Continuando atentos à proclamação do evangelho de S. Mateus, ouvimos a parábola do semeador. Jesus entra em uma barca e fala à multidão na praia. Fala da semeadura. A semente é jogada na terra. São quatro situações de terra: terra à beira do caminho, com pedras, com espinhos, e a terra boa. Jesus é o semeador. Lançou a Palavra como o semeador. Não escolhe, lança em todas as direções, nos diversos tipos de terra. A medida de Jesus é abundante. Assim contou a parábola. Chegando em casa os discípulos Lhe perguntam porque fala em parábolas. Curiosamente, e com um pouco de susto para nós, Jesus responde que fala em parábolas para não ser entendido. E diz: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus, mas a eles não é dado ... Porque olhando não vêem, ouvindo não escutam nem compreendam” (Mt 13,10-12). Citando Isaias diz que a causa é o coração insensível. A pessoa tem capacidade de se fechar e não ser capaz de ver, ouvir e compreender a semente da Palavra. Assim perde até o pouco que tem. Quem se abre receberá sempre mais em abundância. É o mistério da recusa à oferta de Deus. Jesus se entristecia com a dureza de corações e se alegrava porque os pequeninos acolhiam a Palavra. Os que acolhem são os discípulos, são a terra boa que produz fruto.
A palavra tem força de vida
O profeta Isaias compara a Palavra de Deus à chuva que cai do céu e faz a terra produzir. Esse texto é colocado junto à parábola do semeador para mostrar que a Palavra que é anunciada é como a chuva: realiza sua missão. Mas supõe que a terra seja aberta à semente e seja boa para produzir frutos abundantes. Jesus diz, em diversos momentos, que espera que se produzam frutos. Há uma esperança do semeador quando lança a semente. Há uma esperança em Jesus quando anuncia a Palavra. Mesmo diante da possibilidade de recusa, insiste em lançar a semente. O ouvinte pode pôr obstáculo e ser um “tipo de terra” que não é apta ao plantio. Jesus compara o coração humano a um caminho batido no qual a semente não pode sobreviver, pois é pisada. O maligno rouba a Palavra proclamada no coração. Compara à semente que caiu entre os espinho. São as preocupações que sufocam a Palavra. Compara ao terreno pedregoso que não tem profundidade. A palavra não vinga porque o sofrimento ou a perseguição levam à desistência. Por fim compara à terra boa. Como a semente, a Palavra produz fruto abundante. É o coração humano: cheio de surpresas e manias. Quanto mal pode fazer à Palavra lançada! A Palavra tem uma força interna que leva a cumprir a missão, mesmo que seja pouco. Recusar é sempre perder.
Terra do sofrimento
O coração humano passa por grandes sofrimentos. Quando a cruz pesa, pensamos que chegamos ao limite. Tanto a pessoa como toda a natureza sofrem e pedem o alívio que vem da Ressurreição de Jesus. O sofrimento da humanidade e do universo vem do pecado que nem sempre é pessoal. Somente a abertura ao Espírito que nos faz ouvir, ver e compreender, poderá conduzir à filiação definitiva e restaurar o universo para que seja a boa casa de todos os homens. Que nosso coração seja uma terra boa. Se a terra é boa, o sofrimento pode transformar-se em uma palavra que produz fruto.
Leituras: Isaias55,10-11; Salmo64;
Romanos 8,18-23; Mateus 13,1-23
Ficha:
1. Jesus fala,da barca, à multidão em pé na praia. Fala em parábolas. Usa a imagem do semeador que lança a semente. Há diversos tipos de terra que, pela falta de condições, não produzem bem. Mas a terra boa produz muito fruto. Os discípulos perguntam a Jesus porque fala em parábolas. Aqui temos o mistério do fechamento. Diz: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino de Deus, mas a eles não é dado ... Porque olhando não vêem, ouvindo não escutam nem compreendam” (Mt 13,10-12). O coração é insensível. A dureza dos corações entristecia Jesus.
2. Jesus usa a comparação da semente que é lançada. A liturgia entende o texto tendo ao lado Isaias 55,10-11: Compara a Palavra à chuva que vem do céu para fazer a terra produzir. Leva a efeito sua missão completa. A Palavra de Jesus tem uma força interna que faz produzir, mesmo em terra inóspita, mesmo que seja pouco.
3. A vida traz muitos sofrimentos. Quando a cruz pesa, pensamos ter chegado ao limite. A natureza e a pessoa sofrem. Tanto sofrimento provém do pecado que nem sempre é pessoal. Somos vítimas. Somente o Espírito pode nos fazer ver, ouvir e compreender a mensagem de Jesus. Mesmo o sofrimento pode se transformar em uma palavra que produza frutos.
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