Evangelho segundo S. Mateus 17,1-9.
Naquele
tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles,
a um alto monte. Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como
o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Nisto, apareceram
Moisés e Elias a conversar com Ele. Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus:
«Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti,
uma para Moisés e outra para Elias.» Ainda ele estava a falar, quando uma
nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e uma voz dizia da nuvem: «Este é o
meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o.» Ao ouvirem
isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados. Aproximando-se deles, Jesus tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais
medo.» Erguendo os olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém. Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que
acabastes de ver, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.»
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São João Crisóstomo (c. 345-407),
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias
sobre o Evangelho de Mateus, n º 56; PG 58, 549
«Não conteis a ninguém o que acabastes de ver, até que o Filho do
Homem seja ressuscitado dentre os mortos»
Jesus Cristo conversou muito com os seus
discípulos acerca dos seus sofrimentos, da sua Paixão e morte, e predisse os
males que iria suportar e a morte violenta que um dia os faria sofrer (Mt
16,21-26). Foi por isso que, depois de lhes dizer coisas tão duras e tão
difíceis, tentou consolá-los evocando as recompensas que lhes daria quando
viesse na glória de seu Pai (v. 27). […] Quis mostrar-lhes com antecedência, na
medida em que eles eram capazes de o compreender nesta vida, a grande majestade
na qual estava para vir, impedindo assim a perturbação e a dor que os seus
apóstolos, especialmente Pedro, poderiam sentir perante a sua morte. […]
«Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João.» Porque tomou apenas esses
três apóstolos? Provavelmente porque eles excediam os outros: São Pedro por
causa de seu entusiasmo e do seu amor; São João porque era o discípulo que Jesus
amava (Jo 13,23), e São Tiago, porque dissera, com seu irmão: «Podemos [beber o
teu cálice]» (Mt 20,22), e porque manteve a sua palavra (Act 12,2). […]
Porque fez aparecer Moisés e Elias? […] Ele era constantemente
acusado de violar a Lei e de blasfemar, apropriando-Se de uma glória que não Lhe
pertencia, a glória do Pai.[…] Querendo pois mostrar que não violava a Lei e que
não Se atribuía uma glória que não Lhe pertencia, Jesus invoca a autoridade das
duas testemunhas mais irrepreensíveis: Moisés, que dera a Lei […], e Elias, que
fora abrasado de zelo pela glória e o serviço de Deus (1Rs 19,10). […] Além
disso, queria ensinar-lhes que era o senhor da vida e da morte, trazendo à sua
presença um homem que estava morto e outro que tinha sido transportado vivo numa
carruagem de fogo (2Rs 2,11). E queria revelar aos seus discípulos a glória da
sua cruz, consolar Pedro e os companheiros, que se sentiam atemorizados pela sua
Paixão, aumentar-lhes a coragem. Com efeito, Moisés e Elias falavam com Ele da
glória que haveria de receber em Jerusalém (Lc 9,31), ou seja, da sua Paixão e
da sua cruz, que os profetas sempre tinham apelidado de sua glória.
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