PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Em nosso batismo, através de um rito simbólico, somos mergulhados na Santíssima Trindade. Batizar significa mergulhar. Mais que um corpo que está dentro de uma imensidão, mais que uma esponja que fica toda embebida da água onde está mergulhada, é semelhante a uma gota d’água lançada num oceano. Fazemos parte. Não perdemos nossa identidade, mas vivemos a mesma vida, com o Pai, Filho e Espírito que são um só Deus em três Pessoas e não perdem sua identidade, assim, por comparação participamos desta vida divina, como filhos que tem a vida que os pais lhes deram. O batismo nos dá a “graça santificante”, isto é, a vida divina. Assim escreve S. João: Deus nos deu a vida eterna e esta vida está em seu Filho” (1ªJo 5,11). Deus mora em nós e nós moramos em Deus. “Quem me ama, meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,26). Deus faz sua habitação em nós. Esta habitação de Deus em nós ocupa o centro, transforma a pessoa e cria nela uma fonte de dinamismo santificador. As obras que fazemos saem de nós como de uma fonte. “Que crê em mim, do seu interior brotarão rios de água viva” (Jo 7,28). A habitação da Trindade constitui o princípio mais sólido da via espiritual. A espiritualidade não é fazer coisas ou dizer rezas, mas ser habitado pela Trindade e viver nela. Esta vida é comunhão. É participação da vida divina com Pai, Filho e Espírito Santo. João escreve: “nossa comunhão é com o Pai e com o Filho (1ª Jo 1,3). Somos colocados nesta comunidade de amor e na participação de sua vida. É nossa santificação. Paulo diz: “Cristo vive em mim”. O Espírito habita em nós (1ª Cor 6,19). João usa a palavra amor: Deus é amor, quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16).
Esta é nossa deificação.
Pedro escreve: “Ele nos tem dado suas preciosas promessas, para que por elas vos tornásseis participantes da natureza divina” (2ªPd 1,14). A presença divina diviniza-nos e deifica-nos. Por ela participamos do que Deus é, do seu ser, e criamos comunhão de amor e conhecimento. Podemos até provar isso: por que explicamos coisas de Deus que ninguém nunca nos ensinou? Deus age em nós sem que a gente o perceba. Quando conhecemos podemos ter maiores resultados em nossa vida espiritual que se torna transformante para o mundo. É como a saúde do corpo. Não basta curar os males, é preciso, sobretudo, promover a saúde. Na espiritualidade é preciso o cuidar da saúde espiritual.
Mútua entrega de um amor e acolhimento.
A vida da Trindade em nós possui o mesmo movimento vital que Ela possui em si. O que há na Trindade é entrega e acolhimento. O Espírito coloca-nos neste círculo amoroso. Vivemos na dimensão humana o que é vivido na dimensão divina. Este amor é entrega e acolhimento, como em Jesus. Assim podemos compreender a redenção da humanidade. Não é só perdoar o pecado, mas principalmente abrir-nos à comunhão de amor da Trindade. Recebemos o amor e a capacidade de retribuir o amor a Deus e expandi-lo aos outros. Vemos assim que a espiritualidade se fundamenta em uma vida que se transforma em atos. Doando-nos e acolhendo estamos realizando a espiritualidade que tem como fonte a Ssma Trindade. Em Deus nos movemos e existimos (At 17,28)
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2004
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