ao tesouro escondido e à pérola. É o tesouro que justifica desapegar-se de tudo por Cristo e seu Reino.
2. O tesouro encontrado é fonte de Vida. Deixar tudo por ele é mudar a posição dos valores da vida. O encanto que provoca invade nossas atividades e sonhos. Tudo se torna novo. O importante é o tesouro a encontrar e não o caminho a fazer. O caminho não é o tesouro. Buscando-o podemos usar coisas antigas e novas.
3. Não ter sabedoria para distinguir acarreta problemas para a vida. Quem quer o tesouro e não se dispõe a dar tudo por ele, não consegue receber as riquezas que ele oferece. A semente tem que cair em terra boa para dar fruto.
Perdendo para ganhar
Nas parábolas do Reino chegamos ao ponto central de nossa parte: a busca do tesouro. O Reino é como um tesouro escondido e uma pedra preciosa. Só encontra quem dá valor e busca. Depois que descobrimos o Reino de Deus, tudo fazemos para tê-lo por inteiro. Vale mais que tudo. Se não dou tudo o que tenho para possuí-lo, é porque não me vale.
O resultado final será a separação como numa pesca. O que tem valor é recolhido, o resto, jogado fora. É que veremos no fim.
Paulo nos explica que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus, isto é, buscam o tesouro, dão tudo por ele, selecionam o que é melhor.
Foi isso que fez Salomão: Pediu sabedoria. Poderia ter pedido tudo, mas escolheu o que com ele conseguiria tudo e mais o que quisesse: Pediu Sabedoria. Podemos rezar: “Como amo, Senhor, a vossa lei!”
Homilia do 17º Domingo Comum (27.07.2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário