Evangelho
segundo S. João 12,1-11.
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia
Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que
estavam à mesa com Jesus. Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os
pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos; e a casa encheu-se com o perfume do
bálsamo. Disse então Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que havia de entregar
Jesus: «Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para dar aos
pobres?» Disse isto, não porque se importava com os pobres, mas porque era ladrão e,
tendo a bolsa comum, tirava o que nela se lançava. Jesus respondeu-lhe: «Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume para o dia
da minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco; mas a Mim, nem sempre Me tereis». Soube então grande número de judeus que Jesus Se encontrava ali e vieram, não
só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Ele tinha ressuscitado
dos mortos. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes resolveram matar também Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense,
doutor da Igreja
10.º sermão sobre o Cântico dos Cânticos
«A casa encheu-se com o
perfume do bálsamo»
«O aroma dos teus perfumes é requintado»,
lê-se no Cântico dos Cânticos (1,3). Distingo ali várias espécies [...]: o
perfume da contrição, o da piedade e o da compaixão. [...] Há, pois, um primeiro
perfume que a alma compõe para seu próprio uso quando, apanhada numa rede de
numerosas faltas, começa a refletir sobre o seu passado. Reúne então, no
cadinho da sua consciência, para os juntar e esmagar, os múltiplos pecados que
cometeu; e, na fornalha do seu amor ardente, fá-los cozer no fogo da penitência
e da dor. [...] É com este perfume que a alma pecadora deve cobrir os inícios
da sua conversão e ungir as chagas recentes; porque o primeiro sacrifício que
se há de oferecer a Deus é o de um coração arrependido. Enquanto a alma, pobre
e miserável, não possuir com que compor um unguento mais precioso, não deve
neglicenciar preparar aquele, ainda que o faça com vis
matérias-primas. Pois Deus não desprezará um coração que se humilha na
contrição (Sl 50,19). [...] Aliás, esse perfume invisível e espiritual não poderá paracer-nos de fraca
qualidade, se compreendermos que ele é simbolizado pelo pefume que, segundo o
Evangelho, a pecadora deitou sobre os pés do Senhor. Com efeito, lemos que «a
casa encheu-se com o perfume do bálsamo». [...] Lembremo-nos do perfume que
invade toda a Igreja no momento da conversão de um único pecador; todo o
penitente que se arrepende torna-se para a multidão como que um odor de vida
que a desperta. O aroma da penitência sobe até às moradas celestes, uma vez
que, segundo a Escritura, o arrependimento de um só pecador é uma grande
alegria para os anjos de Deus (Lc 15,10).
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