Uma narração mais extensa do martírio de Santa Maura é encontrada em Passio, F. Halkin, Hagiographica inedita decem [Corpus Christianorum. Série Graeca 21. Turnhout: Brepols, 1989]: 27-29. Maura e seu esposo, Timóteo, suportaram enormes sofrimentos e torturas por causa da fé em Cristo durante a perseguição do Imperador Diocleciano (285-305). Timóteo era de uma aldeia no Egito chamada Perapa, onde seu pai, Pikolpossos, era sacerdote; foi ordenado entre o clero como leitor da Igreja, onde também foi o custódio e o copiador dos livros dos Serviços Divinos. Timóteo foi denunciado como guardião dos livros cristãos quando o imperador deu ordens para que os livros fossem confiscados e queimados. Então levaram Timóteo diante do governador Ariano, que lhe ordenou entregar todos os Livros Sagrados.
Timóteo foi submetido a terríveis torturas por não obedecer à ordem; aguentou a dor com grande valentia e sempre dando graças a Deus por permitir-lhe tal sofrimento em Seu nome. Ariano foi então informado que Timóteo tinha uma jovem esposa chamada Maura, com a qual havia contraído matrimônio uns vinte dias antes. Ariano procurou por Maura com a esperança de quebrar a vontade de Timóteo, mas o santo recomendou a sua esposa que não temesse as torturas e que emulasse seu caminho. Maura lhe respondeu: "Estou disposta a morrer contigo". Maura confessou sua fé em Cristo e Ariano ordenou que arrancassem seus cabelos e lhe cortassem os dedos de suas mãos. Maura sofreu o tormento com alegria e agradeceu ao governador pela tortura que ela recebia como perdão por seus pecados. Ariano então ordenou que lançassem Maura em um caldeirão com água fervendo, mas ela não sentiu nenhuma dor e permaneceu ilesa. Tendo Ariano suspeitado de que seus funcionários tivessem sentido compaixão por Maura e houvessem enchido o caldeirão com água fria, pediu que Maura salpicasse sua mão com a água do caldeirão; quando a mártir fez isto, Arriano gritou de dor com a mão escaldada. Ariano reconheceu momentaneamente o poder do milagre e confessou que o Deus em que Maura acreditava era o Deus verdadeiro, e ordenou a sua libertação. Porém o diabo tinha grande poder sobre o governador e Ariano insistiu novamente que Maura oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos, sem conseguir convencê-la. Ele foi então possuído de uma grande ira satânica que o levou a inventar novas torturas. A população começou a murmurar e a pedir que não continuassem abusando da mulher inocente, ao que Maura lhes respondeu: “Que ninguém me defenda! Eu tenho um só defensor e é Deus, em quem confio". Finalmente, depois de ambos os mártires serem torturados por longo tempo, Arriano ordenou que fossem crucificados; foram colocados na cruz por dez dias, um de frente ao outro. No décimo dia de martírio e sofrimentos pela crucifixão os santos ofereceram suas almas ao Senhor. Isto ocorreu no ano 286. Barônio introduziu Santa Maura, Virgem e mártir, no Martirológio Romano no dia 30 de novembro, sem uma explicação suficiente, porque não se conhece nenhuma virgem mártir com este nome nascida em Constantinopla. No século VI, existia uma igreja dedicada a Timóteo e Maura em um distrito central de Constantinopla, confirmando a proeminência de seu culto, conforme Raymond Janin, La géographie ecclésiastique de l’impire Byzantin. 1: Le siège de Constantinopla et le patriarcat O ecuménique. 3: Les églises et les monastérios, Paris (1969). Mas eles haviam sofrido o martírio pela fé na Tebaida, onde o governador Ariano queria se apoderar dos livros sagrados e fazê-los renegar Cristo. Como os dois mártires se recusassem a obedecer à sua ordem, o governador infringiu-lhes diversos tormentos e os condenou finalmente à crucificação. Os sinassários bizantinos os mencionam no dia 10 de novembro e 3 de maio. Entretanto, pode ser que a confusão do Martirológio Romano tenha origem em outra fonte.
https://theo.kuleuven.be/apps/press/theologyresearchnews/2022/02/14/united-in-perpetual-love-the-story-of-timothy-and-maura/
https://pravoslavie.ru/103401.html
https://www.goarch.org/chapel/saints?contentid=39
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