PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Felizes sereis
O
evangelho de Lucas proclama, neste domingo, as quatro bem-aventuranças. Lucas
resume o texto de Mateus que apresenta oito. O termo bem-aventurado ou feliz usado
por Jesus, nós o encontramos no salmo primeiro que é a síntese de todo o
saltério: “Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos
perversos; que não entra no caminho dos malvados” (Sl 1,1). Importante é confiar no Senhor.
Isto é ser pobre. Felizes os pobres! Deus tem atitudes de libertação e de
socorro dos humildes, como se revela na libertação do Egito, no socorro dos
humilhados e perseguidos da história do povo. No canto de Ana (1Sm 2,1ss) e de Maria
(Lc 1,51-53) encontramos
a proclamação: os pobres enriquecem e os ricos passam fome. É esse o projeto de
Deus? Como devemos entender? A riqueza escorre entre os dedos, como lemos na
parábola do rico (Lc
12,19). O que nos faz pobres,
como quer Jesus, é a riqueza que se
torna socorro dos pobres, com lemos no texto do juizo final (Mt 25,34-43). O mundo
moderno é rico, mas não entende que sua riqueza é para tomar a atitude de Jesus
que se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza (2Cor 8,9). Assim temos as demais
bem-aventuranças da fome que será saciada, da lágrima enxugada e da perseguição
vencida. Não podemos entender o termo pobre como aquele que passa necessidades,
ou que é feito assim pelos outros, pois Jesus veio para tirá-los desta situação
de sofrimento. Veio dar a boa-notícia aos pobres (Lc 4,18ss). Ser pobre não está nos planos de
Deus para nós. O que Jesus chama de pobre? São os que se fazem pobres para dar
vida aos pobres. Esse é feliz porque assume a mesma condição de Jesus. Maria
não quis dizer que os pobres iriam ficar ricos para oprimirem. D. Helder
explica; “Nem pobres, nem ricos, mas todos irmãos”.
Ser infeliz
Lemos em Lucas o texto
que mostra a desgraça de quem não têm o espírito das bem-aventuranças: “Ai de
vós ricos, porque já foram consolados; Vós que agora tendes fartura, porque
passareis fome... que agora rides, porque chorareis”. Não é uma vingança de
Deus. É própria situação que, inconsistente como palha levada pelo vento, busca
o caminho que leva à morte (Sl 1). A situação do homem bem-aventurado se opõe ao perverso
que não tem consistência. O profeta compara o justo e o injusto com a árvore. Plantada
à beira d’água a árvore mantém-se verde e dá frutos. O ímpio é como uma planta
plantada no seco. A Escritura se pergunta por que o rico injusto prospera e o
justo fiel não vai para frente. É o tema da retribuição que nos questiona
também. O salmo reza: “São como o rebanho destinado ao abismo, que a morte os
leva a pastar” (Sl
49,15-16).
Crer na ressurreição
A
meta das bem-aventuranças é a vida e a ressurreição. Sem ela não encontramos
sentido para a vida cristã. Crer na ressurreição é crer que Jesus vive e que
viveremos com Ele, na medida em que fizermos de nossa vida um dom. Será um dom
quando formos pobres como Jesus. Isso é ressurreição. Só viveremos as
bem-aventuranças se acreditarmos em nossa ressurreição. A Ressurreição de Jesus
mostrou que a Vida tem valor superior a tudo e dá sentido a todas nossas opções
do dia a dia. Em cada Eucaristia, oferecendo os dons, mostramos nossa pobreza e
desapego. Jesus não quer a pobreza. Ele quer que, na fraternidade, consigamos a
felicidade, colocando o amor como critério maior.
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