Evangelho segundo São João 11,19-27.
Naquele tempo, muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte do irmão.
Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa.
Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido.
Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá».
Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará».
Marta respondeu: «Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia».
Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá;
e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?».
Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Beato
John Henry Newman (1801-1890)
teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «The tears of Christ at the grave of Lazarus»
«Disse-Lhe Marta: "Acredito, Senhor."»
Cristo veio ressuscitar Lázaro, mas o impacto desse milagre tornou-se a causa imediata da sua prisão e crucifixão (cf Jo 11,46s). [...] Ele sentiu nitidamente que o preço a pagar por Lázaro voltar à vida era o seu próprio sacrifício: sentiu-Se descer ao túmulo de onde teve de tirar o amigo; sentiu que , para Lázaro viver, Ele próprio tinha de morrer. As aparências inverter-se-iam: haveria um festim em casa de Marta (cf Jo 12,1s) e a Páscoa da tristeza seria dele. Jesus conheceu e aceitou totalmente essa inversão: Ele tinha vindo do seio de seu Pai para resgatar com o seu sangue todos os pecados dos homens e fazer sair do túmulo todos os crentes, como fez com seu amigo Lázaro; para fazê-los voltar à vida, não durante algum tempo, mas para sempre. [...]
Face à amplitude do que pretendia fazer nesse ato de misericórdia único, Jesus disse a Marta: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá.» Façamos nossas estas palavras de consolo, quer perante à nossa própria morte, quer perante a morte dos nossos amigos: onde houver fé em Cristo, aí estará Ele em pessoa. «Acreditas nisto?», perguntou Ele a Marta. Quando um coração pode responder como Marta: «Acredito, Senhor», Cristo torna-Se misericordiosamente presente nele. Ainda que invisível, Ele está lá, junto do leito de morte e do túmulo, quer sejamos nós a agonizar, quer sejam os nossos entes queridos. Que o seu nome seja bendito! Nada nos pode tirar essa consolação. Pela sua graça, temos tanta certeza de que Ele está ali, com todo o seu amor, como se O víssemos. Depois da nossa experiência do que aconteceu a Lázaro, não duvidaremos um instante sequer de que Ele está cheio de atenções para connosco e de que está ao nosso lado.
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