Evangelho segundo São João 15,1-8.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto.
Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim.
Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.
Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.
A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos».
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade(1858-1923)
«Instrumentos de boas obras»
«Permanecei em Mim e
Eu permanecerei em vós»
Qualquer que seja a etapa onde se encontra a alma, o seu trabalho nunca é senão um trabalho de colaboração. A alma não está só: Deus trabalha nela e com ela; Ele é sempre o primeiro autor dos seus progressos.
Certamente que, nos começos, quando ainda se encontra tolhida por vícios e más atitudes, a alma tem de se aplicar com virilidade e ardor a retirar os obstáculos que se opõem à união divina. A colaboração que Deus lhe pede neste período é especialmente grande e ativa, e revela-se com especial vivacidade à consciência. Durante este período, Deus concede graças sensíveis que elevam e encorajam; mas a alma experimenta alternativas, vicissitudes interiores: cai e levanta-se, sofre e descansa, retoma o fôlego e recomeça.
À medida que a alma avança e supera os obstáculos, a sua vida interior vai-se tornando mais homogénea, mais regular, mais unida, e a ação de Deus faz-se sentir com mais intensidade, porque tem mais liberdade para se exercer, encontra menos resistência e mais disponibilidade na alma; começamos então a progredir rapidamente no caminho da perfeição. Nosso Senhor deu-nos claramente esta doutrina fundamental: «Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer». Imaginar que Cristo fará todo o trabalho é uma ilusão perigosa; mas julgar que podemos fazer alguma coisa sem Ele é uma ilusão não menos perigosa. Devemos, pois, estar convencidos de que as nossas obras só têm valor em razão da nossa união a Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário