A História prima em mostrar heróis, aqueles que foram capazes de
realizar grandes tarefas. Deste modo esconde sob o manto do desconhecimento as
enormes massas de população que foram os verdadeiros heróis que construíram a
História. Mesmo no campo religioso, esta ironia se repete. Alguns poucos são os
que dão nome a seu tempo. A multidão de fiéis dedicados desaparece. Não negamos
o valor do santo. Mas este povo humilde foi sustentáculo da fé e o promotor da
vida da comunidade. Foi anunciador da Vida Nova através do testemunho
silencioso que era a Palavra viva. É certo que os heróis espirituais, os
santos, são o testemunho acabado, o estímulo e o modelo para todos. Contudo,
não podemos deixar de lado aqueles que são os grãos de areia que sustentam o
edifício do mundo e da Igreja. A História que nos narram foi construída só
pelos heróis, pelos que massacraram povos e pelos dominadores. Não vemos o
verdadeiro sangue que sustentou e deu vida. Essa fragilidade é a força do
mundo. Ainda hoje vemos esse absurdo. É missão das Igrejas e da sociedade dar
valor a esse povo. A força dos fracos está na sua união e na capacidade de os
“heróis – os grandes do mundo” de se fazerem seus defensores. O mesmo se refere
à Igreja, e às religiões, que só serão grandes quando derem aos fracos o
direito de conhecer a verdade sem dominação e de serem eles protagonistas. O
modelo que temos visto é de dominação e desconhecimento da força do povo de
estabelecer o Reino de Deus em todos os lugares.
I342.
O humano por inteiro
Quando refletimos sobre os direitos
das pessoas, temos que pensar que a pessoa é um todo. Ninguém é só corpo ou só
mente ou só alma. Todos têm direito ao crescimento integral, desenvolvendo
todas as dimensões. Temos visto pelo mundo um descuido brutal dos valores
espirituais. Graças a Deus melhora sempre mais a atenção para a dignidade das
pessoas para terem seus direitos fundamentais respeitados. Infelizmente
defendem somente aquilo que um dia termina. A vida espiritual é deixada de
lado. Isso acontece justamente onde se tem mais condições de vida, de saúde e
de formação. Formamos pessoas incompletas, dizemos grosseiramente, deficientes.
É certo que temos que melhorar muito o modo de apresentar a fé. Não se trata de
mudar a fé, mas apresentar o que ela é de fato. Muito se perdeu por desviar o
foco da fé dando mais valor ao exterior.
1341.
Caminhos novos
Está na moda agora a palavra
reformar a Igreja. O povo de Deus (Igreja) está sempre em reforma. Se a prática
da fé se envolver com os poderes do mundo tanto político, econômicos, sociais
etc... ela perde seu vigor e força de transformação. Se vivermos bem a fé
haverá choque com forças do mal. Jesus já anunciou isso através de sua própria
vida como vemos nas tentações que O assaltaram. O mal tira o verdadeiro sentido
das realidades humanas como os bens materiais, o poder e o prazer. Tudo é bom,
mas no egoísmo. Por isso Jesus ensina o amor e o serviço ao próximo. Tudo o que
ensinou está dentro desta verdade. Isso vai ser realizado com humildade. O amor
é sair de si, deixar de lado o egoísmo e pensar nos outros. O pecado original,
aquele que gera os outros pecados está funcionando até hoje nesse egoísmo de
amar a si e não sair de si pelo bem dos outros. Vemos que os verdadeiros heróis
da humanidade foram os que se despojaram pelo bem dos outros. Isso é a
santidade. Isso é ser completo. Essa fraqueza é sua força.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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