Quando vejo crianças brincando ou protegidas nos braços de uma mãe, me vem à lembrança o que dizia uma mulher no metrô em Roma, comentando com outra sobre os insultos de um filho mal-educado: “É melhor criar um cão, do que um filho”.
Realmente ser mãe não é para qualquer pessoa, pois é um dom, uma graça, uma vocação. Quem não tem competência é melhor mesmo que gaste seu tempo e dinheiro entre animais irracionais. Não sou contra animais, mas sou contra a insensatez de quem os quer transformar em pessoas humanas. Ê ridículo ver atitudes em relação a animais que caberiam bem a qualquer criança e com mais proveito. Para essas pessoas, a maternidade não pode ser considerada apenas como um peso, mas uma incapacidade.
A capacidade de ser mãe só existe num ser normal no qual foram desenvolvidas as capacidades de amar, de se doar, a sensibilidade que humaniza as pessoas e todas as relações humanas, o ser religioso que vive valores evangélicos do respeito à vida e à dignidade de toda a pessoa humana.
Ser mãe é graça, convite para gerar e repartir a vida, que é vida de Deus nas pessoas.
E graça não cabe em qualquer lugar, nem em qualquer coração.
Ser mãe é uma vocação sublime, própria de quem ama a vida e é sumamente agradecida pela vida que recebeu de Deus. É abrir o coração para uma nova semente que germinará em seu seio, nova imagem de Deus, a quem ela ama profundamente.
Ninguém é obrigado a viver essa realidade divina da vida multiplicada com amor, do gesto criador de Deus, pois aqui a mãe sente o filho como sua própria carne e sua própria vida, expressão mais íntima de seu ser.
Bem falou o Evangelho: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos outros”. A mãe vê sua própria vida prolongada na vida do filho. Ela se esquece, porque agora se tornou o santuário da vida.
Como nos prostituímos nos pensamentos e sentimentos. Como estamos corrompidos pela ignorância, pelo medo, pela insensatez, pelo egoísmo. Perdemos lentamente a capacidade de amar gratuitamente. Hoje criança é um peso social que impede a falsa liberdade. Jogamos com a vida, deixando prevalecer os interesses e a comunicação social que nos apresentam diariamente falsas mães, mães irresponsáveis, mães reprodutoras para as quais filhos são uma satisfação passageira, um peso, ou um brinquedo ou uma auto-afirmação. Melhor para eles seria não ter nascido.
DO LIVRO:
RELIGIÃO TAMBÉM SE APRENDE
VOLUME 11
EDITORA SANTUÁRIO
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R
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