Eu não saio do Sagrado Coração; quer este Divino Dono que eu seja discípulo do Sagrado Coração de Jesus, e discípulo amado.
Bernardo Francisco Hoyos é considerado como o principal apóstolo do Sagrado Coração de Jesus na Espanha e, apesar de sua breve vida, pode ser considerado um extraordinário místico. Não escreveu grandes tratados. Somente instruções e documentos espirituais, alguns sermões, apontamentos e várias centenas de cartas - possivelmente mais de duzentas - ao seu diretor espiritual.
Bernardo era natural de Torrelobatón, localidade espanhola situada no coração de Castela, onde nasceu em 20 de agosto de 1711. Teve pais piedosos que lhe transmitiram o patrimônio da fé, o puseram sob a proteção de São Francisco Xavier e o incentivaram em sua vocação religiosa. Desde os 9 anos até a morte precoce, esteve sempre com os jesuítas. Com eles estudou em várias localidades de Valladolid, integrando-se à Companhia de Jesus aos 14 anos, época em que já experimentava favores celestiais.
Um dos traços preponderantes da sua existência foi a profunda e singular vida interior, que recorda a dos grandes místicos, como Teresa de Jesus e João da Cruz. Bernardo era um jovem simples, inocente, devoto da Virgem Maria, diligente na obediência, dócil às ordens recebidas, com os braços sempre abertos para Deus em espírito de auto-oferta, guiado pelo santo temor que o precavia de qualquer falta que pudesse ofendê-lo.
Em sua biografia, encontramos o instante concreto que marcou a sua futura missão em honra do Sagrado Coração de Jesus. Mais do que coincidência, foi providencial o que lhe ocorreu aos 21 anos, quando estudava teologia em Valladolid:
Um amigo sacerdote e professor, pouco mais velho que ele, pedira a Bernardo o favor de buscar na biblioteca o texto «De cultu Sacratissimi Cordis Iesu», escrito pelo padre. José de Gallifet, e de copiar alguns fragmentos que desejava para um sermão. A leitura desta obra dedicada à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e da qual Bernardo não tinha noção alguma, despertou nele uma comoção interior inefável.
“Eu, que não havia ouvido jamais coisa assim, comecei a ler a origem do culto do Coração de nosso amor Jesus, e senti em meu espírito um extraordinário movimento forte, suave e nada arrebatado nem impetuoso, com o qual me fui logo ao ponto diante do Senhor Sacramentado a oferecer-me a seu Coração para cooperar o quanto pudesse ao menos com orações para a extensão de seu culto. (...)Todo o dia transcorreu em notáveis afetos ao Coração de Jesus, e ainda estando em oração, me fez o Senhor um favor (...) Mostrou-me seu Coração todo abrasado em amor, condoído do pouco que se lhe estima.”
Naquele mesmo instante, ele consagrou a vida perante o sacrário, prometendo dedicar-se por inteiro a estender esse culto.
No dia seguinte, através de uma locução divina, soube que tinha sido escolhido para esta missão: «Envolto em confusão, renovei a oferta do dia anterior, mesmo um pouco perturbado, vendo a desproporção do instrumento e não vendo meios para uma obra tão grande». Na mesma jornada, durante a oração, viveu outro fato singular. O Sagrado Coração lhe apareceu «todo abrasado em amor e condoído pelo pouco que é amado. Repetiu-me o chamado que fizera a este seu indigno servo para transmitir o seu culto, e fez sossegar aquela pequena perturbação que mencionei, dando-me a entender que eu devia deixar sua providência agir, pois ela me guiaria…». Em outra visão, o arcanjo São Miguel lhe assegurou sua assistência para levar adiante esta missão.
Bernardo promovia uma intensa cruzada em favor do Sagrado Coração de Jesus, em que envolveu religiosos, começando pela própria comunidade, prelados e membros da realeza, conseguindo até que o pontífice oficializasse esta festa para a Espanha.
No dia 15 de agosto de 1733, festa da Assunção de Maria, nosso Bernardo teve uma visão em que pode admirar a glória da Virgem no Céu. Viu Bernardo durante a Santa Missa e lhe disse Nosso Senhor: “O que hoje sentiu, é algo que aconteceu no Céu quando nele entrou minha Mãe. Tenha-a por sua: tudo o que me pedir por seu intermédio, não duvides que alcançarás, se é pela minha glória.”
Numa das locuções, Cristo lhe garantiu que reinaria «na Espanha com mais veneração do que em outras muitas partes do mundo». O arcebispo de Burgos o apoiou nesta missão desde o começo, o que propiciou o florescimento de congregações do Coração de Jesus e a realização de numerosas novenas que aumentavam a veneração das pessoas.
Os jesuítas levaram à América os ecos desta cruzada que Bernardo empreendeu até morrer, em Valladolid, no dia 29 de novembro de 1735, em decorrência do tifo. Tinha 24 anos e fora ordenado sacerdote em janeiro do mesmo ano. Foi beatificado em Valladolid em 18 de abril de 2010.
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