Como
o tempo passa rápido, chegamos novamente a uma nova etapa do Ano Litúrgico que
é o Temo Comum, ou Tempo Ordinário. Vivemos nesse tempo uma espiritualidade
litúrgica própria que tem uma extensão de 33 semanas, com a interrupção do Tempo
Pascal e sua preparação, a Quaresma. A Páscoa tem calendário próprio, não
civil, por isso há variações no calendário. Páscoa e Natal são chamados tempos
fortes. Este Tempo Comum é, fortíssimo pelo tempo que utiliza e pela dimensão
teológica que lhe é própria. Nos tempos fortes de Páscoa e Natal celebramos um
mistério determinado da vida de Jesus. No Tempo Comum podemos seguir a linha
completa de um evangelista que nos apresenta a vida de Jesus e uma síntese
catequética muito ampla com seu evangelho. Passamos, em três anos, pelos três
evangelistas sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas. Sinótico significa que os
evangelistas têm um mesmo esquema, colocando nele suas peculiaridades. Cada um
tem um esquema ao escrever o Evangelho. Não se contradizem na verdade, mas
mostram aspectos diferentes. O evangelho de João é lido por partes no correr do
ano. Se participarmos das celebrações podemos ler, no arco de três anos, 90% da
Escritura. Na leitura semanal, lemos os mesmos evangelistas durantes um ano e
os textos do Antigo Testamento e as Epístolas, de dois em dois anos. A meta do
Tempo Comum é o crescimento dos fiéis ao celebrarem. A missa tem uma função
pedagógica de ensinar também a função mistagógica, isto é, ir introduzindo no
mistério, conduzidos pelo Espírito e ajudados pela comunidade celebrativa. Há
um aspecto que pode nos admirar: a primeira leitura, nos domingos, sempre tem
uma ligação com o Evangelho. E o Salmo faz uma interpretação orante da primeira
leitura. A segunda leitura, não tem ligação direta (pode ter, mas não é
intencional) com os outros dois textos. Por que? Para não ter o problema do
missal anterior, de Pio V, que engavetava a Palavra em temas que se repetiam
todos os anos. Assim, abre-se um espaço maior para a reflexão da Palavra.
1057.
Acolher a Graça
A
antífona da comunhão tem uma riqueza especial (totalmente esquecida nas
celebrações) de transportar a Palavra anunciada para a Palavra tornada Pão. Sempre
procuro ler este texto na celebração. São jóias preciosas. Assim podemos
acolher a Palavra com maior intensidade. A meta da riqueza da Palavra de Deus
proclamada é acolher a Graça da Palavra que salva e também nos julga. É
terrível perceber como não estamos ligados em ouvir a Palavra. Passa
desapercebida. O que fomos fazer na celebração? Não temos o hábito de ouvir. Por
isso é muito bom dedicarmo-nos mais à Palavra para ouvir Cristo, pois é Ele
quem fala quando se leem as Escrituras na celebração.
1058.
Viver a Graça
Esta Palavra não é só um texto
intelectual de grande valor, mas é um caminho para a vida. “Quem ouve a Palavra
e a põe em prática é como o homem que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a
chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra a essa, mas ela
não caiu, porque estava alicerçada na rocha” (Mt 7,24-27). Há um modo muito prático para
acolher bem a Palavra: Reviver o sentimento de quem a escreveu, na realidade
que o texto traz. Trata-se de apropriar-se do conteúdo e de quem acolheu e nos
transmitiu esta Palavra. Mais ainda: unir-se ao Cristo que é a Palavra Viva que
se expressa em palavras de vida. Não percamos nossas celebrações.
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