Evangelho segundo São João 6,60-69.
Naquele tempo, muitos discípulos, ao ouvirem Jesus, disseram: «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?».
Jesus, conhecendo interiormente que os discípulos murmuravam por causa disso, perguntou-lhes: «Isto escandaliza-vos?
E se virdes o Filho do homem subir para onde estava anteriormente?
O espírito é que dá vida, a carne não serve de nada. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida.
Mas, entre vós, há alguns que não acreditam». Na verdade, Jesus bem sabia, desde o início, quais eram os que não acreditavam e quem era aquele que O havia de entregar.
E acrescentou: «Por isso é que vos disse: ninguém pode vir a Mim, se não lhe for concedido por meu Pai».
A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele.
Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?».
Respondeu-Lhe Simão Pedro: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Encíclica «Ecclesia de Eucharistia»,
§§ 18-19
«Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue tem a vida eterna» (Jo 6,54)
Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa de esperar pelo Além para receber a vida eterna: já a possui na Terra, como primícias da plenitude futura, que envolverá o homem na sua totalidade. De facto, na Eucaristia também recebemos a garantia da ressurreição do corpo no fim do mundo: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6,54). Esta garantia da ressurreição futura deriva do facto de a carne do Filho do Homem, dada em alimento, ser o seu corpo no estado glorioso de ressuscitado. Pela Eucaristia, assimila-se, por assim dizer, o «segredo » da ressurreição. Por isso, Santo Inácio de Antioquia definia adequadamente o pão eucarístico como «remédio de imortalidade, antídoto para não morrer» (Carta aos Efésios,20).
A tensão escatológica suscitada pela Eucaristia exprime e consolida a comunhão com a Igreja celeste. Não é por acaso que, nas anáforas orientais e nas orações eucarísticas latinas, se lembra com veneração Maria sempre Virgem, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, os anjos, os santos apóstolos, os gloriosos mártires e todos os santos. Trata-se dum aspeto da Eucaristia que merece ser assinalado: ao celebrarmos o sacrifício do Cordeiro, unimo-nos à liturgia celeste, associando-nos àquela multidão imensa que clama: «A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro» (Ap 7,10). A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de Céu que se abre na Terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho.
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