PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
“Aliança do coração”
Se o
grão de trigo não morre
Na
Santa Ceia, Jesus instituiu a Eucaristia para ser Memória de sua Morte e
Ressurreição. (Memória não é lembrança. É atualização do mesmo fato). Naquele
momento, tomando o cálice, disse: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue,
o sangue da aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados” (Mt 26,27). Uma
aliança tem um ritual de sacrifício, como podemos ver nas alianças do Antigo
Testamento. O sangue do sacrifício selava o contrato – aliança de Deus com o
homem. Deus sela a aliança conosco no sangue de Jesus. O profeta Jeremias
anuncia uma aliança de mútua fidelidade, pois está escrita no coração, porque
se conhece o Senhor. “Não será necessário ensinar mais seu próximo ou seu irmão
dizendo: Conhece o Senhor” (Jr 31,34). Com essa aliança no sangue de Jesus, acontece o
perdão. Ele, explicando que por sua morte dá a vida, faz a comparação com a
semente que tem que morrer para dar fruto. Essa parábola ensina que é preciso
entregar a vida: “Quem se apega a sua vida perde-a; mas quem pouca conta faz de
sua vida nesse mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,25). Por sua obediência ao Pai,
se tornou causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb 5,8-9). Ao ser
elevado da terra, na crucifixão, vai atrair todos a Si. A morte não encerra a
vida de Jesus. O efeito dessa aliança é eterno. Não há que temer em seguí-Lo: “Se
alguém Me quer seguir, siga-Me, e onde Eu estou estará também o meu servo” (Jo 12,26). Não temos
que temer as muitas mortes que temos que ter na vida. Elas são motivo de vida e
mantêm a aliança.
Caridade
da cruz
A oração da missa nos ajuda a rezar uma realidade
muito importante para nossa vida cotidiana: “Senhor nosso Deus, dai-nos, por
vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a
entregar-Se à morte no seu amor pelo mundo”. A obra da Redenção não é somente o
resultado de uma recusa por parte dos chefes do povo, mas é também uma escolha de
como entendia ser Redentor. Para Ele redimir, era amar. A caridade que o Pai usou ao enviar seu Filho
ao mundo, é o modo como escolheu para realizar esta obra. O modo de redimir
amando vem de seu amor ao Se encarnar. A obra da encarnação e da redenção é
realizada no amor. Sto. Afonso, ao falar da Eucaristia, diz que ela é memória
do amor que Cristo manifestou em sua morte na Cruz. Seu ensinamento é perder
para ganhar. O seguimento de Jesus só vai acontecer quando realizarmos em nós o
seu projeto de vida: “Se alguém Me quer seguir, siga-Me, e onde Eu estou,
estará também meu servo” (Jo
12,26). Seguindo Jesus refletimos sua imagem.
Oração
sempre é ouvida
O
sofrimento é uma questão muito séria e mal compreendida na vida cristã. Dizemos
que estamos sofrendo e Deus não escuta nossa oração. Alguns ainda têm a ousadia
de dizer que não rezamos bem, por isso Deus não nos escuta. É Jesus mesmo que
nos dá a resposta a essa questão, pois Ele, vivendo a condição humana passou
por muitos sofrimentos, sobretudo no final de sua vida. Vimos na dolorosa cena
do Horto das Oliveiras na qual Jesus implora ao Pai em “preces e súplicas com
forte clamor e lágrimas à que era capaz de salvá-Lo da morte”. Sofrimento
terrível. “E foi atendido”. Na cruz
lamentou o abandono. Foi atendido na Ressurreição. “O Pai sabe o que precisais,
antes que vos o peçais”(Mt
6,8). Nem sempre esperamos as respostas ou só queremos as respostas como
pensamos e não como Deus pensa o melhor para nós. Sua oração é sempre boa.
Leituras: Jeremias 31,31-34;Salmo 50; Hebreus 5,7-9;João 12,20-30
1. Deus
sela aliança conosco com o sangue de Jesus. Assim nos salva.
2. A
redenção é uma obra do amor de Jesus.
3. Deus
sempre atende nossas orações no sofrimento. Como Ele quer.
Cartilha do Amor
Há muitos modelos. Mas só uma
cartilha ensina tudo: viver e morrer. Essa cartilha é a vida de Jesus. Vimos
como soube explicar bem que a vida tem que perder muito para viver muito.
Perder é deixar fora o que não resolve e ficar com o essencial que é o amor.
A gente fala de amor, como uma
mania. Jesus não tinha mania de dizer, mas o jeito de fazer. Faz até uma comparação com a semente que
produz vida e planta só depois que deixa de ser semente.
Quem quiser acertar o passo com Ele
tem que fazer como fez: onde estou estará também meu servo. Deus quis seu Jesus
assim. Assim nos quer também.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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