Celebramos a festa dos dois apóstolos Pedro e Paulo. A liturgia da festa insiste na diferente missão dos dois apóstolos e em sua união, como rezamos no prefácio: “Vós nos concedeis a alegria de festejar os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo. Pedro… fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. Esta unidade na diversidade aparece clara no chamado Concílio de Jerusalém quando decidiram não impor a lei judaica aos pagãos convertidos à fé. A profissão de fé de Pedro, que lhe foi revelada pelo Pai, torna-se alicerce da fé da Igreja (Mt 16,17-18). Paulo combate pela fé até ser sacrificado por Cristo. Vivem a fé firmados no Senhor que sentem sempre a seu lado (2Tm 4m17). Ela os fez capazes para dar uma direção à Igreja. Pedro com as chaves do serviço, não do poder, abre para judeus e pagãos convertidos as vastidões do Reino de Deus. Souberam sair de si, de seus conceitos, seus princípios tradicionais do judaísmo para assumir a Sabedoria do Espírito dado por Jesus. Hoje também há divisões. Mais que em doutrinas, está nas tradições, nas culturas, enfim, nas pessoas. O que desune a Igreja de Cristo é bem menor do que o que une. Fala-se da túnica de Cristo feita em pedaços. Lembremos que temos uma túnica de diversas, a de José, feita com o amor. Esta é símbolo da esposa de Cristo, adornada para o encontro com o Esposo. Com a sabedoria da fé e do amor, poderemos voltar à unidade na diversidade.
Aprendendo com Pedro e Paulo
Jesus promete dar as chaves do Reino dos Céus. Pedro não foi “contratado” como porteiro do Céu, como se vê na tradição popular. Ele foi colocado para abrir o Céu a todos os que aceitarem o Evangelho de Jesus. Pedro teve capacidade de permanecer fiel à fé de seus pais e deixar de lado as “tradições humanas” que vedaram a missão universal do povo de Israel. A Igreja sempre vai ter dificuldades, pois é feita de gente santa e pecadora. Aprender dos dois apóstolos é ter a capacidade de se converter também no modo de pensar e dar passos na direção do Evangelho sempre novo. A fé é alicerce e não estrutura social. Essa deve ser sempre purificada. Pe. Vitor Coelho, redentorista, servo de Deus dizia que a Igreja não é de bronze, pois enferruja. É uma árvore que precisa de um tronco firme e galhos novos que a fazem crescer e se fortalecer. Os novos brotos podem secar e cair, mas sem eles a árvore não cresce. A Igreja precisa também do dedo de Paulo. Ele chamou a atenção de Pedro diante de todos, como lemos em Gálatas (2,11-14), Quem dirige a Igreja necessita ouvir, pois podemos errar. Os dois apóstolos souberam ouvir e decidir.
Assumindo com a Igreja
Celebrando Cristo em seus dois Apóstolos, nós pedimos sua intercessão para que vivamos seus ensinamentos. A celebração é sempre um compromisso com a Verdade. Podemos aprender que a Igreja cresce na fé pela ação do Espírito Santo que anima os corações. Cresce também com a abertura às novas necessidades da evangelização. Poucas verdades são eternas. O que é humano pode ser renovado para o bem da própria Igreja. A tradição tem valor enquanto fortalece a Tradição da fé e não ideologias. A renovação é boa quando promove a Igreja a se purificar das manchas e rugas (Ef 5,25-27). Ela se purifica no cuidado dar vida digna a todos as pessoas sofredoras. A caridade a purifica.
Leituras: Atos 12,1-11; Salmo 33;
2 Timóteo 4,6-8.17-18;Mateus 16,13-19.
1.Salientamos nesta celebração a unidade dos dois apóstolos na diversidade de situações. Isso se demonstrou no Concílio de Jerusalém. Pela fé dão a direção à Igreja. A chave do serviço abre as vastidões do Reino de Deus. Souberam mudar para unir. Mais que por doutrinas, a Igreja está divida por motivos humanos.
2.Pedro não é porteiro do Céu, mas destinado a abrir os caminhos para o crescimento do povo de Deus na fé. Pedro foi fiel à fé e soube mudar. Mudar para crescer e se fortalecer, como a árvore em seus ramos novos e no tronco.
3.Pedimos a intercessão dos apóstolos para que vivamos seus ensinamentos. A Igreja cresce na fé e na abertura às necessidades da Evangelização. Tradição é manter a fé e crescer na sua compreensão ajudada pela renovação.
Os apertos que salvam
A vida dos apóstolos e dos primeiros cristãos não foi fácil. A perseguição os fez correr. Quando eram pegos, sabiam enfrentar a morte por Cristo. Deus não quer a morte de ninguém. Mas aceita a disposição de entrega de cada um.
A Igreja tem a alegria de celebrar os Santos Apóstolos Pedro e Paulo juntos. Notemos que foram diferentes e souberam viver na unidade, mesmo pensando tão diferente. Paulo pregou aos pagãos e Pedro aos judeus.
Pedro foi preso e milagrosamente libertado. Paulo passou muitas vezes nas portas da casa da morte. Os dois tinham um entusiasmo magnífico por Cristo. Paulo afirma: “Meu viver é Cristo”. A fé em Jesus os reforçava. Tinham a certeza da presença de Jesus.
Pedro professa a fé em Jesus em nome de todos nós: “Tú és o Messias, o Filho de Deus Vivo”. A fé foi lhe colocada no coração pelo Pai do Céu. Estes dois grandes apóstolos são um ensinamento para nós: mesmo sendo diferentes, sabiam viver unidos para o bem de todos.
Homilia da Festa de S. Pedro e S. Paulo (29.06.2014)
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