PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
1336.
Oração pelos mortos
A morte sempre nos incomoda, mesmo sabendo que
é natural morrer. Não há palavra que mude nosso interior, por mais fé que
tenhamos. Mas foi Deus que fez assim para que nada superasse o dom da vida. É
uma passagem difícil, sobretudo para quem fica. Há uma tradição de rezar pelos
mortos nas mais diversas culturas. Por isso temos a tradição da oração pelos
moribundos e pelos mortos. Como o pós-morte nos é humanamente obscuro, pela fé
sabemos que estamos unidos aos que partiram, pois nos encontramos em Deus. As
culturas procuram resolver essas questões com os rituais pelos mortos. Hoje
temos a cultura de ir ao cemitério em determinados dias. Há homenagens
prestadas através das flores, velas acesas, belos túmulos, fotos, celebrações
de datas etc... Se não se acreditasse na vida após a morte os povos não teriam
os belos ritos de sepultura e a consciência de nossa união da união com os
falecidos. Tudo é sinal que cremos na ressurreição. Na Igreja temos, em
consonância com a fé na Ressurreição, uma compreensão da morte que não exclui a
condição humana, mas a eleva à união a Cristo morto e ressuscitado. A Igreja
sempre teve grande veneração pelos falecidos em Cristo, pois crê que participam
de sua Glória. Cremos igualmente que podemos estar próximos e em um contato
espiritual. As pessoas não deixaram de existir, mudaram sua condição.
1337.
Por que rezamos pelos mortos?
O que justifica a oração pelos mortos é a fé que formamos um só Corpo
com Cristo. O Catecismo da Igreja explica a fé no Purgatório apoiando-se na
Escritura e na Tradição que falam da purificação (não se trata questão de tempo
e lugar), mas do existir. Diz no nº 1030 “Os que morrem na graça e amizade de
Deus e não estão completamente purificados, embora tenham a garantia de sua
salvação eterna, passam após a morte por uma purificação a fim de obterem a
santidade necessária para entrarem no céu”. É o que chamamos de Purgatório. A Escritura
ensina sobre a prática da oração pelos defuntos: “Eis por que ele, Judas Macabeu,
mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de
que fossem absolvidos do seu pecado (2Mac 12,46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a
memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício
eucarístico (Dz 856),
a fim de que, purificados eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A
Igreja recomenda também as esmolas, as indulgência e as obras de penitência em
favor dos defuntos (C 1032).
S. João Crisóstomo afirma: “Levemos-lhes socorros e celebremos sua memória. Se
os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5) por que
duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortes lhes leva alguma consolação?
Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por
eles”. Lembremos o que diz Mãe de Santo
Agostinho: “Peço que vos lembreis de mim no altar do sacrifício”. Já era uma
prática antiga que se tornara popular.
1338.
Ganhemos nosso futuro
A
Igreja, quando reza, reza por todos os falecidos. Já vemos isso nas catacumbas.
O que se torna arte é porque já é uma cultura de um ensinamento arraigado.
Lembremo-nos também da necessidade de cultivar a oração pelos mortos para que
sejam purificados. Temos a esperança de um dia, depois de nossa morte, participar
de tal caridade. Não poderemos merecer por nós mesmos, os outros rezarão por
nós. Em Cristo nós nos ajudamos pela caridade maior da oração. A oração é por
todos mesmo sem citar os nomes. Não há alma abandonada ou vagando. Todos somos
e estamos no corpo de Cristo.
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