PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
49.
Por que rezamos?
Na
reflexão sobre a espiritualidade como experiência de Deus, notamos a
necessidade de ter Deus como o outro de nossa vida, Aquele com o qual me relaciono.
Ele é alguém que “no Paraíso da vida” está em diálogo comigo. Ele fala ao meu
coração, à minha vida e me conduz com a voz tão boa, à altura do meu coração.
Como se justifica que podemos conversar com Deus? Ele é tão diferente de nós.
Não o vemos nem o apalpamos. Contudo está no mais íntimo de nosso íntimo. A
justificativa está na lógica divina da manifestação, da revelação que realizou
em seu Filho. Jesus é Homem-Deus, natureza divina e humana e uma pessoa. Nele
há um diálogo vital entre a divindade e a humanidade. Fazendo-se homem, o Filho
de Deus realiza diálogo permanente entre as duas realidades humana e divina. A
natureza humana foi elevada à dignidade de parceira total da divindade de
Jesus. Esta união íntima e para sempre é a razão da possibilidade de nosso
diálogo com o Pai, o que chamamos de oração. Em Jesus, movidos pelo Espírito
podemos dizer: Pai querido. Oração não é, em primeiro lugar, palavras que
ressoam mas palavras do Filho de Deus que ecoam em nós. O valor da oração está
nesta sua fundamental razão: participação da voz do Filho que fala a seu Pai
como seu Filho e como filho da natureza humana, gerado no seio de Maria.
50.
Jesus aprendeu a rezar
Jesus fazia parte de um povo que sabia rezar.
O povo hebreu, no decorrer de sua história, soube falar com Deus. Os patriarcas
e profetas foram homens de profunda experiência de Deus. O próprio povo, nas
suas andanças e nas lutas para sobreviver, soube colocar Deus como referência
de sua vida. Jesus, vivendo neste povo, cresceu como qualquer um de nós no
aprendizado de falar com Deus. O povo, com a fé na presença de Deus, tão à
altura da mão, soube entrar em diálogo com Ele. Assim, com as orações
cotidianas, unia os diversos momentos do dia e das atividades, ao Deus que
reconhecia como o único: “ Ouve, ó Israel, o Senhor é teu Deus, o Senhor é um.
Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração de toda a tua alma, com todas as
tuas forças ...” (Dt 6,4-9). Essas palavras ressoavam como um indicador de
vida. Repetiam-no 3 vezes ao dia. Com o tempo surgiu todo o sistema religioso
do templo recheado com o canto dos salmos e das outras Escrituras. Imaginemos
Maria e José introduzindo Jesus na oração de cada dia. Ele aprendeu bem pois em
toda a sua vida apostólica sabia tirar os momentos para o Pai e também sabia
fazer de suas atividades um momento de oração.
51. Natal, tempo de aprender
No tempo do Natal temos
uma oportunidade de além do Papai Noel, dos presentes e das festas, saber
consumir alguns momentos para contemplar o mistério da união da divindade com a
humanidade e saber-se unido a esta grandiosa e profunda realidade de nossa
vida. O Natal, podemos dizer, é nossa festa. É comemoração do que somos em
profundidade. Quando aprendermos estas realidades, seremos homens e mulheres de
oração. Com razão Jesus podia dizer: orai sem cessar, pois Ele o fez.
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