Evangelho segundo São Mateus 25,1-13.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: «O Reino dos Céus pode comparar-se a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, foram ao encontro do esposo.
Cinco eram insensatas e cinco eram prudentes.
As insensatas, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo,
enquanto as prudentes, com as lâmpadas, levaram azeite nas almotolias.
Como o esposo se demorava, começaram todas a dormitar e adormeceram.
No meio da noite, ouviu-se um brado: "Aí vem o esposo; ide ao seu encontro".
Então, as virgens levantaram-se todas e começaram a preparar as lâmpadas.
As insensatas disseram às prudentes: "Dai-nos do vosso azeite, que as nossas lâmpadas estão a apagar-se".
Mas as prudentes responderam: "Talvez não chegue para nós e para vós. Ide antes comprá-lo aos vendedores".
Mas, enquanto foram comprá-lo, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial; e a porta fechou-se.
Mais tarde, chegaram também as outras virgens e disseram: "Senhor, senhor, abre-nos a porta".
Mas ele respondeu: "Em verdade vos digo: não vos conheço".
Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona(norte de África),
doutor da Igreja
Sermão 93
«As virgens levantaram-se todas e
começaram a preparar as lâmpadas»
«No meio da noite, ouviu-se um brado». Este brado é aquele de que fala o apóstolo Paulo: «Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final -- pois a trombeta soará --, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados»(1Cor15,52). E que aconteceu depois de se ouvir este brado, que soará a meio da noite? «As virgens levantaram-se». Que quer isto dizer? O próprio Senhor no-lo explica: «É chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos hão de ouvir a sua voz e sairão» (Jo 5,28).
Que querem dizer estas palavras: «Não levaram azeite consigo»? «Consigo» quer dizer no seu coração. As virgens insensatas, que não levaram azeite, procuravam agradar aos homens pela sua continência e as suas boas obras, simbolizadas pelas lâmpadas; e, como o motivo das suas boas obras era agradar aos homens, não levaram azeite. Vós, porém, levai azeite convosco; levai-o no vosso interior, onde penetra o olhar de Deus; trazei aí o testemunho de uma boa consciência. Se evitais o mal e fazeis o bem para recolher lisonjas dos homens, não tendes azeite na vossa alma.
Antes de estas virgens terem adormecido, não está dito que as suas lâmpadas estivessem apagadas. As lâmpadas das virgens prudentes brilhavam com vivo fulgor, alimentadas pelo azeite interior, pela paz da consciência, pela glória secreta da alma, devido à caridade que a abrasa. As lâmpadas das virgens insensatas também brilhavam. E porquê? Porque a sua luz era mantida pelos louvores humanos. Quando se levantaram, isto é, na ressurreição dos mortos, começaram a pegar nas lâmpadas, ou seja, a preparar as contas que deviam prestar a Deus pelas suas obras. Mas, nessa altura, já não haverá ninguém para as elogiar. Elas tentarão, como sempre tinham feito, brilhar com o azeite alheio, viver das lisonjas dos homens: «Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão a apagar-se».
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